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Itapema FM  | 09/04/2014 08h58min

Filipe Mello é o sexto a assumir a Secretaria Estadual de Turismo, Cultura e Esporte em pouco mais de três anos

Secretário toma posse da SOL e acumula o cargo de presidente da Fundação Catarinense de Cultura em meio a crise no setor

Carol Macário  |  caroline.macario@diario.com.br

Em meio ao que se pode chamar de crise do setor cultural de Santa Catarina, com servidores em greve, projetos inconclusos ou atrasados e insatisfação da classe artística, mais um gestor assume a Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte (SOL) e a Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Filipe Mello é o sexto secretário em pouco mais de três anos e o terceiro presidente interino da FCC depois da saída de Joceli de Souza no ano passado.

Aos 33 anos, Mello é advogado especialista em direito administrativo e gestão pública. Entre os grupos ou artistas catarinenses que conhece, cita a Escola do Teatro Bolshoi e a Camerata Florianópolis. Ele diz ser um consumidor voraz de literatura e conta que tem conhecidos na Academia Catarinense de Letras (ACL). Sua experiência, porém, é mesmo em administração pública. Ele começou jovem: aos 23 anos foi secretário de Administração de Florianópolis. Na sequência assumiu a secretaria da Previdência da Capital, depois foi membro do Tribunal Tributário do Estado, secretário de Planejamento do Estado – entre 2011 e 2012 – e de Assuntos Internacionais, cargo que ocupa desde 2013. Na última quinta-feira passou a acumular os postos de secretário da SOL e presidente da FCC. Por telefone, Filipe Mello, concedeu entrevista ao DC. Confira os principais trechos da conversa.

Novo desafio
Foi um convite do governador. Estou no governo Colombo desde o começo. Sou fiel trabalhador, tenho relação boa e tranquila com ele. Sou um soldado para qualquer desafio. Comecei muito cedo na vida pública. Em relação ao acúmulo de funções, estou tranquilo. Sou bastante organizado. Pensei bastante antes se daria conta ou não do recado. Eu vivo intensamente aquilo que faço. Estou empolgado e ansioso, mas com os pés no chão. Já me reuni com importantes setores da cultura, turismo e esporte, tanto em conjunto como separadamente.

Papel da cultura
Uma das funções do poder público é ser um catalisador, propulsor da cultura. E a FCC desempenha papel fundamental nesse sentido. A Fundação, se tiver uma ação proativa, deve ter a postura de chamar diferentes frentes. Quero me aproximar muito dos servidores e da classe. O desenvolvimento cultural é fundamental. Tenho relação com órgãos e entidades culturais, não só como apoiador mas também como advogado. Tenho respeito e amizade, por exemplo, com membros da Academia Catarinense de Letras. Além do Carnaval, escolas de samba, blocos de rua, companhias teatrais. Tenho trabalho interessante com a Camerata Florianópolis, amizade com o maestro Jeferson Della Rocca. Sou um admirador da ópera no Estado.

Plano de ação
Sei o que vou fazer e a força de trabalho que vou empreender. Acima de tudo, quando sair da SOL, espero que tenha a capacidade de fazer com que ações fundamentais jamais sofram descontinuidade. Quero implementar ações que, no futuro, independentemente dos próximos secretários, não sofram problemas de descontinuidade. Estou inteirado de tudo (referindo-se a processos em andamento na Secretaria e na Fundação e projetos atrasados, como Memorial Cruz e Sousa e conclusão da reforma do CIC). Vou trabalhar forte para que os equipamentos culturais estejam em pleno funcionamento. Outras questões vou ter conhecimento a partir de agora. Mas estou mais focado no que vou fazer. Vi que cada secretário imprimiu a sua cara. Vou exercer a presidência da FCC interinamente e vou me dedicar. Mas entendo que, pelo tamanho da Fundação, é necessário um presidente.

Greve dos servidores da FCC e da SOL
Estou acompanhando as negociações feitas pelo secretário da Fazenda e, até semana passada, pelo Valdir Walendowsky. Espero que a partir de agora eu possa estabelecer uma boa relação com os servidores. Lutei muito pela valorização e respeito às competências técnicas dos servidores por onde passei. Espero que o processo de paralisação termine o quanto antes. Sei que o CIC não terá problemas de funcionamento dos espetáculos. Os servidores terão um grande amigo, um grande parceiro. Acompanhei desde o início o governador e vou lutar por eles. Vou assumir e me dedicar muito a essas situações (dívidas históricas do Estado com o setor cultural). A partir desta semana, a meta é fazer com que as ações possam ser concluídas para ontem. Eu tenho uma marca: onde coloco a mão, vou até o fim.

