Há um tipo de dúvida agradável que nem sempre se experimenta com a frequência desejada em Florianópolis: a qual espetáculo assistir hoje? Tudo bem, se você não puder ver nenhuma peça de teatro amanhã, ou se quiser ver mais duas ou três ao longo da semana, não precisa se preocupar com falta de opção ou com ingressos caros. Durante a Invasão Teatral - Mostra Cênica de Desterro, serão apresentados 29 espetáculos até 8 de fevereiro nos principais teatros da Capital. E tudo a preços populares - R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).

:: Confira a programação e sinospes dos espetáculos da Invasão Teatral

A Invasão começa neste sábado com um cortejo de abertura na Esquina Democrática, entre as ruas Felipe Schmidt e Deodoro, Centro, e segue com apresentações nos teatros Álvaro de Carvalho, Armação e intervenção na praia do Forte, Norte da Ilha. No teatro Ademir Rosa, o destaque é para As Felicianas, da cia La Vaca. A peça estreou no ano passado, inspirada nas polêmicas envolvendo liberdades individuais.

No total, 25 grupos apresentam montagens durante a mostra - entre companhias consagradas e reconhecidas, como O Dromedário Loquaz, Persona Cia de Teatro, Teatro Armação e Teatro em Trâmite, e também as que estão começando agora uma trajetória. Há também opções de peças com classificação livre para crianças.

- Queremos convidar as pessoas a invadirem a cidade junto. Uma invasão não só de diversão, mas também de consciência política - diz a Barbara Biscaro, integrante do Fórum Setorial Permanente de Artes Cênicas de Florianópolis.

O apelo diz respeito ao intuito da Invasão, que se propõe não apenas ao entretenimento, mas principalmente a propor uma reflexão acerca dos modos de fazer e movimentar o setor cultural na cidade.

- Queremos fazer um manifesto e falar a respeito dessas questões com o público. Afinal cultura não existe para beneficiar apenas artistas, é para todos, pelo direito de circular nas ruas, de ter opções de lazer, estimular o comércio, segurança, transporte.

Plano piloto

A Mostra é independente e realizada com o livre e espontâneo esforço de artistas da região que integram o Fórum Setorial Permanente de Artes Cênicas de Florianópolis, criado em 2010. Eles próprios disponibilizaram recursos humanos e financeiros e o único apoio público foi por meio da cessão dos teatros administrados pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC) e Fundação Franklin Cascaes - que são públicos - e de material gráfico. A primeira edição da Mostra é como um plano piloto e o objetivo é que a Invasão possa ser realizada várias vezes ao ano.

Para Gil Guzzo, ator e diretor artístico do Teatro do Desequilíbrio, a Invasão mostra a produção teatral consistente da região, que precisa sim de leis de incentivo, mas que consegue caminhar com as próprias pernas.

- Queremos abrir um diálogo com a população. Aqui existe uma vocação forte para o turismo, mas não se pensa o entretenimento como mais uma atividade turística - diz ele.

Guzzo está no elenco de Ainda é cedo amor, em cartaz amanhã no Teatro Álvaro de Carvalho.