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Itapema FM  | 19/02/2014 15h19min

Indicado a nove Oscar, "12 Anos de Escravidão" relembra trágica história real

Longa estreia nesta sexta nos cinemas brasileiros

Marcelo Perrone  |  marcelo.perrone@zerohora.com.br

Solomon Northup foi protagonista de uma saga tão absurdamente trágica que seu minucioso relato na autobiografia lançada em 1853 chegou a ser visto como obra de ficção. Mas cada detalhe da excruciante aventura que ele — homem negro, educado e livre — viveu após ser sequestrado e vendido como escravo foi comprovado por testemunhos e registros oficiais.

12 Anos de Escravidão, o livro, é considerado por historiadores um dos mais preciosos documentos sobre um período vergonhoso da história dos EUA. Capítulo esse que somente agora chega ao cinema, no filme homônimo que soma nove indicações no Oscar 2014.

:: Veja infográfico sobre o Oscar 2014

12 Anos de Escravidão, o filme, em cartaz a partir desta sexta no Brasil, resulta da vontade do diretor inglês Steve McQueen em espelhar na saga de Northup um drama universal, na sua relação de poder e dominação, e atemporal, nos seus reflexos na sociedade contemporânea. É um tema evocado tanto em avanços como a luta pelos direitos civis dos negros nos EUA e a eleição à presidência de Barack Obama, quanto em aspectos que permanecem estanques na linha evolutiva, como o racismo.

Com o vigor narrativo e o apuro visual que exibiu em seus dois longas anteriores, Fome (2008) e Shame (2011), McQueen, artista plástico por formação, fez 12 Anos de Escravidão também ser reconhecido por historiadores e ativistas como aquele que mais fielmente reproduz o cenário de degradação moral, desumanização e violência física impostas pelo sistema escravagista.

O pesadelo de Northup, interpretado por Chiwetel Ejiofor, teve início em 1841, antes da guerra civil que oficializaria o fim da escravidão nos EUA. Ele vivia em Saratoga, no estado de Nova York, com a mulher e os três filhos, e trabalhava como carpinteiro e músico, animando festas na região. Dois homens convidaram Northup para se apresentar em um circo em Washington. Eram criminosos a serviço de fazendeiros do sul escravocrata que patrocinavam o sequestro de negros livres ao norte e, com aval de autoridades, falsificavam documentos de posse.

Northup foi vendido a diferentes senhores até cruzar com o mais cruel deles, Edwin Epps (Michael Fassbender). Na fazenda de Epps, onde passou a maior parte de seu tempo de cativeiro, ele testemunhou horrores como os vividos pela jovem escrava Patsey (Lupita Nyong'o), alvo do furor sexual de seu dono e dos mais sádicos castigos. Filmes recentes como Django Livre, de Quentin Tarantino, e Lincoln, de Steven Spielberg, reacenderam o tema no cinema, mas nenhum deles atinge a força histórica, humanista e política de 12 Anos de Escravidão.

Indicado ao Oscar de direção, McQueen pode se tornar o primeiro cineasta negro a conquistar o prêmio. 12 Anos de Escravidão disputa com maior chance a estatueta de melhor filme, favoritismo chancelado por conquistas como a do Globo de Ouro e do Bafta. Ejiofor concorre a melhor ator, e Lupita e Fassbender, como coadjuvantes.

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