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Itapema FM  | 22/08/2013 11h08min

Zeca Baleiro: fazendo tudo sem pressa, mas sem parar

O músico, que se apresenta em Florianópolis nesta quinta-feira, conversou com a Itapema FM sobre seus vários projetos atuais

Marina Martini Lopes  |  marina.lopes@itapemafm.com.br

A fala de Zeca Baleiro é sempre calma, tranquila, com aquele ritmo característico dos sotaques do Nordeste do Brasil. Combina com a filosofia do músico: não parar nunca, mas também não fazer nada com pressa. Mas não combina com a sua agenda: Zeca está atualmente viajando pelo país com a turnê Piano e Voz - que chega a Florianópolis nesta quinta-feira, dia 22, para uma apresentação no Teatro do CIC, às 21h (ingressos à venda através do site Blueticket). O DVD da turnê anterior, Calma Aí, Coração, deve chegar às lojas até o final do ano; e a atual também pode acabar originando "um disco, ou um DVD, ou as duas coisas", nas palavras do próprio maranhense. Enquanto isso, Zeca continua compondo e tem nada menos que três discos diferentes em processo de produção - além de estar produzindo o novo trabalho de Vanusa e preparando o show que vai apresentar no projeto BB Covers, em homenagem a Zé Ramalho. Foi sobre tudo isso que o músico conversou com a Itapema, na entrevista exclusiva que você lê abaixo.

Itapema: Da última vez em que você esteve em Floripa, foi para apresentar o show da turnê Calma Aí, Coração, que estava começando. Como foi a turnê?
Zeca Baleiro: Foi muito bacana. Durou cerca de um ano. Nós conseguimos passar por quase todas as capitais do Brasil, só faltaram as do extremo Norte. Era um show com uma estrutura maior, uma equipe grande, então exigia um pouco mais para a gente viajar... O repertório foi mais ou menos o mesmo durante toda a turnê, mas claro que a gente sempre acaba adaptando uma coisa aqui, outra ali, conforme a cidade onde a gente está. Em outubro a gente gravou um show no Vivo Rio, e o DVD deve sair até o fim do ano.

Itapema: E o show de agora, como é? Quais são as diferenças desta turnê para a anterior?
Zeca Baleiro: Esse show é uma experiência. Ainda não tem disco nem nada, mas talvez acabe virando um disco, ou um DVD, ou as duas coisas, se a turnê der certo. Mas é uma coisa que eu sempre quis fazer. No Brasil, é muito raro você ver um concerto assim, de música popular, só com piano e voz. Mesmo os compositores pianistas fazem pouco. E é um clima totalmente diferente da Calma Aí, Coração: eu me apresento com o Adriano Magoo, que trabalha comigo desde o Baladas do Asfalto e Outros Blues, e é só a gente; então fica tudo concentrado no cantor e no piano. É um show gostoso; é leve, sabe, não tem o peso de uma banda completa. Eu estou achando muito prazeroso de fazer.

Itapema: Como você selecionou o repertório de Piano e Voz?
Zeca Baleiro: O repertório ainda está em construção, na verdade. Tem muita coisa minha, mesmo, passa por todos os meus discos; mas também tem coisas que eu digo que fazem parte da minha "discoteca afetiva": tem Gil, Belchior, Sérgio Sampaio... Eu vou escolhendo músicas de que eu gosto e a gente vai experimentando - se der clima, a gente coloca no show. Pra mim é uma delícia fazer isso, cantar coisas que eu sempre quis cantar. Tem readaptações, e tem coisas novas também, né? Porque eu nunca paro de compor. (risos)

Itapema: Quando conversamos da última vez, você comentou que gostaria de fazer uma série de discos temáticos, e que estava até começando a tocar o projeto de fazer um disco infantil. Com essa nova turnê e a ideia de talvez transformá-la em um álbum, como ficaram estes outros projetos?
Zeca Baleiro: Eu fui tocando tudo paralelamente. O disco infantil está praticamente pronto. Se der, eu quero lançar ainda neste ano, senão, não passa do começo de 2014. Eu comecei o disco de samba, também, mas esse eu acabei parando em abril... (risos) Hora dessas eu retomo. O de brega também está caminhando. Todos estes discos estão sendo feitos com músicas inéditas, minhas mesmo. Só que eu não estou fazendo nada com urgência, com pressa. Estou fazendo no meu tempo. O importante é nunca parar. Enquanto isso, eu também estou produzindo o disco novo da Vanusa.

