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Itapema FM  | 23/12/2013 19h01min

Especialistas dão dicas do que assistir, ler e ouvir nos dias de folga

Cinco referências no setor em questão compartilham sugestões de filmes, músicas e livros

Chegou o Natal, o fim de ano está logo aí, e o que fazer no tempo livre? Sozinho ou acompanhado da família e dos amigos, quer coisa melhor do que se divertir enquanto aprende e ganha bagagem cultural e artística? Nesta época em que muita gente está de férias e as listas com sugestões de atividades trazem inúmeras opções de lazer, o Anexo também preparou uma relação com indicações de livros, filmes e músicas para você apreciar. Em cada uma das três categorias, cinco referências no setor em questão compartilham dicas de o que curtir nos próximos dias.

Cinema

- Jefferson Michels (estudante de publicidade e propaganda e coordenador do Clube de Cinema do Bom Jesus/Ielusc)

Demorei muito para escolher uma indicação de filme. Pensei em Crepúsculo dos Deuses, Cidadão Kane, O Poderoso Chefão, Curtindo a Vida Adoidado, entre outros nomes que surgiram à minha mente nessa busca. Por fim, deparei-me com a Trilogia das Cores, do cineasta polonês Krzysztof Kieslowski – filmes que retratam os ideais da Revolução Francesa de liberdade, igualdade e fraternidade. Kieslowski compõe o cenário com as cores azul, branca e vermelha e relaciona uma cor a cada filme da trilogia: A Liberdade é Azul, A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha.

- Edson Burg (jornalista, foi professor de cinema do Bom Jesus/Ielusc e é mestre em literatura com linha de pesquisa em cinema)

Unanimidades, no cinema, são raras. Crepúsculo dos Deuses é uma delas – trata-se, simplesmente, do melhor filme sobre Hollywood já produzido. É ainda uma das maiores criações de Billy Wilder e uma das obras cinematográficas máximas da década de 1950. A história do encontro entre um roteirista endividado e uma estrela decadente que, juntos, produzem um longa-metragem para salvar ambas as carreiras, é só o início de uma trama surpreendente e com um final antológico. Outro trunfo: Crepúsculo dos Deuses é facilmente encontrado em DVD, blu-ray e na internet. Um clássico obrigatório que só não vê quem não quer.

- Fábio Porto (produtor audiovisual, dirigiu filmes como Infância de Monique e História de Joinville)

Em Dr. Fantástico ou Como Aprendi a Parar de me Preocupar e Amar a Bomba, de Stanley Kubrick, um general militar americano acredita que os soviéticos estão sabotando os reservatórios de água dos EUA e resolve enviar uma tropa de aviões munidos de bombas nucleares para atacar a União Soviética. Este clássico do humor negro tem a atuação formidável de Peter Sellers e George C. Scott. Um tema aparentemente ultrapassado, mas com situações que podem ser bem comparadas à insanidade dos governantes atuais. Além da visão perfeccionista do diretor, este filme conta com fotografia P&B e direção de arte impecáveis.

- Nielson Modro (professor, coordena o projeto Cineducação, apresenta o programa Papo e Cinema (Udesc FM) e publicou sete livros sobre cinema)

Numa definição simples, clássico é aquilo que perdura e resiste aos anos. O clássico já nasce assim, como os filmes de Quentin Tarantino. O melhor do cinema em diálogos prolixos e aparentemente banais, na violência pura num clichê banalizado de si mesma, em referências ao cinema e à cultura pop, na narrativa não linear e nas trilhas sonoras perfeitas. O recente Django Livre já nasceu clássico como os outros filmes do diretor.

- Ebner Gonçalves (fotógrafo e diretor do curta A Noiva de Tarantino e do documentário 1951).

O Expresso da Meia-noite foi um filme que marcou uma geração de cinéfilos, muito pela sua intensidade e a maneira como foi conduzido pelo diretor Alan Parker. Uma história real, transformada num roteiro muito bem amarrado a um drama pessoal. Jovem turista americano, em férias em Istambul resolve levar haxixe para amigos. Com a namorada, passeia numa Istambul no final dos anos 70. Uma fotografia muito bem feita capta esta atmosfera de tensão, que tem seu clímax no aeroporto, quando o jovem é detido. Começa aí um grande martírio, envolvendo conflitos políticos entre os dois países. O jovem é transformado em bode expiratório e levado a julgamento, sendo condenado a 30 anos de prisão. Os horrores das cadeias turcas e a força pela sobrevivência são o que tornam este clássico cult um filme espetacular.

Música

- Tiago Luis Pereira (músico)

Em 1997, os ingleses do The Verve lançaram uma pérola do chamado britpop. O álbum Urban Hymns costuma conquistar o ouvinte logo de cara, com a conhecidíssima Bittersweet Symphony. E o resto do disco traz outras lindíssimas canções como Sonnet e Lucky Man. A combinação entre os arranjos de violino e a voz chorosa de Richard Ashcroft eleva a obra ao status de clássico dos anos 90.

