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Itapema FM  | 13/02/2014 20h01min

Com Luana Piovani no elenco, longa gaúcho "Insônia" estreia sexta-feira

Filme adolescente de Beto Souza foi rodado em 2007, mas só agora chega ao circuito

Daniel Feix  |  daniel.feix@zerohora.com.br

Rodado em 2007, o longa gaúcho Insônia só foi concluído em 2012, quando teve suas primeiras sessões no Festival de Gramado. A chegada ao circuito foi igualmente demorada: o quinto longa de Beto Souza (de Cerro do Jarau e Netto Perde sua Alma) estreia apenas nesta sexta-feira no país.

Trata-se de uma comédia dramática adolescente, adaptada da novela homônima do escritor Marcelo Carneiro da Cunha – o mesmo da obra original de Antes que o Mundo Acabe (2010), um dos destaques da atual onda teen do cinema nacional. A produção conturbada cobrou seu preço não somente no atraso do lançamento: Insônia é um filme irregular, nas performances do elenco e na própria construção narrativa, que busca se aproximar de seu público-alvo misturando encenação realista com vinhetas animadas e clipes poético-musicais.

Esses clipes são enviados por um misterioso internauta que usa o pseudônimo Insônia para falar com a protagonista (Lara Rodrigues), garota de 15 anos, filha de argentinos, que vive em Porto Alegre com o pai viúvo (Daniel Kusnieka, ator de Cavalos Selvagens e Cinzas no Paraíso, ambos de Marcelo Piñeyro). Ao mesmo tempo em que enfrenta as descobertas da idade, a guria vê em uma nova amiga mais velha (Luana Piovani) uma possível companheira para o pai.

A espontaneidade de ambas é um ponto positivo de Insônia, assim como a trilha sonora de Léo Henkin, que inclui ótimas canções de artistas como Nego Joe, Pública, Luiza Caspary e Gabriel von Brixen. A trilha, no entanto, é excessivamente presente – serve de bengala dramática para comunicar o que a expressão de alguns coadjuvantes e o roteiro (creditado como "criação coletiva") não consegue dar conta.

Se, em As Melhores Coisas do Mundo (2010), um pai largava a mulher para namorar um homem, em Insônia a conformação de uma nova família é abordada pela aproximação geracional entre uma madrasta e sua enteada. Definitivamente, não se pode dizer que os filmes sobre o universo adolescente têm pecado pela caretice.

ENTREVISTA
Com Beto Souza, diretor de Insônia:

Zero Hora – Insônia foi um projeto proposto por seus produtores, no qual você atuou como diretor contratado. Com o crescimento dos filmes de gênero (como as comédias populares), esse modelo "menos autoral" tende a triunfar, não?
Beto Souza –
Isso mesmo. O Insônia não segue o padrão de grande parte da produção brasileira, realizada principalmente a partir do Cinema Novo, no qual as figuras do produtor e do diretor se confundem. Eu já havia tido uma experiência como esta em Dias e Noites (2008) e gostei do formato de trabalho. Acho que as coisas ficam mais claras e, principalmente, o diretor pode realmente se preocupar com a linguagem cinematográfica, a narrativa, a estética do filme, que são os seus atributos principais, e não outras coisas paralelas. Defendo que o diretor deve ter responsabilidade sobre os aspectos estéticos de um projeto, e não sobre a sua embalagem e comercialização. Esse dom geralmente os artistas não possuem. Não tem como, depois de 14 ou 15 horas de trabalho, dedicar-se a uma reunião sobre o fluxo financeiro com o produtor-executivo. É "insônia" na certa.

ZH – As comédias adolescentes constituem um nicho importante do cinema nacional recente, em função de filmes como Os 3, Desenrola, As Melhores Coisas do Mundo, Antes que o Mundo Acabe e, mais recentemente, Confissões de Adolescente, entre outros. O que o atraiu nesse tipo de projeto? E como foi a experiência?
Souza –
Não considero Insônia exatamente uma comédia, e sim um drama que se estabelece a partir da necessidade de uma reconstituição familiar. Não mais aquela família clássica biológica, mas outro tipo de possibilidade que o mundo contemporâneo proporciona. Como essa reconstituição se dá a partir de uma lógica invertida de aproximação dos personagens, abre-se espaço para as situações de humor.

ZH – Insônia foi rodado em 2007. O intervalo entre as filmagens e a estreia é muito longo, o que não deixa de ser estranho em se tratando de um filme de mercado, que busca dialogar com um público amplo. Fale sobre esse processo, sobretudo os contratempos que determinaram que esta gestação fosse tão demorada.
Souza –
De fato, enfrentamos atrasos, mas é porque nem sempre existe a disponibilidade de dinheiro. Também tivemos um problema comum a roteiros nos quais a tecnologia faz parte da história: há mudanças radicais em um ou dois anos. A internet, por exemplo, é um elemento fundamental da nossa história. Tivemos que tratá-la de uma forma mais conceitual e menos realista – além de datarmos os acontecimentos, que se dão em Porto Alegre em 2007.

ZH – Você dirigiu cinco longas desde 2002, o que não é pouco. Tem um sexto projeto em vista?
Souza –
Como produzi três dos cinco filmes, senti na pele como não se ganha dinheiro com cinema no Brasil. Por necessidade, passei os últimos três anos focado em outras coisas. Agora, penso em um novo projeto. Mas as ideias ainda são muito incipientes.

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