Itapema: Esse está previsto para sair quando?
Zeca Baleiro: Estamos fazendo todo o esforço para que ele saia até o fim do ano. Está ficando muito bonito, o disco. Sabe, a Vanusa é uma cantora muito importante da nossa música. Eu acho que as gerações mais jovens só conhecem ela como a cantora que errou o Hino Nacional... Mas a obra dela é muito importante. A Vanusa já cantou muitos hinos, não só o nacional. (risos)

Itapema: Você já tem planos para um novo álbum de inéditas? O modo de produção de O Disco do Ano foi bem diferente, com vários produtores, a participação do público... Você pretende fazer algo nesse estilo mais uma vez?
Zeca Baleiro: Talvez, talvez... Aquele foi um momento muito singular. Eu acho que hoje em dia tem muita coisa circulando; o público é bombardeado o tempo todo com muitas músicas, muitos discos, muitos filmes, muitos livros... Então você tem que ser inteligente nas formas de divulgar o seu trabalho; motivar o público, fazer a coisa ser lúdica, divertida. A própria produção vira um evento, a divulgação vira um evento. Você tem que pensar nisso com cuidado a cada novo trabalho: não só na forma de fazer, mas na forma de lançar, também, de divulgar. O que a gente fez foi bacana, mas repetir sempre os mesmos mecanismos acaba desgastando. Então isso ainda tem que ser pensado.

Itapema: Agora me fala um pouco sobre o Banco do Brasil Covers, de que você vai participar homenageando Zé Ramalho. Como vai ser o show?
Zeca Baleiro: Eu tenho intimidade com as músicas dele, então, quando me convidaram e fizeram a proposta de que eu apresentasse as músicas do Zé, eu gostei da ideia e resolvi abraçar o projeto. Eu já tinha um repertório na cabeça, mas de qualquer jeito fui atrás, ouvi mais coisas... A obra dele é muito mais do que Avôhai, essas que todo mundo conhece. O show vai ser bem multifacetado, mostrar vários lados do Zé. Tem que ficar à altura dele, né? A banda que vai se apresentar comigo é a mesma da Calma Aí, Coração. A forma de cantar é que vai ser um desafio, já que o Zé tem uma voz e um jeito de cantar muito particulares. Mas vamos tomar todo o cuidado com os arranjos, as texturas... Dá pra modernizar, mas de um jeito inteligente.

Itapema: Você chegou a conversar com ele sobre isso?
Zeca Baleiro: Eu fui pedir a bênção. (risos) Mas o Zé é parceiro, ele ficou bem feliz com o projeto.

Itapema: Você e o Chorão trabalharam em parceria algumas vezes; inclusive ele participou do seu último disco, na música O Desejo. Como a morte dele te impactou, e como você acha que impactou a música brasileira em geral?
Zeca Baleiro: Foi uma pena. Eu fiquei muito triste, lamentei muito. Não tanto pela morte em si, já que morrer todo mundo morre, mas pelas circunstâncias. O Chorão ainda tinha muito por fazer. Ele era um cara amigo, querido, e também era um baita artista. Tinha uma banda bacana, sabe, e tinha essa coisa da linguagem de rua, do skate, que é muito legal. Ele era bom de palco, um performer incrível. Eu participei do último ao vivo deles, e dava para sentir a pressão no palco. Era uma banda de rock de verdade, e isso é uma raridade no Brasil hoje em dia... (risos) Eu tinha muito respeito pelo Chorão, e ele tinha respeito e gratidão por mim, porque ele dizia que eu fui o primeiro cara a dar moral para a banda dele; a falar da banda, regravar música... Sabe, o Chorão deixou três músicas incompletas, que eu tenho no meu iPhone. Enquanto ele ainda estava vivo, eu comecei a trabalhar em uma delas, e consegui finalizar. Mas eu nunca mandei para ele. Claro, eu não podia imaginar que uma coisas dessas pudesse acontecer. Mas agora eu fico triste por não ter mandado. Talvez eu divulgue um dia, mas vou esperar um momento mais adequado, para não parecer abutre. O Chorão vai fazer muita falta. Já tá fazendo falta.

ITAPEMA FM
Zeca Baleiro / Divulgação

A atual turnê, "Piano e Voz", pode render um disco e um DVD ao vivo
Foto:  Zeca Baleiro  /  Divulgação


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