Italiano de nascimento, nova-iorquino por afinidade e brasileiro por paixão, o psicanalista freudiano Contardo Calligaris é um especialista em desvendar a alma humana. Doutor em psicologia clínica, se apaixonou pelo Brasil – ou melhor, por uma brasileira – quando veio participar de uma série de conferências na década de 1980. Decidiu casar e ficar, muito embora continue sendo um cidadão do mundo. Aprofundou-se nos estudos sobre o nosso povo, tornando-se um especialista nas complicações psíquicas do brasileiro.

Desde 1999 é titular de uma coluna no caderno Ilustrada, da Folha de São Paulo, o que faz dele um dos psicanalistas mais populares e reverenciados do país. Nada escapa de seu olhar crítico, às vezes radical, às vezes irônico, mas sempre verdadeiro. Outra qualidade é sua simplicidade narrativa. Simplicidade no bom sentido: ele consegue, com maestria, trazer a psicanálise para o cotidiano, usando palavras e expressões do vocabulário do brasileiro comum. Ele é entendido e, por isso, tão apreciado pelos leitores.

Tem Twitter e já arrebanhou 9 mil seguidores, mas ainda não se rendeu ao Facebook. Isso, no entanto, não significa que seja contrário às novas tecnologias. As redes sociais, diz, são extremamente salutares. Escrever é uma forma de quebrar a solidão, que pode ser tenebrosa, explica. Para Calligaris, existe uma função terapêutica importante nesse ato de se expor:

— Quando você senta para escrever, seja no Twitter, Facebook ou um microblog, de alguma forma você vai romancear a sua história, e esse é um trabalho transformador, que dá sentido à existência. Precisamos ter esta dimensão de que a nossa vida é uma história que vale a pena ser contada.

Ele vem se saindo também um excelente contador de histórias. Depois de vários livros de ensaios, voltados ao universo da psicanálise, decidiu aventurar-se na ficção. Mas nem tão ficcional assim: seu primeiro livro nesta seara, O Conto do Amor, abordou o relacionamento de um psicanalista com o seu pai. O primeiro capítulo ele confessa ser totalmente autobiográfico.

Depois veio A Mulher de Vermelho e Branco, que narra a história de um psicanalista brasileiro radicado em Nova York e de suas intrigantes pacientes. Será mera coincidência?

Entre suas muitas habilidades está a de induzir as pessoas à reflexão sobre a existência humana - e sobre a sua própria vida. E só por isso, por nos fazer pensar em nós mesmos, já vale ouvi-lo no Fronteiras do Pensamento.

Fronteiras do Pensamento

O Fronteiras do Pensamento ocorre nesta terça, com conferência de Contardo Calligaris, e na quarta-feira, com Marcelo Gleiser, às 20h no Auditório da Fiesc (Rodovia Admar Gonzaga, 2765, Itacorubi, Florianópolis).
Os ingressos para o evento estão esgotados.
Mais informações: (48) 4062-0065.