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Itapema FM  | 15/03/2014 10h04min

Um dos orgulhos joinvilenses, a Escola do Teatro Bolshoi completa 14 anos

História da instituição foi escrita por pessoas que acreditaram no sonho da criação da primeira filial do balé russo no mundo

Rafaela Mazzaro  |  rafaela.mazzaro@an.com.br

Se fosse contado em um espetáculo de balé, a história da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil seria um conto de fadas. Era assim que imaginavam muitos que ouviam em 1999 o sonho de trazer para Joinville a primeira – e única – filial do balé russo com mais de dois séculos de trajetória. A fantasia foi dando lugar à realidade em dezembro daquele ano, com a seleção dos primeiros alunos, como Karine de Matos e Maikon Golini.

Mas antes de surgirem os primeiros pupilos, foi preciso que profissionais comprassem a ousada ideia. Célia Campos, Karina Menezes e Larissa Araújo são alguns dos nomes que acreditaram que seria possível introduzir a excelência russa em dança fora dos grandes centros de arte do País. Hoje, elas comemoram, junto com os 201 alunos já formados, os 14 anos de sucesso completados neste sábado.

É em um dos anexos do Centreventos Cau Hansen que transformações de vidas acontecem todos os anos. Entram crianças que nunca haviam assistido a uma apresentação de dança e saem profissionais preparados para os grandes palcos do mundo. Em 14 anos, 38 bailarinos deixaram a instituição em Joinville diretamente para atuar no exterior. Outros 144 formados trabalham nos palcos, bastidores ou formando novos apaixonados pela dança no Brasil.

Estas conquistas serão comemoradas com noites de gala na terça e na quarta-feira, às 20 horas, no Teatro Juarez Machado. Alunos da escola e bailarinos da Cia. Jovem do Bolshoi apresentarão variações dos balés, danças populares e peças contemporâneas.



AVENTURA EM PROL DA MARCA

A primeira visita da recifense Larissa Araújo (foto acima) nas instalações da instituição, no Centreventos Cau Hansen, foi cheia de interrogações. Era janeiro de 2000 e pedreiros ainda levantavam as paredes das salas de aula que começariam a receber os alunos em dois meses. A dúvida se o prédio ficaria pronto para a inauguração não foi maior que a vontade de Larissa de encarar o desafio junto ao marido, o russo Denys Nevidomyy, também professor de dança.

– Viemos com a missão de fortalecer a marca Bolshoi. E a gratificação é ver os alunos crescendo. Essa é nossa maior recompensa: criar gerações de bailarinos – conta a professora, que também foi atraída pela tranquilidade de Joinville.

Antes de entrar para a filial, Larissa já tinha o Bolshoi no currículo profissional. Ela atuou na sede do Bolshoi em Moscou. Também recebeu bolsa de estudos na Escola Coreográfica de Kiev, na Ucrânia, e fez estágio e integrou o corpo de baile do Teatro Nacional da Ópera de Kiev.



DE ALUNO A PROFESSOR

Maikon Golini (foto acima) é dono de duas marcas da Escola do Bolshoi: foi o aluno mais jovem a ingressar na turma de balé e o primeiro formado convidado a continuar na instituição como professor. A mudança foi aos 17 anos e dura quatro anos.

– Lembro até hoje do meu primeiro dia de aula. Esse primeiro ano foi decisivo para que eu continuasse na área – conta Maikon, que foi conquistado pelos professores sem mesmo saber o que o balé exatamente significava.

Como aluno, ele se apresentou em várias cidades brasileiras e no exterior. Fez dois estágios no Teatro Bolshoi de Moscou, com a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos com mestres russos como Boris Akimov, Vladimir Vassiliev e Mikhail Lavrovsky. Hoje, Maikon não se vê fora da sala de aula.

– Meu primeiro dia como professor foi cheio de medos até que entrei na sala, vi os alunos e me senti preparado por toda a bagagem que os professores me passaram ao longo de dez anos.



ELA É EXEMPLO

Foi nos corredores da escola que Karine de Matos (foto acima) fez os amizades de infância, encontrou o amor – o bailarino Diego Cunha – e conquistou o primeiro emprego. Desde os oito anos, é lá que ela é vista quase todos os dias, há 14 anos. De aluna da primeira turma, ela passou a contratada da Cia. Jovem, professora do primeiro ano de balé clássico e hoje dá continuidade à profissão de bailarina no grupo que representa a instituição em turnês pelo mundo.

Junto com o namorado, a joinvilense é uma das integrantes mais antigas da Cia. Jovem. Nestes anos de companhia e dedicação às atividades do Bolshoi, conquistou oportunidades fora do Brasil. Em 2013, ela e Diego foram convidados para a segunda turnê pela Rússia. – Eu consigo sentir a admiração de novos alunos que dizem querer seguir meu exemplo – afirma.




TRANSFORMAÇÃO

Nem mesmo na infância Célia Campos (foto acima) frequentou as salas espelhadas. Ela preferia as quadras de esporte. O balé nunca ganhou o espaço que foi do handebol, mas foi na vida profissional que a atividade jamais praticada se tornou essencial. Diretora administrativa da Escola Bolshoi, hoje ela sabe falar dos clássicos preferidos e se pega assistindo a apresentações na TV .

– Se você me perguntar se eu prefiro ir a um jogo ou a um espetáculo de balé, certamente vou escolher o balé – diz.

Célia estava no grupo de cerca de dez profissionais que deram os primeiros passos para a formação da escola, antes mesmo da inauguração. Contratada como assistente, ela viu a carreira crescer ao lado do encantamento pela dança.

– A escola me trouxe o desafio de trabalhar com a transformação de vidas, sem visar lucro como eu estava acostumada. A gente aprende que dar não é diminuir, mas somar pela dança.




CONQUISTA PELA EMOÇÃO

A pianista Karina Menezes (foto acima) não precisou de muitos argumentos para entrar para o quadro de funcionários da escola que recém havia completado três meses. Ao entrar em uma das salas de aula para conhecer os espaços, a carioca se deparou com uma fileira de crianças que, ao vê-la, a saudaram com reverência. Karina se emocionou do mesmo modo como quando repetiu a história para essa entrevista.

– Não acreditava que uma filial do Bolshoi de Moscou seria instalada em Joinville, fora de um grande centro, mas fui me adaptando à cidade e hoje não a troco por nada.

Karina lembra que, no princípio, a escola contava apenas com pianos de armário. Ela acompanhou a chegada de cada um dos modelos de cauda e a instalação de estúdios de música.

– A infraestrutura que nós dispomos aqui é tudo de bom. Acompanhar a formação disso tudo tem outro gosto. É se sentir parte – descreve a pianista que também foi acompanhadora na Escola Estadual Maria Olenewa.

A NOTÍCIA
Cleber Gomes / Agencia RBS

Maikon Golini, Karina Menezes, Karine de Matos, Célia Campos e Larissa Araújo participam da escola desde o início
Foto:  Cleber Gomes  /  Agencia RBS


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