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Itapema FM  | 11/02/2014 15h38min

Longa-metragem gaúcho "Castanha" emociona plateia no Festival de Berlim

Filme de Davi Pretto está sendo exibido na seção Fórum

Marcus Mello *  |  Especial para ZH, de Berlim

Passava de meia-noite quando os espectadores que lotaram o CinemaxX 4 para assistir à primeira exibição do longa gaúcho Castanha no Festival de Berlim saíram da sala para encarar o frio do inverno alemão. Era o final de uma noite marcante para o público e, ao mesmo tempo, o promissor pontapé inicial na carreira do cineasta gaúcho Davi Pretto, 25 anos, que faz sua estreia em longa-metragem pela porta da frente.

>>> Leia mais sobre Castanha, o filme

Selecionado para a prestigiadíssima seção Fórum, que costuma privilegiar trabalhos de perfil mais autoral, assinados por diretores comprometidos com a pesquisa de linguagem (e que este ano conta com os novos filmes do coreano Bong Joon-ho, do americano Ken Jacobs e do romeno Corneliu Porumboiu), Castanha assinala desde já um momento histórico para a produção cinematográfica do Rio Grande do Sul – não apenas por ser o primeiro longa gaúcho a participar deste que é um dos três maiores festivais de cinema do mundo, ao lado de Cannes e Veneza, mas, sobretudo, por suas qualidades estéticas.

Com a segurança de um veterano, Davi Pretto cria um filme inclassificável, híbrido de documentário e ficção, em torno de seu protagonista, o ator João Carlos Castanha. Figura com larga trajetória no teatro local e conhecido animador de shows no underground gay porto-alegrense, Castanha interpreta a si próprio, em sequências que recriam o seu muitas vezes duro cotidiano com impressionante naturalidade.

A saúde frágil, a relação com a mãe, as dificuldades de trabalhar com arte em Porto Alegre, as conversas com amigos como os atores Lauro Ramalho e Zé Adão Barbosa, o drama de um sobrinho viciado em crack, tudo nos é apresentado pela encenação precisa do diretor, como se fôssemos indiscretos observadores de um show da vida real, em um procedimento semelhante ao realizado por Andrea Tonacci na obra-prima Serras da Desordem (2006).

A primeira sessão de Castanha em Berlim contou com a presença de vários membros da equipe do filme. Além de Davi Pretto e de Castanha (que, tomados pela emoção, choraram durante o debate), subiram ao palco a produtora Paola Wink, o desenhista de som Tiago Bello, o montador Bruno Carboni, o fotógrafo Glauco Firpo, o coprodutor e distribuidor Sandro Fiorin e a produtora musical Rita Zart.

Na plateia lotada, muitos gaúchos (como as produtoras Aletéia Selonk e Camila Gonzatto), o presidente da Ancine, Manoel Rangel, além de uma multidão de cinéfilos berlinenses, que já esgotou os ingressos de todas as quatro sessões programadas para o filme durante o festival, ao longo desta semana.

O evento prossegue até o próximo domingo.

* Crítico de cinema, editor da revista Teorema, coordenador de cinema, vídeo e fotografia da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre

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