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Itapema FM  | 31/03/2014 08h02min

Fernanda Takai solta a faceta de compositora em novo disco

Cantora do Pato Fu apresenta trabalho solo "Na Medida do Impossível", com canções próprias e parcerias

Alexandre Lucchese / Especial  |  alexandre.lucchese@zerohora.com.br

Em meio a uma tempestade de neve e com um urso à espreita, Fernanda Takai segue seu caminho com elegância e convicção. É assim que ela aparece na capa de Na Medida do Impossível, em alusão ao tempestuoso processo de gravação e repertório.

Foi com fôlego extra que a cantora e compositora gravou seu quarto álbum fora do Pato Fu. Além de conciliar pessoalmente a agenda de músicos e convidados especiais como Pitty, Samuel Rosa e Zélia Duncan, ela era a única assistente de produção de John Ulhoa, seu marido e companheiro de banda, no estúdio do casal – tudo ao mesmo tempo em que mantinha a rotina de mãe de uma filha de 10 anos.

– O disco foi todo feito na minha casa em Belo Horizonte. É tudo muito artesanal – diz ela, em entrevista por telefone desde São Paulo.

Nada disso fica aparente para o ouvinte: o disco tem som cristalino, apurado. Depois de 11 álbuns com o Pato Fu, dois discos dedicados ao repertório de Nara Leão (Onde Brilham os Olhos Seus e Luz Negra) e outro em parceira com Andy Summers (Fundamental), é a primeira vez que a cantora assina sozinha um álbum contendo composições suas. Com 22 anos de carreira, tinha receio de que expor suas músicas em um projeto solo pudesse prejudicar a banda, mas encontrou nos amigos uma solução para não esvaziar suas criações para o grupo:

– A ideia que eu tive foi chamar outras pessoas para comporem comigo. Há parcerias com Marina Lima e Marcelo Bonfá, entre outros.

Como Dizia o Mestre, sucesso na voz de Benito di Paula, teve arranjo inspirado na banda Cake. E Amar Como Jesus Amou, de Padre Zezinho, ganha forma de trilha sonora de videogame – esta foi a única canção finalizada fora do estúdio de Fernanda e John, sob a tutela do produtor japonês Toshiyuki Yasuda. Há ainda versões de Julieta  Venegas (Dulce Compañía), George Michael (Heal the Pain) e Reginaldo Rossi (Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme).

Veja Fernanda Takai e Samuel Rosa cantando Heal the Pain em clipe de estúdio:

Trata-se de um liquidificador pop, modulado pela voz suave de Fernanda. Na Medida... é pura delicadeza, sem sombra dos momentos mais agressivos que apareciam nos primeiros discos do Patu Fu e que, vez por outra, ressurgem no trabalho da banda.

Zero Hora – O álbum tem uma canção de Padre Zezinho gravada em parceria com Padre Fábio de Melo, Amar Como Jesus Amou. Qual é a sua relação com a religião?
Fernanda Takai –
Não frequento igreja. O fato dessa música estar no disco se deve às primeiras vezes em que toquei violão em público. Foi na aula de religião, aos nove anos, interpretando essa e outras músicas do Padre Zezinho – que até já gravei para um desfile de moda do Ronaldo Fraga. São canções com as quais me sinto identificada não pela religiosidade, mas pela melodia e pela mensagem positiva.

ZH – Amar Como Jesus Amou e a versão de Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme, de Reginaldo Rossi (gravada com Zélia Duncan), são registradas com bom humor, mas também com respeito. É uma tentativa de valorizar esses temas?
Fernanda –
Cantei Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme com a Zélia Duncan ainda no Carnaval de 2011, com um arranjo de frevo, meio rock, no Marco Zero, em Recife. Quando decidi incluí-la no repertório do disco, quis dar dignidade à canção. Não queria debochar do universo popular, de onde ela vem. Quero mostrar que esse universo, além de ser popular, tem canções muito bem escritas. Embora, dependendo como você entrega isso para o público, pode vir com uma leitura pejorativa.

ZH – Considerando o atual cenário da indústria da música, por que gravar um álbum?
Fernanda
– Hoje você pode comprar só as músicas, não é preciso ter um disco físico. Mas eu ainda acredito numa obra, não só em músicas soltas. Gostaria de mostrar algo novo para o público que me acompanha há anos, para os novíssimos ouvintes conquistados com o Música de Brinquedo e para quem pode vir a gostar de mim agora, com 42 anos e todo esse tempo de carreira. Só com essa proposta de álbum é que me sinto motivada a cair na estrada para uma turnê. O Pato Fu até faz isso de montar um show só com sucessos. É bom pela festa, mas é insuficiente como proposta artística

NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL
Fernanda Takai
MPB, Deckdisc/Natura Musical, 13 músicas
R$ 30 em média

Bruno Senna / Divulgação

Fernanda Takai lança novo álbum solo "Na Medida do Impossível"
Foto:  Bruno Senna  /  Divulgação


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