O que poderia causar estranhamento há alguns anos atualmente faz parte da rotina de muitas mulheres no Brasil: elas gostam de jogar videogame e assumem isso sem problema algum. Embora ainda existam algumas barreiras a serem vencidas, o público feminino está literalmente com o controle na mão.

É o caso da jornalista Risa Lemos Stoider, de 26 anos. Moradora de São José, ela se considera uma gamemaníaca desde os quatro anos de idade, quando jogava com o pai todos os fins de semana no Telejogo, um videogame simples onde duas barras se movimentavam na tela do aparelho para rebater a bola. Desde então, Risa coleciona consoles de várias gerações e hoje soma 20 aparelhos.

— Quando bate aquela saudade, gosto de poder jogar com os (games) antigos — comenta.

A paixão pelos games também foi decisiva para Risa encontrar o parceiro ideal. Há 13 anos, ela se identificou em uma sala de bate-papo com o nickname gamemaníaca e sua identidade virtual foi questionada por Alexandre, seu futuro namorado. Marcaram encontro em um fliperama, ficaram amigos e mais tarde casaram. Na festa, enfeitaram o bolo com o desenho de um videogame.

Hoje Risa joga em média uma hora por dia. A assiduidade aumenta nos fins de semana, quando ela ganha a companhia de Alexandre, outro gamemaníaco.

— A gente se ajuda na hora de zerar um jogo. Se ele não gostasse de games, não iria funcionar — brinca.

A jornalista escreve sobre tecnologia e games no site especializado Adrenaline e afirma que conhece muitas mulheres que jogam, mas costumam se "esconder" porque sentem-se hostilizadas pelos gamers.

Mudança de comportamento dos homens pode fazer mais garotas se interessarem

— Eles não querem jogar com a gente, querem dar em cima ou duvidam que somos mulheres. Partem do princípio que se tem alguém jogando, ele é homem — avalia.

Para a jornalista, a mudança de comportamento dos homens pode estimular o ingresso de mais mulheres no mundo dos games. Pesquisa da consultoria ESPM, realizada em parceria com a empresa de games Sioux e a de pesquisa de mercado Blend New Research, mostrou que as mulheres representam hoje 41% dos gamers brasileiros. De acordo com o levantamento, as jogadoras têm em média 32 anos de idade, e os homens, 35.

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As mulheres representam hoje 41% dos gamers brasileiros

Entre os dispositivos mais comuns usados por homens e mulheres para jogar estão PC (85%), smartphone (73%), console (66%) e tablet (31%)

Entre duas horas e 2h50min é o tempo médio que os gamers dedicam diariamente à diversão

Os jogos preferidos das mulheres são, pela ordem, os de estratégia (22%) e de ação e aventura (20%)

Entre os homens, os games preferidos são os de ação e aventura (23%) e os de tiro (20%)

* Foram entrevistadas 823 pessoas, de 14 a 84 anos, entre os dias 2 e 16 de setembro de 2013.

Fonte: ESPM