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Itapema FM  | 03/04/2014 16h37min

"A Gaiola Dourada" foi feito para agradar ao gosto médio do grande público

Diretor preferiu apostar, entre o humor e a melancolia daqueles que sonham com o retorno à terra natal, na facilidade sem risco das soluções previsíveis

Marcelo Perrone  |  marcelo.perrone@zerohora.com.br

A Gaiola Dourada é um exemplo além-mar daquele tipo de filme, ao mesmo tempo, tão popular e tão criticado no Brasil. Parece realizado para agradar ao gosto médio do grande público sem usar na receita nenhum tempero mais criativo. Os ingredientes são os recorrentes para estimular risos, lágrimas e a sensação de se sair do cinema enlevado com a "lição de vida"  a que se assistiu.

Deu resultado: a produção francesa, em cartaz em Porto Alegre, foi um fenômeno de bilheteria em Portugal e também fez grande sucesso na França, países representados na comédia que marca a estreia em longa-metragem do ator e diretor luso-francês Ruben Alves.

Alves dedica o filme a seus pais, o que sublinha o tom autobiográfico de A Gaiola Dourada. Eles estão espelhados nos personagens de Maria e José Ribeiro, vividos pelos atores lisboetas Rita Blanco e Joaquim de Almeida. Maria e José são imigrantes portugueses que vivem há 30 anos em Paris, têm um casal de filhos e moram em um prédio chique, onde ela é zeladora e faz-tudo, e ele, operário da construção civil, resolve todo tipo de problema.

Maria e José são orgulhosos do que fazem e do que conquistaram sempre dizendo sim a todos. A reviravolta em meio à resignação surge com a notícia de que José herdou uma fortuna do irmão que acaba de morrer. Para usufruí-la, porém, precisa voltar a viver em Portugal. A perspectiva da mudança desencadeia uma série de reações daqueles que orbitam ao redor do casal, de parentes que querem uma lasquinha da grana àqueles que dependem do trabalho caprichoso e voluntarioso da dupla, como os moradores do prédio e o chefe de José. Como fatores complicadores, a filha mais velha deles se enrosca justamente com o herdeiro do patrão do pai, e o caçula apaixona-se por uma colega de escola e diz que dali não sai.

Existe um grande tema nas entrelinhas de A Gaiola Dourada, que é a questão da imigração que tantos bons filmes europeus vêm retratando nos últimos anos. E é possível fazer graça com inteligência em tramas que reforçam como países ricos, a França em especial, recebem e tratam os estrangeiros que dão duro na base da pirâmide. Assim mostrou, por exemplo, o divertido longa francês As Mulheres do Sexto Andar (2010), também ambientado em um prédio de Paris, no qual trabalham imigrantes espanholas.

O diretor Ruben Alves parece conhecer intimamente o tema. Mas preferiu apostar, entre o humor e a melancolia daqueles que sonham com o retorno à terra natal, na facilidade sem risco das soluções previsíveis, dos personagens caricatos e dos desgastados estereótipos culturais, gastronômicos, musicais e até futebolísticos – este com uma insólita participação do craque lusitano Pauleta. Tudo para reforçar que estamos mesmo diante de uma casa portuguesa, com certeza.

 

A Gaiola Dourada
(La Cage Dorée)
De Ruben Alves. Com Joaquim de Almeida e Rita Blanco.
Comédia, França, 2013.
Duração: 91 minutos. Classificação: 10 anos.

Em cartaz no Espaço Itaú e GNC Moinhos.
Cotação: 2

ZERO HORA
pahté films / Divulgação

Produção foi um fenômeno de bilheteria em Portugal e também fez grande sucesso na França
Foto:  pahté films  /  Divulgação


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