O ano ainda não acabou mas as boas novas para a 11ª Feira do Livro de Joinville estão a caminho. Será lançada nesta segunda, às 18h30, na Associação Empresarial de Joinville (Acij), a feira de 2014, que terá como tema O Prazer da Leitura.

Maria Antonieta Cunha, escritora mineira e ex diretora da Biblioteca Nacional, é a curadora oficial do evento e quem apresentará as novidades. Pela manhã, às 10 horas, o evento será apresentado para imprensa e convidados.

A idealizadora da Feira do Livro de Joinville e presidente do Instituto de Cultura, Educação, Esporte e Turismo, Sueli Brandão, adianta que haverá mudanças na estrutura do evento, marcado para o período de 4 a 13 de abril.

No lugar de palestras, mais diálogos com o público, espetáculos e uma nova categoria que promete agitar os participantes: o Prêmio Literário, com abrangência estadual. A solenidade de lançamento é aberta ao público.

Confira entrevista com a curadora da 11ª Feira do Livro, Maria Antonieta Cunha.

Como recebeu o convite para ser a curadora da Feira do Livro?
Maria Antonieta Cunha – Recebi o convite da Sueli Brandão com muito gosto e entusiasmo. Conheço Sueli há muito tempo (foi minha aluna no então ginásio) e conheci a Feira do Livro de Joinville. Isso me fez aceitar com o maior interesse o convite, certa de que há espaço para fazer uma curadoria que torne a feira uma experiência rica para leitores em geral e para os empenhados na promoção da leitura; poder público e educadores, mostrando que o livro apenas comprado não cria leitores. É uma possibilidade de começo da história da leitura para determinada pessoa e produtores da área do livro.

Qual sua opinião sobre a iniciativa do evento em ter uma curadoria, considerando que esta edição será a décima primeira?
Maria Antonieta – Uma curadoria tem sempre a possibilidade de curar/cuidar da feira como algo maior e mais amplo que um evento: olhando de forma mais sistêmica. A feira pode ser uma grande oportunidade de ampliar as experiências de leitura e de mediação da leitura, insistindo num ponto fundamental para crianças, jovens e adultos: a literatura, como todas as artes, vingando na vida de cada sujeito, captura cada um pelo prazer, prazer do conhecimento, da alegria, do compilhamento. Em 2014, tentaremos aproveitar todas as conquistas das edições anteriores. Estou certa de que os avanços que estamos propondo são decorrência das dez vezes em que a feira aconteceu.

Em 2012 a Feira do Livro teve o primeiro curador – Alcione Araújo – iniciando um processo para aproximar o escritor e o leitor, descaracterizando a feira apenas por seu viés de venda de livros, mas promovendo maior debate sobre as práticas leitoras. Como a senhora avalia este aspecto e como será seu trabalho?
Maria Antonieta – Alcione Araújo, um grande amigo e sobretudo um dos grandes autores que se ocuparam de pensar a cultura e a leitura, sobretudo literária, como base de uma educação verdadeiramente evolucionária, no melhor sentido da palavra, sempre procurou mostrar que o livro apenas comprado não cria, por si, um leitor. Temos de ajudar o leitor a abrir o livro e descobrir o que há de absolutamente extraordinário nas suas páginas, se for um bom livro. Por isso, uma feira, mais do que vender livro, tem de ajudar a cidade a descobrir a leitura e o livro, cada vez mais.

Por sua atuação na Fundação Biblioteca Nacional, como vê o crescimento da leitura no Brasil? O País avança ou pode avançar mais?
Maria Antonieta – As pesquisas mais variadas mostram que a média de leitura no Brasil é muito baixa, das mais baixas na América Latina, para não ir muito longe. Menos de 50% dos brasileiros lê mais de um livro no ano. Certamente, pessoas que ainda não entenderam o poder de transformação de vida da leitura, nem reconhecem a leitura como um direito inalienável de todo cidadão, tanto quanto a moradia, a saúde e a educação – entre outros direitos humanos importantes.