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Itapema FM  | 24/01/2014 15h01min

Digitalização do cinema deve pôr fim à circulação de grandes lançamentos em película ainda em 2014

Longas como "O Lobo de Wall Street" já são lançados apenas no formato digital

Marcelo Perrone  |  marcelo.perrone@zerohora.com.br

A caminho de uma saída de cena anunciada há alguns anos, a película 35mm recebeu uma simbólica pá de cal nos últimos dias. A Paramount foi o primeiro dos grandes estúdios de Hollywood a anunciar que só lançará filmes no suporte digital.

Em breve, a palavra filme deverá existir apenas como nostálgica expressão da obra de arte em si.

O símbolo desta nova era do mítico estúdio é O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese, lançado no final de dezembro nos EUA apenas no formato digital – Scorsese, cinéfilo dos mais apaixonados,coordena um projeto de restauro e preservação de clássicos em película.

– É um caminho sem volta, mas penso que já passamos pela pior fase, que foi encontrar uma forma de viabilizar essa transição aqui no Brasil – diz Ricardo Difini Leite, presidente do Sindicato das Empresas Exibidoras Cinematográficas do RS e sócio da rede GNC.

Em curso desde 2005, quando os grandes estúdios americanos criaram a Digital Cinema Initiatives (DCI), comissão que estabeleceu os parâmetros técnicos para garantir que o suporte digital tivesse a mesma qualidade da projeção em película, a digitalização do cinema passou por um momento de impasse, em razão de quem pagaria os custos da transição.O modelo de financiamento adotado foi o VPF (Virtual Print Fee, ou “taxa de cópia virtual”), uma divisão de custos que envolve estúdios,distribuidores e exibidores.

O acordo permitiu que a digitalização iniciada na captação da imagem unificasse também a distribuição e a projeção. A redução de custo é expressiva. Se cada cópia em 35mm custa entre US$ 1 mil e US$ 2 mil, o filme empacotado em um HD está hoje na faixa dos US$ 100. Parte do que a distribuidora economiza no processo ajuda o exibidor a pagar o equipamento.

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Nos EUA, a digitalização no padrão Digitalização do cinema deve pôr fim à circulação de grandes lançamentos em película ainda em 2014 DCI alcança 92% do circuito e deve se completar ainda em 2014. Embora atrasado no processo, com 31,9% do circuito digitalizado, o Brasil, segundo Difini Leite, deve levar, no máximo, mais um ano para também se aproximar da totalização. Isso por conta do desembaraço de entraves fiscais e burocráticos que reduziram pela metade o custo do exibidor (de cerca de R$ 500 mil para R$ 250 mil) e, principalmente, pelas linhas de financiamento disponibilizadas pelo governo federal, via BNDES e Fundo Setorial do Audiovisual, em projeto coordenado pela Ancine, que tem como meta digitalizar, ainda em 2014, 1,4 mil das 2,6 mil salas de cinema do país.

– Os grandes exibidores devem completar esse processo logo após a Copa – diz Difini Leite. – O dono de uma pequena sala que quiser continuar no negócio exibindo película terá dificuldades para encontrar lançamentos já no começo de 2015.As salas do Interior que se digitalizaram exibem o mesmo filme que estreia na Capital, o que é uma grande vantagem. Quem não se interessar pela digitalização é porque já não vê mais viabilidade do negócio.

A sobrevivência da película, segundo especialistas, se dará como um fetiche, reunindo aficionados em cinematecas, e para fins de preservação de filmes em arquivo.


Escalada digital

> Testada de forma efetiva em Hollywood desde 1999, a tecnologia de projeção digital só ganhou impulso em 2005, quando grandes estúdios americanos lançaram as diretrizes do Digital Cinema Initiatives (DCI), que vem ser a padronização dos equipamentos que garantem a distribuição e a projeção digital de alta performance.

> 92% das cerca de 40 mil salas de cinema dos EUA estão digitalizadas no padrão DCI. A previsão é chegar a 100% ainda em 2014.

> No circuito mundial, esta proporção já atinge cerca de 85%.

> No Brasil, apenas 854 das 2.679 salas estão digitalizadas no padrão DCI, o que representa 31,9% do parque exibidor.

> A produção de cada cópia de filme em película custa, entre US$ 1 mil e US$ 2 mil, diante dos US$ 100 da cópia digital.

> O custo da digitalização de uma sala no padrão DCI pode ser reduzido à metade no Brasil com mecanismos de desoneração fiscal, passando de R$ 500 mil a R$ 250 mil.

Fontes: Ancine, Filme B e GNC Cinemas

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