Consumidor de cultura
Sou frequentador. Recentemente, fui assistir à Camerata Florianópolis. Ao teatro neste ano ainda não fui, mas minha mulher também gosta muito, ainda mais do que eu. Costumo visitar exposições no CIC, por exemplo. Eu tenho também um acervo pessoal de coisas que compro aqui no Brasil e no mundo. Adoro ir a museus, exposições, cinema. Costumo ler entre três e cinco livros por mês. Neste momento estou lendo Churchill, o Jovem Titã, que fala da juventude do estadista britânico Winston Churchill (1874-1965).


O que diz o governador Raimundo Colombo

Para o governador Raimundo Colombo, “cultura não pode ser vista como algo apartado do governo”. Em sua gestão, no entanto, o setor vivencia uma crise com greve de servidores, projetos atrasados, insatisfação da classe artística e rotatividade na secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte (SOL) e Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Confira o que ele respondeu, em entrevista por e-mail, sobre as mudanças na SOL, a paralisação e as questões da área cultural em Santa Catarina.

Filipe Mello é o sexto secretário da SOL. Qual a razão de tantas mudanças? Elas não interrompem trabalhos em andamento?
A secretaria é uma agregadora das três áreas que têm uma relação entre si. Os projetos culturais não ficam comprometidos porque hoje a maior parte dos recursos investidos são destinados por meio de editais, um pedido antigo dos produtores culturais.

Qual o critério para escolha do nome para a secretaria?
Capacidade de gestão.

Qual a razão de o cargo ser as-sumido por gestores que têm pouca intimidade com a área cultural? Não seria melhor desmembrar a pasta, que dá conta ao mesmo tempo de Turismo, Cultura e Esporte?
Temos uma limitação fiscal (Lei de Responsabilidade Fiscal) a ser observada.

Está prevista a nomeação de um novo presidente para a FCC?
Filipe Mello acumula a secretaria e a FCC, que em breve terá novo presidente.

Os servidores da FCC e alguns da SOL estão em greve. Além das questões salariais, os funcionários apontam como causa “dívidas antigas do Estado com o setor cultural”. Qual o seu posicionamento sobre a paralisação?
As reivindicações precisam ser analisadas. Não é com uma greve que as coisas serão resolvidas. Sempre defendo a negociação, a conversa, o entendimento.

Qual o seu posicionamento sobre projetos que estão atrasados, como a conclusão da reforma do CIC, o Memorial Cruz e Sousa que foi inaugurado em 2010 e nunca aberto ao público, o Salão Victor Meirelles que está atrasado e a Biblioteca Pública com prédio sucateado?
O Governo do Estado investiu cerca de R$ 20 milhões na reforma do CIC. O Teatro Ademir Rosa é hoje um dos melhores do Brasil, com capacidade para abrigar grandes espetáculos. O Masc recebeu o devido tratamento com iluminação e climatização adequadas à preservação das obras. A sala de cinema ficou mais confortável e mantém ciclos de filmes que estão fora do roteiro comercial. A sala Lindolf Bell abriga exposições de artistas locais e de fora do Estado. A área das oficinas foi totalmente recuperada e estão em funcionamento diversos cursos que são frequentados por pessoas de todas as idades. A Diretoria de Difusão Artística está revendo o conceito do Salão para torná-lo mais abrangente. A Biblioteca Pública continua atendendo seus frequentadores.

Que peso e importância o setor cultural tem na sua gestão como governador de Santa Catarina?
O setor cultural não pode ser visto como algo apartado do governo. É preciso enxergar a cultura como algo que faz parte do dia a dia do cidadão catarinense. No interior do Estado o governo tem apoiado as feiras e mostras que além da produção agrícola e industrial também trazem o artesanato e gastronomia da região.

DIÁRIO CATARINENSE
Felipe Carneiro / Agencia RBS

Atraso na conclusão da reforma do CIC é um dos problemas herdados pelo novo secretário
Foto:  Felipe Carneiro  /  Agencia RBS


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