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Itapema FM  | 18/04/2014 15h42min

Em novo álbum, Jorge Drexler busca inspiração nos ritmos latinos

Mesmo com foco no ritmo, compositor mantém aspectos marcantes de sua obra – para o bem e para o mal

Alexandre Lucchese  |  Especial

Jorge Drexler já se apresentou como um rapaz calado e incapaz de dançar. Com Bailar en La Cueva, no entanto, o uruguaio tenta se reconciliar com as pistas.

Dez anos depois de dizer que tinha os "joelhos lerdos" na canção Dom de Fluir, o músico se aproximou de diferentes ritmos para criar as faixas de seu novo álbum, que acaba de chegar às lojas.

– A ideia era fazer um disco centrado no corpo, possível de dançar em quase sua totalidade. Trabalhei primeiro o groove, depois as harmonias, melodias e letras. Quem ficar atento perceberá que há canções com menos letras e acordes do que uso habitualmente – explica o compositor no material de divulgação do lançamento.

Do Brasil, país que costuma ter lugar garantido nos roteiros de turnê do compositor, Drexler conta com a participação especial de Caetano Veloso. O baiano divide com o músico uruguaio os vocais de Bolivia, uma cumbia sombria marcada pelo ritmo de um berimbau. Mas, apesar da proximidade com o Brasil, que já lhe rendeu outros parceiros, como Vitor Ramil e Arnaldo Antunes, foi na Colômbia que Drexler buscou recarregar sua latinidade. Parte das gravações ocorreu em Bogotá, cidade em que o músico pôde pesquisar novos ritmos e sonoridades antes de finalizar o álbum em Madri, na Espanha, onde reside.

O resultado é bastante diferente do disco anterior, Amar la Trama (2010), que tinha sonoridade mais homogênea. Os arranjos combinam de modo delicado a profusão de instrumentos e timbres, conseguindo alcançar frescor e estranheza, mas sem afastar o ouvinte menos tolerante a sonoridades imprevistas.

Mesmo com tantas novidades, Drexler mantém aspectos marcantes de sua obra – para o bem e para o mal. A economia no tamanho das letras não excluiu as construções poéticas originais, rendendo bons achados para os fãs. O pendor romântico do cantor percorre a maior parte das canções, e, ao final, a voz sempre comedida de bom-moço sorridente começa a soar cansativa.

Mais do que um disco dançante, o mergulho do uruguaio no mundo rítmico resultou em novas atmosferas para suas criações. É o que ocorre nas baladas La Noche No Es una Ciencia Exacta e Organdí, assim como nas densas Data Data e Bolivia, dois pontos altos. Trata-se de mais um álbum romântico e pop de Drexler, mas aponta a disposição do artista em se renovar.

Bailar en la Cueva
Jorge Drexler

Pop, Warner Music, 11 faixas, R$ 29,90 (CD, em média)
Cotação: 3 (de 5) estrelas

SEGUNDO CADERNO
Thomas Canet / Divulgação

Jorge Drexler tenta se reconciliar com as pistas de dança
Foto:  Thomas Canet  /  Divulgação


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