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Itapema FM  | 27/08/2013 14h43min

Paulinho Moska: "É difícil para mim fazer a mesma coisa por muito tempo"

O músico, que se apresenta em Florianópolis nesta quinta-feira, conversou com a Itapema FM sobre a atual turnê

Marina Martini Lopes  |  marina.lopes@itapemafm.com.br

Paulinho Moska lançou seu último disco de inéditas, Muito Pouco, ainda em 2010; mas não parou desde então: depois de dois anos de turnê, o músico gravou o DVD Muito Pouco Para Todos e voltou à estrada, já tendo passado por diversas cidades do Brasil, e até mesmo outros países da América do Sul. Se ele já tem planos para um novo álbum de inéditas? "Sim e não", ele responde, rindo; dizendo que, sim, já tem muitas músicas escritas, mas ainda não encontrou o tema adequado para conduzir seu próximo trabalho. O show atual, porém, já pode estar indicando um novo caminho em sua carreira: "mais alegre, mais rocker, até". Enquanto experimenta e procura a sua chamada "canção-síntese", Paulinho Moska volta a Florianópolis com o show Muito Pouco Para Todos, que apresenta no Teatro do CIC nesta quinta-feira - e traz também uma música inédita, Somente Nela. Foi sobre o momento atual de sua carreira que o músico conversou com a Itapema FM, em entrevista exclusiva.

Itapema: Como é o show que você vem apresentar em Florianópolis?
Moska: Esse show é baseado no meu disco Muito Pouco, que é um CD duplo. São duas atmosferas diferentes: a parte do "muito", que é mais sonora, com banda; e a parte do "pouco", que é mais silenciosa, mais sussurrada, digamos assim. É basicamente como eu vejo o mundo de hoje: existe um excesso, de tudo, de informação, de violência; e existe essa necessidade de fazer arte, de fazer poesia. E quando eu digo fazer poesia não é só sentar e escrever, compor; é ter um olhar poético em relação ao mundo. Eu acho que, na essência, nada é feio ou bonito: a beleza está no seu modo de olhar para as coisas. E eu descobri que, para ter esse olhar poético, é preciso desacelerar um pouco; inventar o próprio mundo, o próprio espaço, para ter tempo e lugar para a poesia. O show reflete tudo isso, essa dualidade do mundo atual. Cada música ganha um visual diferente, com as imagens que vão aparecendo no telão: tem fotos minhas, da minha família, tem desenhos... A ideia é criar uma atmosfera meio de cinema, meio de teatro. Eu acho que eu só me sinto um artista contemporâneo quando crio essa coisa mais múltipla.

Itapema: Quem for ao show pode esperar algo parecido com o DVD Muito Pouco Para Todos, então?
Moska: Mais ou menos. O show virou um DVD, mas agora o show já está um pouco diferente do DVD. (risos) Imagina, a gente já estava em turnê há dois anos quando fez a gravação, e a gravação foi feita há um ano... Assim que o show foi gravado, parece que eu pensei: "Já está registrado, então vamos em frente, vamos fazer coisas novas". Eu estou sempre em processo, de criação, de produção, então é difícil para mim fazer a mesma coisa por muito tempo.

Itapema: Nesse tempo de turnê, você passou por vários lugares do Brasil, e também por outros países da América do Sul, inclusive tendo participações de artistas estrangeiros nos seus shows. Como foi isso?
Moska: Olha, viajar pela América do Sul, fazer esse intercâmbio com outros artistas sul-americanos, isso tem sido uma coisa muito definitiva na minha vida. Começou há uns bons anos atrás, quando eu conheci o Jorge Drexler. Eu comecei a absorver uma latinidade que eu não tinha. O brasileiro tem um pouco dessa coisa meio arrogante, meio preconceituosa com os países daqui, até mesmo com a língua espanhola. E eu acho isso uma tolice, tenho até vergonha dessa postura; essa coisa de voltar as costas para a América do Sul e ficar babando nos Estados Unidos e na Europa, que são lugares com uma cultura muito mais diferente da nossa. Eu gosto de promover o que eu chamo de "portunhol étnico": claro que o portunhol, como idioma, é só uma utopia; mas esse portunhol da atitude, do abraço, é muito válido, e muito possível. Por que é que a gente chama esses caras de "hermanos", mas não transforma todo mundo em uma grande família? O Brasil precisa se considerar mais sul-americano. Sem fazer isso, a gente acaba perdendo muita coisa.

Itapema: Você está apresentando uma música nova, Somente Nela. Do que ela fala? De onde surgiu a inspiração para a letra?
Moska: Essa letra não é minha, na verdade; é do Carlos Rennó, que é um grande letrista. Ele foi um dia em um show meu e depois foi falar comigo; chegou dizendo "você é um romântico! Você fala muito bem de amor!" (risos) Aí ele me falou que ia me mandar as letras de algumas músicas dele, que, ele dizia, eram "apaixonantes", e que eu ia gostar. E, de fato, ele me mandou e eu gostei muito dessa música, porque fala de paixão. Mas não é aquela paixão tranquila, platônica; é uma paixão explosiva, febril. Por isso que eu gostei. Eu acho que paixão é o que faz a gente se mexer: desde essa paixão de um ser humano pelo outro até a paixão pelo dia que está começando, sabe, aquela que te faz levantar da cama de manhã. Acho que a paixão tem que estar em tudo o que você faz - em diferentes níveis, diferentes intensidades, mas tem que estar lá. A paixão sempre se manifestou em mim dessa maneira mais intensa, mais explosiva. Eu acho que foi ela quem me levou a ser artista.

Itapema: Muito Pouco foi lançado em 2010. Você já tem planos para um novo álbum de inéditas?
Moska: Sabe, eu já ouvi falar de artistas como o Djavan, que conseguem entrar em estúdio e compor um disco em um mês, ou ir escrevendo enquanto gravam... Eu acho muita loucura, não consigo fazer isso, não. (risos) Tudo o que eu faço na minha vida passa por um filtro, que é a canção. A canção é a rainha da minha vida. Minhas atividades vão, aos poucos, me dando motivos para compor - então eu vou compondo pedaços de uma música aqui, de outra ali... De repente eu vejo que, no meio disso tudo, tem alguma coisa maior, um fio condutor. Quando eu escrevi Muito Pouco, por exemplo, eu sabia que essa música ia conduzir a um disco. Então eu posso dizer que eu já tenho muita coisa escrita; algumas músicas prontas, outras aos pedaços, mas ainda não encontrei isso que eu chamo de "canção-síntese", o tema principal para um próximo disco. Eu sinto que ele está chegando. O próprio show que eu estou apresentando agora já mudou um pouco, já é um show mais alegre, mais rocker até, com um impacto mais forte. Então talvez eu siga por aí: sair um pouco dessa simplicidade do Muito Pouco, e ir por um caminho mais forte, com mais vitalidade. Quem sabe? Mas por enquanto eu ainda tenho pelo menos mais um ano de turnê... Então acho que a resposta para esta pergunta é sim e não. (risos)

ITAPEMA FM
Paulinho Moska / Divulgação

Moska: "Tudo o que eu faço na minha vida passa por um filtro, que é a canção. A canção é a rainha da minha vida."
Foto:  Paulinho Moska  /  Divulgação


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