Durante os quase vinte anos em que Mário Avancini foi professor na Casa da Cultura, sempre trabalhou em suas esculturas nos jardins da Casa. Uma dessas obras, que está inacabada, foi desenterrada do pátio da Casa da Cultura durante as obras de reformas do espaço.

Segundo Maria Helena Scaglia, coordenadora da Escola de Artes Fritz Alt, não existem registros de data e nem de nome desta obra. O trabalho foi efetuado em uma pedra de granito vermelho, de uma rigidez extrema. 

— Segundo pesquisas e registros orais da família, pelas características dos traços, a pedra deve ter sido utilizada como estudo.

Os relatos de Marcos Avancini, que acompanhou a trajetória do pai desde a década de 70, afirmam que a pedra era utilizada como amostra do trabalho do artista. Segundo ele, enquanto Mario trabalhava na obra Mãe Blumenauense, amigos e artistas avaliavam Avancini, dizendo que seu trabalho era fácil ou que queriam aprender. Então, ele deixava a pedra ali para que as pessoas pegassem suas ferramentas e tentassem esculpir da forma como fazia.

De acordo com Marcos Avancini, artistas da região como Antonio Mir, Lindof Bell, Harry Laus e até o ex-prefeito Nilson Bender tentaram trabalhar a pedra ao lado de seu pai.
A obra foi desenterrada por Gessonia Carrasco, restauradora e coordenadora do Arquivo Histórico de Joinville, em parceria com os apenados que trabalhavam nas reformas do prédio da  Casa da Cultura.

— Mais de 50% da pedra trabalhada estava enterrada nos jardins da Casa. A pedra deve estar ali há pelo menos 35 anos — destaca Maria Helena.

A restauradora vai efetuar a limpeza da peça que deverá ser instalada em um local definitivo nos jardins da Casa. O projeto paisagístico será realizado pela paisagista Ivana F. Borba.

— Sabendo das reformas e da vontade das crianças em voltarem a cursar suas aulas lá, decidimos apoiar e preparar um projeto bem bacana — diz Ivana.

O trabalho de medição do terreno deve ser iniciado nos próximos dias. Segundo Ivana, a obra de Avancini é maravilhosa e toda a proposta vai valorizar ainda mais a peça e as folhagens já existentes no local. A intenção é integrar os jardins à Mata Atlântica existente nos fundos da Casa da Cultura.

— Por Mário Avancini ter sido um ícone da escultura joinvilense, também professor da Casa da Cultura, esta obra inacabada passa a ter um valor histórico cultural de relevância imensurável — reconhece Maria Helena.