Itapema FM | 28/01/2014 16h39min
No que depender do entusiasmo coletivo, a cultura e as artes de Santa Catarina já podem se considerar dotadas de uma recente, porém funcional e bem-aceita, maneira de arrecadar fundos para viabilizar projetos.
Há três anos no ar, a mais popular plataforma de financiamento colaborativo online, Catarse.me, divulgou relatório que aponta o Estado como o quinto no Brasil em número de propostas colocadas no ar, e Florianópolis como a capital brasileira com maior índice de êxito - isto é, com a maior proporção de projetos que alcançaram suas cotas de financiamento.
Ao todo a capital catarinense conseguiu viabilizar 49 de 63 projetos disponibilizados pela plataforma, com cerca de 5 mil apoiadores e R$ 365 mil distribuídos. Nacionalmente a área que mais arrecadou desde 2011 foi a música, com mais de R$ 3 milhões pagos por 26 mil pessoas a 373 projetos.
– Música é uma categoria de sucesso, por várias razões. Financiamento coletivo é juntar pessoas para dividir os custos para realizar ideias. Música reúne muita gente, em torno de benefício claro e emocionante, como a gravação de um CD. Só é preciso o mínimo de interessados pra que o projeto seja bem-sucedido. Nesse sentido, a categoria se beneficia bem da chamada cauda longa – explica o coordenador de comunicação do Catarse.me, Felipe Caruso.
Outro fator que contribui para o êxito dos projetos musicais são as mudanças recentes que atingiram a indústria fonográfica, com a crise das grandes gravadoras e a ascensão do mercado digital.
Neste contexto, a autogestão - ser "dono" do próprio trabalho, sem depender de grandes corporações - se tornou atraente para muitas bandas. Um caso recente foi o da banda Raimundos, que em agosto utilizou o Catarse para financiar seu novo álbum, Cantigas de Roda, arrecadando R$ 123 mil - detalhe: o projeto só precisava de 55 mil para ser realizado.
– O financiamento colaborativo foi a melhor ferramenta que encontramos dentro da lógica do mercado. As gravadoras não têm mais interesse em lançar disco. Eles lançam, mas querem é ganhar em cima do show. Foi fantástico ver a forma como o público respondeu – afirmou Canisso, baixista do grupo, durante a última edição do Planeta Atlântida SC.
Santa Catarina tem site próprio
Depois do Catarse, outras plataformas de crowdfunding começaram a surgir no Brasil, algumas dedicadas exclusivamente à música - caso do Queremos! e do catarinense TodosPor. Entre os projetos financiados por este último estão o show do norte-americano Stephen Malkmus, realizado em Florianópolis em maio, e o novo álbum do trio Skrotes, Nessun Dorma.
– O principal motivo para escolhermos o financiamento colaborativo foi a questão financeira, porque hoje em dia o artista trabalha mais do que recebe. Concluímos que era uma forma interessante de voltar com a banda e custear o novo disco, então tentamos agregar brindes e serviços que fossem além da música para os apoiadores - explica Guilherme Ledoux, baterista dos Skrotes.
Diversos artistas de SC utilizaram a mesma estratégia para viabilizar a gravação de CDs. Quando o Catarse estava há apenas poucos meses no ar, em agosto de 2011 a cantora Tatiana Cobbett colocou no ar o projeto Sonora Parceria, arrecadando pouco mais que os R$ 12 mil necessários para custear o disco com seis músicas.
Deu tão certo que ela repetiu a ação em 2012, para a finalização de outro disco. O músico François Muleka, radicado no Estado, também já utilizou o Catarse para financiar a gravação do álbum Feijão e Sonho, em 2012.
Números do Catarse.me
Nacional
1.608 projetos
898 bem-sucedidos
108 mil apoiadores
R$ 13,5 milhões arrecadados
Outros 66 projetos atualmente no ar
Música: 373 projetos e R$ 3,1 milhões
Cinema: 374 projetos e R$ 2,5 milhões
Santa Catarina
5º Estado com mais projetos (85)
68% dos projetos tiveram êxito
R$ 547 mil dados por 6, 5 mil apoiadores
Florianópolis
6ª cidade com mais projetos no Brasil (63)
1ª capital em porcentagem de êxito nos financiamentos (78%)
5,1 mil apoiadores que dera mais de R$365 mil
Como funciona o financiamento colaborativo
O autor descreve o projeto com textos, vídeos e fotografias, que são disponibilizados em uma plataforma online. Qualquer pessoa interessada pode se tornar um apoiador. A lógica principal da ferramenta é que os projetos só são viabilizados se um valor ou quantidade mínima de cotas forem atingidos até uma data pré-estabelecida.
Caso o projeto alcance a meta, os apoiadores recebem recompensas de acordo com o valor dado por cada um. A plataforma (por exemplo, o Catarse) também fica com um percentual do valor arrecadado. No financiamento por aquisição antecipada de cotas, utilizado principalmente para realizar shows, os primeiros apoiadores recebem o ingresso com desconto.
Músico François Muleka usou a plataforma para financiar o disco "Feijão e Sonho" em 2012
Foto:
Green Multimídia
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