Meio-dia. Enquanto muitos se preparam para vencer os sinais de fome que o corpo começa a dar e almoçar, Felipe de Carvalho Luz e Fernando Faquere Sanches Moreira, de 6 anos, chegam afobados, às gargalhadas, à sala de música do Sesc Joinville para a turma de musicalização infantil. Nesse horário, apenas os dois estão matriculados – o que não significa um desafio pequeno para o experiente professor Fabio Fellipi.

Aos 33 anos, ele conta que sua história com a música começou quando tinha dez e, na escola, passou um ano estudando flauta doce. Mais tarde, ganhou do pai – que é músico e toca violão em festas – um teclado.

Lá pelos 15 anos, passou a aprender violão. Fábio também teve experiências com guitarra, mas não era sua praia, como ele mesmo diz. Hoje, faz trilha sonora para peças teatrais e, há dois meses, leciona no Sesc, além de musicalização infantil, violão e flauta doce.

Segundo o professor, a música ajuda na coordenação motora, desenvolvimento intelectual e emocional, por isso é tão importante que faça parte da vida das pessoas desde muito cedo. Para os pequenos, Fábio ensina noções de ritmo e sonoridade. Ele procura mostrar todos os instrumentos que tem acesso e, com isso, parece agradar os alunos.

Na segunda aula de Fernando, o menino revela que já teve contato com bumbo, xilofone, triângulo e percussão. A verdade é que ele não lembrava o nome de mais da metade dos instrumentos, mas, com ajuda do professor e aos batuques, pôde explicar o que aprendeu e o que deseja aprender.

— Meu irmão toca violão muito bem. Eu acho difícil. Mas, quando crescer, quero fazer isso também — diz.

A turma de musicalização infantil não tem avaliação. São atendidos até cinco alunos por horário. A partir do momento que nota uma inclinação ou gosto maior de determinado instrumento, Fábio direciona a aula nesse sentido. Sem método fixo, ele dá o que chama de curso livre, no qual procura trabalhar individualmente as necessidades das crianças, mesmo que em grupo.

— Cada um trabalha na própria velocidade, especialmente aqui, por não haver níveis. Este é o maior desafio, inclusive: personalizar as atividades de forma a respeitar as individualidades de cada um. Muita gente quer aprender rapidamente, mas não percebe que, para tocar extremamente bem, é preciso anos de estudo e dedicação — explica.

Felipe está no curso há aproximadamente um mês. Seus instrumentos favoritos, diz ele, são o teclado e o pau de chuva.

— Tem som de semente!

O menino diz que achou tudo fácil e está louco para aprender mais.

— Quero tocar todos os instrumentos. Todos. E flauta!

Um hobby

Tocar um instrumento musical pode ser benéfico de diversas formas. Noções como concentração, responsabilidade e convívio social estão entre as desenvolvidas por estudantes de música de escolas que o Anexo visitou na última semana, conforme eles mesmos apontaram. E, como os pequenos alunos da turma de musicalização infantil do Sesc, muita gente começa a praticar ainda quando criança.

Foi assim com Simone Schliewert de Paiva, professora de violino desde 2007 na Escola de Música Villa-Lobos, na Casa da Cultura. Hoje com 33 anos, ela iniciou aos oito no mesmo local onde leciona. Agora, a violinista – que também é psicóloga – repassa aos 27 alunos atuais tudo o que absorveu durante sua formação no espaço. Um deles é Vinícius Aguiar, 12 anos.

O adolescente está no nível básico do curso, mas já próximo de avançar uma etapa. Ele vai à escola três vezes por semana para praticar. Além das aulas, faz teoria musical e treina com a orquestra. São cerca de quatro horas semanais na Villa-Lobos, fora os ensaios e apresentações na igreja, onde toca com a família.

Apesar da rotina intensa, Vinícius já tem definido o futuro profissional: ele planeja ser engenheiro naval. A música é uma paixão, mas, ao menos por enquanto, fica apenas no campo dos hobbies.

Um sonho antigo

A veia artística de Johel Alvez Bright, 38 anos, já o fez experimentar de tudo um pouco. Agora é a vez da música. No Conservatório Belas Artes de Joinville, ele estuda piano e técnica vocal. O interesse pelo instrumento surgiu na adolescência, mas a família nunca teve condições de pagar as aulas.

Cineasta, Johel está fazendo um documentário em Itapoá, então vem toda semana a Joinville para fazer os cursos.

Como autodidata, já lia partituras e estudou por conta própria teoria musical, tamanha sua vontade de aprender. Empenhado, ele conta que procura treinar todos os dias. Quando não consegue, fica triste.

— Cada dia sem praticar é um dia de atraso para o meu sucesso — diz.

E ele fala sério. Johel não sonha pequeno: sua pretensão é tocar tão bem quanto John Lennon e Fred Mercury.