- Serginho Almeida (compositor)

Escolhi indicar a trilha do filme Um Lugar Chamado Notthing Hill, com Julia Roberts e Hugh Grant. Comédia romântica tipo “sessão da tarde”, mas assisti 23 vezes. Uma das razões é a trilha sonora, que, em minha opinião, é linda. Tem músicas como You’ve Got a Way (Shania Twain), When You Say Nothing at All (Ronan Keating), Ain’t no Sunshine (Bill Withers), além da espetacular She, com Elvis Costello. Não canso de ouvi-la e recomendo.

- Ricardo Ledoux (cantor e compositor)

O álbum The Bends, do Radiohead, é um clássico, a meu ver, por ser extremamente envolvente, com músicas de teor esperançoso e denso. Tem uma atmosfera que transita entre o pop, o jazz e a música contemporânea, sendo um marco na minha formação musical. Quando o conheci, ampliei as possibilidades de criação por ser um trabalho inspirador e de extrema sensibilidade e criatividade. Recomendo a compositores e a qualquer tipo de pessoa que curta novas experiências musicais.

- Cadu Puccini (músico e guitarrista)

Indico o álbum Rising, da banda de rock Rainbow, formada, em 1975, pelo até então guitarrista do Deep Purple, Richie Blackmore, com Ronnie James Dio no vocal. Este segundo álbum de estúdio da banda, com influências notáveis da música erudita e de melodias orientais, tem grandes clássicos que serviram como alicerce para a evolução do rock/metal progressivo e de outros subgêneros. Destaque para as músicas Stargazer, Run with the Wolf e Tarot Woman.

- Rubens Herbst (colunista de cultura do Anexo)

The Clash já tinha marcado a ferro e a fogo seu nome na história como a mais politizada das bandas punk, mas ao lançar seu terceiro disco, London Calling, mostrou que discurso contundente e fúria sonora também combinavam com rebuscamento e ecletismo. Da capa ao último acorde do disco 2, London Calling é perfeito. Arde em brasa roqueira, destila veneno funk e abraça reggae, soul, rockabilly, ska e jazz como uma banda de baile formada por boxeadores graduados em ciências sociais.

Literatura

- Marlete Cardoso (coordenadora do setor infantojuvenil da Biblioteca Pública Municipal Rolf Colin)

Indico Tao Te Ching, de Lao-Tsé. Da literatura oriental, simples e ousado, em que os 81 poemas, sem floreios ou adulações, expõem a sabedoria de quem muito já viveu e não tem tempo a perder, mas nem por isso se apressa. O livro mistura filosofia, política e religião em doses únicas. Não consegui lê-lo de uma só vez, pois me pareceu áspero como a verdade e a urtiga, revelando-se perfumado tal qual incenso à procura de narinas desavisadas. Nele, há alimento para uma vida inteira ou para muitos natais.

- Joel Gehlen (editor, escritor e cronista, publicou Chuva sobre Sarajevo, entre outros)

Indico O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde. É um romance de trama simples, mas sua substância é inteligentíssima e desafiadora. As frases, os conceitos, a escrita atingem um auge poucas vezes alcançado na história da literatura. É um livro para se deliciar perturbadoramente; uma obra que não se lê apenas pelas as palavras, mas naquilo que se transforma, em voz alta, ao redor, enquanto ainda a lemos.

- Sueli de Souza Cagneti (doutora em letras e literatura pela Universidade de São Paulo e professora da Univille)

Livro bom de ler e reler nas férias é, sem dúvida, Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Ler, ouvindo a fala de Riobaldo, é ouvir a nossa voz de dentro nos dizendo coisas a respeito de nossa humanidade – com suas eternas perdas e ganhos, com seu eterno ir e vir na arte dos encontros e desencontros. Entrar com Rosa pelos sertões afora, no embalo de sua linguagem – única, aliás, em toda nossa literatura –, é andar pelos subterrâneos da memória, permitindo-nos chorar os “Diadorins/as” perdidos pelos nossos medos de entrega àquilo ou àquele/a que nos cativa e chama. Por tudo isso, Grande Sertão é um clássico: não tem tempo nem lugar para sua leitura e releitura. Ela será sempre nova porque, ao apontar quem somos, nos mostra onde já não somos os mesmos. Afinal, ler livro bom é ler o homem humano, humano em cada linha, como Rosa, inconfundivelmente, soube escrever.

- Donald Malschitzky (escritor e cronista, publicou Pequenas Histórias de São Bento – Volumes 1 e 2, entre outros)

O que torna um livro um clássico? Muitos já disseram que só é clássico se for pesado, hermético e chato. Se forem estes os critérios, minha indicação não serve, mas se os critérios forem qualidade de linguagem, emoção que prende, linhas que ensinam e encantam, visão de mundo e da alma, mistério e um tanto de aventura, vai na mosca: As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain. Para crianças e adultos de todas as idades.

- Jura Arruda (escritor e cronista, publicou Fritz – um Sapo nas Terras do Príncipe e Uma Árvore que Dá o que Falar)

A história de Os Miseráveis, narrada por Victor Hugo, percorreu séculos e continua atual. Jean Valjean é preso por roubar um pedaço de pão e poderia encarnar o mais insano dos revoltados; bem, ele até envereda por aí, ao roubar candelabros de uma igreja, mas a benevolência de um padre, que esconde da polícia o roubo, transforma o protagonista. Escrito no século 19, apresenta um debate bastante atual sobre sociedade, justiça, perdão e amor.

A NOTÍCIA
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