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Itapema FM  | 17/02/2014 17h14min

Como no cinema, os booktrailers anunciam nas redes sociais os grandes lançamentos das editoras

Os vídeos apontam a maturidade dos livros na indústria cultural

Alexandre Lucchese  |  Especial

Apesar da leitura ser uma atividade solitária e silenciosa, a promoção de um livro pode usar recursos de som e luz dignos de cinema.

Os trailers de livros, conhecidos como booktrailers, estão ganhando cada vez mais espaço e se fortalecendo como ferramenta de editoras e escritores para conquistar leitores nas mídias sociais.

– Cerca de 20% a 30% de nossa receita de divulgação está indo para os booktrailers. Pretendemos fazer vídeos mais constantemente. É algo que está crescendo – conta Juliana Vettore, responsável pelo departamento de comunicação da Companhia das Letras.

Umas das pioneiras nesse nicho de divulgação, a gaúcha L&PM Editores vem há cerca de quatro anos produzindo audiovisuais para divulgar lançamentos nas redes. Vinhetas, animações e entrevistas com autores são alguns dos formatos explorados pelo canal da editora.

 

– Sempre que podemos, damos preferência para entrevistas com os escritores – conta Paula Taitelbaum, responsável pela L&PM WebTV.

Já a Companhia das Letras adota critérios diferentes para escolher que tipo de vídeo deve promover cada livro:

– Começamos fazendo muitas entrevistas, mas percebemos que este formato funciona melhor para livros de não ficção. Para a narrativa ficcional, passamos a fazer leituras e trailers – conta Juliana Vettore.

Fora da rede, os vídeos também cumprem papel importante na agenda de escritores.

– Quando participo de palestras, costumo mostrar os vídeos de Sal. São um bom modo de atrair a atenção do público – conta Leticia Wierzchowski, que tem vídeos com os atores Thiago Lacerda e Vanessa Lóes lendo trechos de Sal, editado pela Intrínseca.

A estratégia também funciona para as editoras, explica Paula Taitelbaum:

– Usamos os vídeos em encontros com lojistas. É uma maneira rápida e sedutora de apresentar nossos títulos.

O escritor e professor do Instituto de Letras da UFRGS Luís Augusto Fischer compara essa aproximação entre literatura e recursos do cinema com o processo já visto nas artes plásticas:

– Ainda nos anos 1960, houve um movimento de "esquentar" as artes plásticas. Estas se aproximaram das artes de performance, da televisão e do cinema. É o movimento que ocorre agora com a literatura.

Na opinião de Fischer, os booktrailers também apontam a maturidade dos livros na indústria cultural:

– Por um lado, o livro está perdendo a aura de ser um produto cultural que não é exatamente "um produto", uma mercadoria. Por outro, com isso, a leitura tem ampliado seu público.

 

Casos de sucesso

Na L&PM Editores, os jovens consumidores de mangás são alvo certo para os booktrailers. Animações para os romances policiais de Agatha Christie também surpreenderam:

– Fomos procurados por editores internacionais pedindo autorização para traduzir os vídeos – conta Paula Taitelbaum, da L&PM Web TV.

 

Já os booktrailes de Toda Poesia, de Paulo Leminski, morto em 1989, foram um dos destaques da Companhia das Letras em 2013. As gravações de convidados como Arnaldo Antunes e Gregorio Duvivier lendo poemas do autor viralizaram:

Toda Poesia foi um caso em que os vídeos foram decisivos para a divulgação assegura Juliana Vettore, da Companhia das Letras.

A vez dos tímidos

Os escritores mais tímidos não precisam temer a onda dos booktrailers.

– Nem sempre uma entrevista ou a leitura de um texto pelo leitor tem o impacto merecido pela narrativa ficcional – explica Juliana Vettore.

Para transpor o universo da ficção para vídeos curtos, os autores não precisam desenvolver habilidades de apresentadores. Teasers com produções elaboradas, muito parecidos com trailers cinematográficos, trazem ao leitor o clima do livro. Todos Nós Adorávamos Caubóis, da gaúcha Carol Bensimon, foi um desses casos, gravado no interior do Rio Grande do sul.

Outra opção usada pelas editoras é a gravação de leituras de trechos por atores.

zero hora
Gilmar Fraga / Agência RBS

Recursos do cinema passam a ser usados na divulgação de livros
Foto:  Gilmar Fraga  /  Agência RBS


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