O primeiro emprego de Ananias de Almeida foi como professor rural no Norte de Minas Gerais, em fins dos anos 60. Isso explica, em parte, sua grande afeição pelo ambiente escolar e, por extensão, pelo gosto por ensinar. Aliado ao amor pelo violão, ficam então estabelecidos os alicerces do Projeto Música Instrumental nas Escolas, cuja segunda edição, no segundo semestre levará Almeida a um novo giro pela rede pública de ensino, algo que já faz há 15 anos. O de 2014, porém, será o maior até hoje, abrangendo quase todas as regiões do Estado.

Desta vez, o projeto de Ananias foi aprovado na Lei Rouanet e teve permissão para captar R$ 592,4 mil. A correria recém-começou — no momento, o músico busca empresas e outros parceiros interessados em investir na ideia, que tem estofo e relevância: 152 concertos ao longo de seis meses, envolvendo quase cem mil estudantes de 20 cidades catarinenses. Mas esses números devem aumentar, já que sempre surgem novos pedidos de diretores e gerentes de educação no decorrer da turnê. Em Joinville, cerca de 60 apresentações estão mapeadas, em princípio.

Ao lado de Ananias estarão 22 músicos, divididos em núcleos de três ou quatro que irão acompanhá-lo em cada concerto. O repertório é música instrumental erudita e popular (choro, seresta), terreno fértil para Almeida exercer seu lado professor, intercalando as peças com explicações sobre elas.

— A gente deixa espaço para eles perguntarem. Faço uma preleção do que é música clássica, instrumental, o que é concerto, falos das peças, compositores, a época... — descreve o violonista, feliz com o resultado palpável dessas incursões pelas escolas.

— Vários alunos começaram a estudar e passaram a ter a música como algo perpétuo na vida deles.