Cláudia Morriesen  |  claudia.morriesen@an.com.br

Em  2004, quando o fotógrafo gaúcho Chico Maurente chegou a Joinville, era comum as grandes marcas da região chamarem fotógrafos de fora para produzirem os catálogos de cada uma de suas coleções.

Agora, já veterano na cidade, ele faz o caminho contrário e leva as marcas para longe, onde captura a essência das novas tendências em ensaios feitos em locações internacionais.

O projeto, batizado de Caravana Internacional da Moda, começou em novembro de 2012 e parte para a terceira aventura em novembro deste ano, quando fotografa em Amsterdã, Chamonix e Londres, entre outros lugares que servirão de cenário para as novas roupas das grifes nacionais.

A iniciativa partiu do fotógrafo, que montou uma equipe internacional — cinegrafista, maquiador, cabeleireiro e produtora — para fazer turnês pela Europa em busca dos cenários perfeitos. Dessa forma, valorizava as imagens ao mesmo tempo em que baixava os custos de produção das marcas que o contratavam.

— No início, não foi nada fácil convencer as pessoas. Imagina, eu queria pegar as roupas de uma coleção nova, colocar na mala e levar para outro país. Por isso, na primeira caravana, só cobrei depois que voltamos — conta Chico, que agora usa as redes sociais para registrar todo o processo em tempo real.

O objetivo do projeto é fazer com que as pequenas e médias empresas também possam fotografar em locações internacionais, investindo o mesmo valor que se estivessem fotografando no Brasil.

A ideia é simples: o estúdio fecha com dez marcas, que escolhem as locações a partir de um destino principal, definido previamente pela equipe.

Até agora, a Europa foi o continente desejado nas três edições, mas a equipe está aberta para outros cenários e culturas. Lá, modelos brasileiros são contatados e participam do ensaio fotográfico, produzido com 20 looks para cada marca.

— A gente percebe que os modelos se sentem muito mais à vontade quando trabalham com uma equipe do mesmo país. E se entregam, ajudam a carregar a produção, não reclamam de nada, nem quando precisamos ir para locação de metrô — conta o fotógrafo.

Capitais da moda

A escolha da primeira cidade por onde a Caravana Internacional da Moda passou foi casual, mas significativa para o processo: Milão. Logo depois, a equipe foi para a Grécia, concluindo o roteiro com Paris e Veneza.

— A Europa é o berço da moda e essa referência não pode ser negada. As pessoas comentam que, em tempos de Photoshop, não é necessário viajar para isso, mas sentimos que é mais verdadeiro fotografar lá, e na estação certa da coleção — afirma Chico.

Com a viagem, a equipe garante que as tendências de verão serão realmente fotografadas em dias de altas temperaturas, assim como o inverno será representado pela neve no fundo.

Além disso, a produtora de moda Lica Poltozi consegue complementar os looks com peças que compra em lojas europeias, depois de observar nas ruas o que é realmente usado naquela estação.

Diário de viagem

— Chegamos para fotografar em Veneza, e eu dei o dia seguinte de folga para a equipe porque a previsão era de tempo bom dali a dois dias. Só que, quando chegou, descobrimos que era feriado, dia santo, e Veneza ficou lotada de turistas. No fim, nós viramos atração, fotografando no meio das pessoas.

Os empresários geralmente escolhem os pontos turísticos como cenário dos catálogos. Só que não tem uma hora em que a Torre Eiffel fique vazia, por exemplo. Então, quando acontece, a gente tem que gritar 'vai, vai, vai' e fotografar.

Passamos 18 horas em um trem de Veneza para Paris. Primeiro, teve um nigeriano que foi preso. Depois, quando o trem ia seguir viagem, uma mulher entrou em trabalho de parto e tivemos que parar de novo. Isso tudo em cinco em uma cabine só.

 

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