Se existisse um lugar dedicado a receber todas as canetas esferográficas perdidas – uma espécie de paraíso para onde iriam as Bics que evaporam de mesas, mochilas e bolsos –, esse lugar seria parecido com a sala de criação do caricaturista Fabrício Garcia, conhecido pela assinatura Manohead.

Ali o estudante de Artes Visuais da Universidade do Estado de Santa Catarina chega a levar duas semanas para terminar um único retrato, trabalhando em média quatro horas por dia. O resultado são imagens complexas, cheias de detalhes e sombras.

— Tem que tomar cuidado até com a respiração. A caneta solta uma bolinha de tinta e, depois que erra, não tem como apagar. Mas é um trabalho que vale a pena — afirma Fabrício, que tem 28 anos e é natural de Garopaba.

Na contramão do avanço tecnológico, a arte do catarinense destaca o potencial que ainda reside em artigos simples como uma caneta de R$ 0,50. Para o artista, que também produz caricaturas a partir de outras técnicas, os desenhos de esferográfica são os que mais impressionam – foi por eles que recebeu indicações para prêmios como o HQMix e se tornou conhecido no mercado.

A partir do dia 3, ele participa da primeira Bienal Internacional de Caricatura do Rio de Janeiro, onde vai expor quatro originais de caneta esferográfica e reproduções na mostra paralela Manohead - Reflexos. O evento é organizado por Lucio Muruci, autor do livro História da Caricatura Brasileira e que convidou Fabrício para representar Santa Catarina no evento. A exposição segue até 30 de janeiro no Solar Botafogo (Rua General Polidoro, 180, Botafogo, Rio de Janeiro).