Em meio à fila de 20 meninos, todos ainda mal ultrapassando um metro e meio de altura e os 11 anos de idade, Samuel Vancalucci era um par de olhos atentos e silenciosos. O baiano, um dos mais altos entre os calouros da primeira série da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, esperava pela entrega dos uniformes brancos e pretos com letras douradas, característicos dos alunos da filial do Balé Bolshoi de Moscou, há 14 anos situada em Joinville. Ele é um dos 75 estudantes novos da escola de dança que viveram o primeiro dia de aula nesta segunda-feira — entre eles, 20 meninos e 20 meninas que chegam para a primeira série, muitos deles ainda sem qualquer experiência em balé.

Não é o caso de Samuel. O menino começou a dançar aos oito anos, na escola, por influência da irmã mais velha. Quieto, ele se destacava da turminha de meninos empolgados com todas as novidades. Na manhã desta segunda, eles participaram da recepção de volta às aulas junto com todos os 274 alunos da Escola Bolshoi e, depois, partiram pelos corredores do prédio anexo ao Centreventos Cau Hansen para conhecer o local onde passarão todas as manhãs até o fim do ano – aliás, pelos próximos oito anos.

No meio da manhã, ao receberem os uniformes, mal podiam conter a curiosidade para olhar tudo o que guardariam dentro das mochilas, também entregues pela instituição. As com a estampa do Ben 10 foram as primeiras a deixarem a sala nas costas dos meninos.

Os outros 35 alunos novos integram as turmas de segunda a oitava série do clássico e de sexta a oitava de dança contemporânea. Para eles, vindos não só da região mas de outros seis Estados brasileiros, da Argentina e da Colômbia, as atividades já começaram normalmente nesta segunda-feira.

Até o fim desta semana, a agenda dos novos alunos do Bolshoi estará cheia de novidades para preencher os olhos de Samuel e de seus colegas. Eles aprenderão a costurar sapatilhas e como os bailarinos precisam cuidar da higiene com a rotina de exercícios que mantém. Também conversarão com a assistente social, a psicóloga e o dentista da escola.

Então, aos poucos, começam as aulas de clássico e dança popular histórica para, na semana que vem, serem incorporados à grade de aulas e ao dia a dia da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil.