Atualizada em 03/02/2014 às 14h25min

O corpo do ator norte-americano Philip Seymour Hoffmann, de 46 anos, foi encontrado neste domingo em seu apartamento em Manhattan, na cidade de Nova York. A informação foi divulgada pelo Departamento de Polícia de Nova York, que ainda não comunicou oficialmente a causa da morte.

O corpo do ator estava no banheiro de seu apartamento no quarto andar, e foi encontrado pelo seu amigo David Katz, roteirista. Katz foi procurar o amigo após ficar preocupado por não ter conseguido entrar em contato com ele. Dado o histórico de abuso de substâncias de Hoffman – que havia, em 2013 passado por um tratamento para reabilitação em heroína – veículos da imprensa norte-americana especularam overdose como a causa da morte.

Um policial citado como fonte anônima pelo portal TMZ afirma que o ator teria sido encontrado com uma agulha no braço. Segundo a mesma fonte, haveria também, no banheiro, um papelote supostamente contendo heroína. Até o fim do dia, contudo, não havia ocorrido nenhuma manifestação oficial da polícia ou dos legistas responsáveis pela investigação.

Hoffman era casado com a estilista Mimi O'Donnell, e pai de três filhos. Ao longo de uma carreira que remonta ao início dos anos 1990, em séries de TV e pontas em filmes como Perfume de Mulher (1992), ele construiu um nome no cinema independente, trabalhou com grandes diretores e adquiriu o tipo de reputação que emprestava prestígio às grandes produções hollywoodianas em que eventualmente participou, como Missão Impossível III (2006) e o recente Jogos Vorazes: Em Chamas (2013).

Com seu físico robusto e seu rosto inamistoso, Hoffman se impôs não como galã, mas como um ator de carisma e grande capacidade de caracterização, invariavelmente apontado como um dos grandes intérpretes de sua geração.

Ao longo do domingo, à medida que a notícia ganhava confirmação (Hoffman já havia sido alvo de boatos anteriores sobre sua morte disseminados pela internet), vários atores com quem o artista trabalhou ou que simplesmente admiravam seu trabalho manifestaram sua perplexidade nas redes sociais.

"Estou triste em vários níveis quanto à perda de Philip Seymour Hoffman. Um dos grandes. Perdê-lo desta maneira é absolutamente trágico" escreveu no Twitter a atriz Evan Rachel Wood, com quem ele trabalhou em Tudo pelo Poder (2011), de George Clooney. A atriz Susan Sarandon declarou: "Phillip Seymour Hoffman era um gênio, doce e valente. Não posso acreditar que ele se foi. Perda enorme. Minha mais profunda simpatia para com sua esposa e filhos."

Seu primeiro papel de destaque foi o de um integrante de uma equipe de cinema pornô em Boogie Nights (1996), de Paul Thomas Anderson, com quem Hoffman voltaria a trabalhar em Magnolia (1999), Embriagado de Amor (2002) e no elogiado O Mestre (2012). O ator também realizou performances memoráveis em filmes como O Big Lebowski (1998), dos Irmãos Coen; Quase Famosos (2000), de Cameron Crowe (no qual interpretou, em uma pequena participação, o crítico de rock Lester Bangs); Jogos do Poder (2007), de Mike Nichols, e Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto (2007), de Sidney Lumet. Hoffman foi indicado quatro vezes ao Oscar, três delas na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, e uma em Melhor Ator, por Capote (2005), que lhe rendeu a premiação pelo papel do escritor Truman Capote.

Uma de suas aparições mais recentes nas telas foi em Jogos Vorazes: Em Chamas, segundo episódio da série blockbuster que adapta uma trilogia literária passada em um futuro imaginário no qual jovens participam de uma competição até a morte em um reality show transmitido ao vivo. Hoffman interpretou Plutarch Heavensbee, o organizador da violenta atração. Seu personagem, que tem grande relevância na trama, estava previsto para retornar nos dois filmes seguintes, que adaptam em duas partes o último livro: A Esperança. Ele ainda deve ser visto este ano nos cinemas em O Homem Mais Procurado, produção de Anton Corbijn que adapta o thriller de mesmo nome escrito por John le Carré.

SEGUNDO CADERNO