Itapema FM | 23/08/2013 14h50min
Correção: O personagem de Jorge Drexler é pai de um menino e uma menina, e não de duas filhas. A informação foi corrigida no texto.
Jorge Drexler decidiu arriscar o caminho que costuma seduzir astros da música como ele. O cantautor uruguaio faz sua estreia como ator na comédia romântica A Sorte em suas Mãos, em cartaz a partir desta sexta-feira (23/8), em Porto Alegre.
E não é uma presença discreta. Drexler é o protagonista do novo filme de um dos mais importantes diretores do cinema argentino, Daniel Burman. Realizador de, entre outros bons títulos, O Abraço Partido, As Leis de Família e Dois Irmãos, Burman confiou a Drexler o papel de Uriel, apresentado em A Sorte em suas Mãos como um tipo verborrágico, ansioso, deprimido e convencido de que o universo conspira contra ele. Uriel vive em Buenos Aires, é divorciado e pai de um menino e uma menina.
A opção pela vasectomia que discute com o médico no começo do filme é mais um elemento de aflição em sua rotina de insatisfações. Tem um emprego que detesta, à frente da financeira que herdou do pai, já não alimenta grandes esperanças de uma nova relação estável no campo afetivo, e seu prazer maior é solitário: o vício em pôquer.
É numa de suas escapadas para o carteado nos cassinos da cidade de Rosário que Uriel reencontra Gloria (Valeria Bertuccelli), uma paixão da juventude. A faísca se dá em ambos, mas as mentiras que ele costuma contar para florear sua vida sem graça serão motivos de sorrisos do espectador e de idas e vindas do casal.
Como é recorrente em sua obra, Burman faz do acaso e da cultura judaica elementos com relevo na trama. O diretor também incorpora à narrativa um interessante componente musical, o que parece deixar Drexler mais confortável no correr da história ao lado de ótimos parceiros de elenco – que conta ainda com a veterana Norma Aleandro.
O grande sonho de juventude de Uriel era trabalhar como produtor de grandes shows. Uma das mentiras que ele aplica em Gloria é a de ser responsável por um espetáculo da Trova Rosarina, movimento que despontou em Rosário no começo dos anos 1980 e revelou nomes como Juan Carlos Baglietto e Fito Páez – a marca sonora do coletivo era combinar rock com tango e música folclórica. Baglietto, ao lado de Silvina Garré, Adrián Abonizio e Rubén Goldín, outro nomes de destaque da Trova Rosarina, entram em cena como eles mesmos.
Já com um Oscar na estante, por conta da música que compôs para o filme Diários de Motocicleta, do brasileiro Walter Salles, Drexler se sai bastante bem como ator. Diz ele em entrevistas que o convite de Burman foi ao mesmo tempo surpreendente e irrecusável, mas que não planeja se dedicar à nova carreira. Gostou tanto de Uriel e do resultado que, brinca, teme não repetir a boa performance mais adiante.
Talento dramatúrgico ele mostra que tem, basta escolher parceiros de confiança como Burman para prosseguir diante da câmera com o mesmo êxito que consagrou nos discos e nos palcos.
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