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Itapema FM  | 10/11/2013 17h59min

Tema de musical, Elis Regina será lembrada em nova biografia e em filme

Espetáculo que tem roteiro de Nelson Motta revive grandes sucessos de Elis na voz da cantora baiana Laila Garin

Marcelo Perrone  |  marcelo.perrone@zerohora.com.br

Os 30 anos da morte de Elis Regina motivaram tantos tributos à cantora que 2012 ficou curto para acomodar todos eles. As homenagens prosseguem em 2013, com o musical que estreou no último final de semana no Rio, e adentram 2014 com uma nova biografia e um filme, entre outros projetos.

A relação profissional e afetiva que teve com Elis Regina (1945 — 1982), sua amizade com os filhos dela e sua intimidade com a mais fina nata da música popular brasileira credenciam o jornalista Nelson Motta para estar envolvido em dois destes projetos: Elis, A Musical, dirigido por Dennis Carvalho, e o filme, com direção por Hugo Prata. Motta é coautor do roteiro de ambos, em parceria com Patrícia Andrade. 

 — O filme tem compromisso com a verdade histórica. O musical investe na fantasia, não tem como proposta o rigor biográfico. A ideia do filme veio antes, mas não gostei da primeira versão do roteiro, que destacava pouco a música da Elis, e decidimos refazer. Nesse meio tempo, surgiu a proposta do musical. Agora estamos no terço final do novo roteiro do filme. Se correr tudo certo, entra em produção em 2014 — diz Motta.

Com 2h10min de duração e 19 atores sobre o palco, Elis, A Musical destaca os principais momentos da vida e da carreira de Elis por meio de clássicos de seu repertório. São apresentadas 50 canções, cerca de 30 delas na íntegra. Quem vive a artista gaúcha é a baiana Laila Garin, 35 anos, cantora do projeto Ipanema Lab, selecionada após uma audição com mais de 200 candidatas. Já no cinema, a intérprete de Elis será Andréia Horta:

— A Laila é uma cantora espetacular, mas não tem nada a ver com a Elis. A Andréia é uma grande atriz. No filme, a voz nas músicas será a da Elis — destaca Motta.

A temporada carioca do musical vai até março. Depois, será a vez de São Paulo. A intenção é viajar ainda por outras capitais.

— É um espetáculo grandioso, tem uma logística complicada – diz Motta. – Mas claro que queremos mostrá-lo em Porto Alegre. — No primeiro ato mostra a Elis menina cantando no programa Clube do Guri, da Rádio Farroupilha

Também para 2014 está previsto o livro que resultou do trabalho de três anos de pesquisa do jornalista Julio Maria, repórter do Jornal O Estado de S. Paulo.

— Senti que havia alguns pulos nas histórias publicadas anteriormente. — explica Julio. — E a vida de Elis pré-sucesso, e mesmo sua descoberta em Porto Alegre, é um deles.

Confira entrevista com o autor da nova biografia de Elis Regina

Musical não aborda causa da morte de Elis

Autor de uma nova biografia de Elis Regina, Julio Maria elogia a postura dos filhos da cantora, João Marcelo Bôscoli, Pedro Mariano e Maria Rita, em relação aos trabalhos que envolvam a trajetória da cantora: 

— Eles jamais pediram a retirada de um livro que não contou com a aprovação deles, o Furacão Elis (lançado por Regina Echevarria em 1985 e com reedições recentes, a última em 2012). Tenho acompanhado esse debate das biografias muito de perto e percebido o quão é raro uma postura dessas.

O compositor e cantor Pedro Mariano comenta:

— Não vejo como censura prévia saber o que se quer fazer sobre ela. Já dissemos muito “não”, mas também vários “sim”. Eu tinha seis anos quando minha mãe morreu. Cresci ouvindo muita baboseira, muita coisa ruim a respeito dela, e ainda hoje ouço coisas que sei que a deixariam ofendida. A biografia da Regina Echevarria não é autorizada, que eu saiba. Não é um livro mentiroso, só é ruim. Já o livro do Júlio é resultado de uma grande pesquisa jornalística. Fiquei muito emocionado. Tem coisa de que não gosto, que me dói, mas jamais pediria para ele tirar. 

Nelson Motta, que já biografou personalidades como Tim Maia e Glauber Rocha e falou de muitos artistas famosos no seu livro Noites Tropicais, se diz favorável à liberação das biografias, mas alerta que é preciso cuidado com a  “picaretagem”:

—  Paguei pelos direitos à família do Tim Maia, e eles não interferiram em nada. Não tinha como fazer um biografia chapa-branca de um tarja-preta como o Tim.

Motta enfatiza a opção por não fazer referência no espetáculo à morte de Elis em decorrência do abuso de álcool e cocaína:

— Como eu disse, o musical não tem compromisso biográfico. Elis não era uma drogada, sua morte foi um acidente que se deu justamente pela falta de experiência dela com a droga. Isso, para mim, não caberia em um espetáculo que celebra de forma mágica a fantástica obra da Elis.  A droga entrou na vida dela meses antes de sua morte. Isso pode ser relevante numa biografia, num documentário, num filme que pretende contar sua história. No caso do musical, não teria nada a ver. Eu não ira fazer uma autópsia da Elis sob as luzes do palco. Minha filha viu o musical sobre a Janis Joplin na Broadway, que termina com ela cantando Summertime, e não enrolando a língua e se picando com heroína.

Os novos projetos para celebrar Elis Regina

O musical
O espetáculo em cartaz no Rio mostra episódios marcantes da trajetória de Elis, costurados por seus sucessos. Destaca a apresentação que a revelou, ainda menina, em Porto Alegre, no Clube do Guri da Rádio Farroupilha, o programa de TV O Fino da Bossa, que apresentou com Jair Rodrigues, e o famoso show Falso Brilhante. Encena ainda seus relacionamentos com Ronaldo Bôscoli e Cesar Camargo Mariano.

O livro
Ainda sem título, a biografia escrita pelo jornalista Julio Maria tem lançamento previsto para 2014. O autor contou com a autorização dos filhos da cantora, João Marcelo Bôscoli, Pedro Mariano e Maria Rita. Julio pesquisou por três anos para trazer passagens da vida da cantora não contempladas em outros registros, sobretudo a juventude de Elis em Porto Alegre antes de conquistar o Brasil.

O filme
Em fase de roteirização, a cinebiografia de Elis, a ser dirigida por Hugo Prata, ainda não teve divulgados elementos relevantes do seu enredo. O roteiro é assinado por Nelson Motta e Patrícia Andrade, dupla responsável pelo texto de Elis, A Musical. A atriz Andréia Horta (na foto) foi anunciada como a intérprete da cantora. Em um especial da Globo,  de 2006, Elis foi vivida por Hermila Guedes.

Confira um depoimento de Laira Garin e os bastidores dos ensaios de Elis, A Musical:

SEGUNDO CADERNO
Daniel Marenco / Folhapress

Laila Garin revive cantora em "Elis, A Musical". em cartaz no Rio
Foto:  Daniel Marenco  /  Folhapress


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