A Associação Procure Saber pode estar com os dias contados. Há um racha público entre os artistas da entidade por causa da condução do tema das biografias não-autorizadas. As divergências devem sepultar a entidade, como antecipa a jornalista Mônica Bergamo em sua coluna de sábado na Folha de S. Paulo.

Tal racha está explícito na imprensa hoje,  no jornal O Globo deste domingo. Em sua coluna no jornal, Caetano Veloso criticou publicamente a atitude de Roberto Carlos, que "só apareceu agora, quando da mudança de tom" na discussão sobre as biografias.

"RC só apareceu agora, quando da mudança de tom. Apanhamos muito da mídia e das redes, ele vem de Rei. É o normal da nossa vida. Chico era o mais próximo da posição dele; eu, o mais distante", escreveu Caetano. "De minha parte, apesar de toda a tensão, continuo achando que estamos progredindo."

Em texto publicado em sua coluna dominical no jornal O Globo, o baiano também critica a participação do advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, 56, nas ações do grupo.

"Kakay é advogado de RC, não fala oficialmente pela associação. E RC só apareceu agora, quando da mudança de tom. Apanhamos muito da mídia e das redes, ele vem de Rei. É o normal da nossa vida. Chico era o mais próximo da posição dele; eu, o mais distante", escreveu Caetano na coluna.

Kakay presta consultoria a Roberto Carlos na disputa judicial em torno das biografias e frequentou reuniões do grupo Procure Saber, que apoiou publicamente a exigência de autorização prévia para a publicação de biografias – uma posição que sempre foi defendida por RC.

Agora, Caetano critica a mudança de posição de Roberto Carlos, que em 2006 travou uma batalha jurídica contra a publicação de Roberto Carlos em Detalhes, livro escrito por Paulo Cesar de Araújo. A editora retirou a biografia não-autorizada de circulação.

O baiano critica também os conselhos recebidos por um "administrador de crises" convocado por Kakay e por Dody Sirena (empresário de Roberto Carlos), que sugeriu uma nova abordagem do assunto.

No Fantástico do último domingo, o Rei afirmou ser a favor das biografias não autorizadas, desde que houvesse "certos ajustes" à legislação vigente.

Na semana passada, Gilberto Gil, Roberto Carlos e Erasmo Carlos estão em um vídeo divulgado pelo grupo Procure Saber nas redes sociais explicando a posição da associação, que a princípio se colocou contra a mudança na legislação que permitiria a circulação de biografias sem autorização prévia de seus personagens.

ENTENDA O CASO

Há uma ação judicial de inconstitucionalidade impetrada no Supremo Tribunal Federal pela Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel) tentando derrubar a exigência de autorização prévia do biografado, expressa nos artigos 20 e 21 do Código Civil, reformado em 2002.

O Procure Saber é presidido pela produtora Paula Lavigne e também integrado por Caetano Veloso, Chico Buarque, Djavan e outros. Ele defende que a lei permaneça como está e argumenta que o direito à privacidade deve ser garantido.