— São grandes referências. Quando eu chegar nesse patamar, decido se vou ganhar dinheiro com música ou não — planeja, aos risos.

Descubra alguns locais que em que há ensino de música em Joinville

ONDE: AGT Neto Stenger. Rua Alexandre Schlemm, 257, Bucarein.
O QUÊ: guitarra, violão, ukulele, baixo, teclado, bateria e prática de bandas. Sete anos é a idade mínima.
QUANDO: inscrições a qualquer momento. Aulas individuais, exceto para violão, que pode ser em dupla. Atendimento de segunda a sábado.
QUANTO: matrícula de R$ 60. Mensalidades variam entre R$ 110 e R$ 120.
INFORMAÇÕES: pelo telefone 47 3439-3203 ou e-mail contato@agt.mus.br.
 
ONDE: Arte Maior. Unidade infantil: rua Lages, 59, América. Matriz: rua Orestes Guimarães, 104, América.
O QUÊ: musicalização infantil (oito meses a dez anos); dos sete aos dez anos, linguagem musical, violão, guitarra, teclado, piano, violino e flauta doce. A partir dos sete, o aluno também pode optar por um dos cursos na matriz. Há aulas de guitarra, violão, contrabaixo, violino, teclado, piano, acordeom, bateria, saxofone, flauta transversal, técnica vocal, produção musical, teoria musical, harmonia musical e prática de bandas. Para curso de DJ, a idade mínima é de 13 anos.
QUANDO: matrículas podem ser feitas a qualquer momento e as aulas são individuais. No caso de DJ e produção musical, no entanto, as inscrições para turmas abrem-se em fevereiro e agosto.
QUANTO: mensalidade varia de acordo com a carga horária e modalidade que o aluno escolhe. Valores entre R$ 150 e R$ 190. Taxa de matrícula custa R$ 60.
INFORMAÇÕES: pelos telefones 47 3028-8814 (infantil) e 47 3433-8807 (matriz) e no site www.artemaiorjoinville.com.br.
 
ONDE: Conservatório Belas Artes. Rua Aubé, 427, Centro.
O QUÊ: musicalização infantil (três a cinco anos) e instrumentalização (seis a oito anos). Para crianças acima de nove anos, adolescentes e adultos, há aulas de acordeom, bateria, cavaquinho, flauta doce, flauta transversal, contrabaixo elétrico, DJ, guitarra elétrica, musicalização para professores, piano erudito e popular, saxofone, trompete, trombone, percussão, teclado, técnica vocal, viola caipira, violão erudito e popular.
QUANDO: matrículas podem ser feitas a qualquer momento.
QUANTO: mensalidade varia de acordo com a carga horária que o aluno escolhe. Valores entre R$ 180 e R$ 246.
INFORMAÇÕES: pelo telefone 47 3026-1816 e no site www.belasartesjoinville.com.br.
 
ONDE: Escola de Música Villa-Lobos (Casa da Cultura). Rua Dona Francisca, 364, Centro.
O QUÊ: acordeom, piano erudito e popular, violão, flauta doce, flauta transversal, trompete, trombone, saxofone, violino, viola (de orquestra), violoncelo, contrabaixo acústico, contrabaixo elétrico, guitarra, bateria, prática de conjunto. Oito anos é a idade mínima, exceto para cursos populares (12 anos).
QUANDO: a escola admite novos alunos em fevereiro de cada ano. A inscrição é feita pela internet e os estudantes são chamados por ordem de acesso ao sistema. Já os novos alunos com experiência realizam prova de proficiência para ingressar. Os interessados que não conseguirem vaga ficam em uma lista de espera e podem ser chamados ao longo do ano letivo.
QUANTO: no ato da matrícula, é preciso pagar a primeira mensalidade (R$ 45) mais uma taxa de R$ 25 para custear o material utilizado durante o ano.
INFORMAÇÕES: pelo telefone 47 3433-2266.
 
ONDE: Sesc Joinville. Rua Itaiópolis, 470, América.
O QUÊ: musicalização infantil e para professores, violão, flauta doce e teoria musical.
QUANDO: as inscrições abrem-se no final de cada ano letivo e se estendem até o primeiro dia de aula, no início do ano seguinte. Em julho, conforme número de vagas ainda disponíveis, ocorre novo processo de matrícula. As aulas acontecem de segunda-feira a sábado.
QUANTO: não há taxa de matrícula, mas o interessado paga a primeira mensalidade no ato da inscrição. Valores entre R$ 76 e R$ 116. Comerciários e conveniados do Sesc têm desconto. Para maior eficácia no aprendizado, há a orientação de que os alunos adquiram a flauta doce para fazer as aulas.
INFORMAÇÕES: pelo telefone 47 3441-3305.