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Itapema FM  | 21/08/2013 12h55min

Novo diretor executivo da Editora da UFSC, Fábio Luiz Lopes da Silva fala dos planos de gestão

Entre os projetos estão a publicação de autores africanos, asiáticos e da América Latina

Roberta Ávila  |  roberta.avila@diario.com.br

Muitos sonhos fazem parte do plano de estratégias que o professor Fábio Luiz Lopes da Silva elaborou para a Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC). Ele tomou posse como diretor executivo da instituição no início do mês e, em entrevista concedida durante uma visita à sede do DC, em Florianópolis, contou os projetos que pretende realizar em sua gestão. Entre eles estão a criação de um suplemento de cultura, a utilização sistemática das redes sociais, políticas de inclusão da comunidade nos projetos da editora e a publicação de autores asiáticos, africanos e da América Latina. Confira o bate-papo.

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Quais são os seus planos para novos lançamentos?

Estamos analisando a publicação de livros do Agamben, filósofo italiano, outro do Jean-Luc Nancy, pensador francês de ponta. Temos um projeto de tradução do Umberto Saba, poeta italiano. Há um mito de que a EdUFSC não publica escritores catarinenses, mas isso é falso, publicamos bastante. O que eu pretenderia talvez é publicar autores da margem do mundo: Índia, África, América Latina. Pretendo introduzir na minha gestão autores ligados a essa periferia. Tenho meus agentes literários aí, espalhados pelo terceiro mundo (risos).

É possível publicar pela EdUFSC?

É possível. Reeditamos agora Péricles Prade, temos uma coleção de catarinenses que conta com Franklin Cascaes, por exemplo. Temos também um calendário de concursos que é particularmente voltado para a literatura catarinense, romances, crônicas, contos.

Que outros projetos você quer realizar?

Pretendemos criar um caderno de ensaios, um suplemento cultural que tenha uma linguagem mais ágil do que a acadêmica e que aborde temas candentes, locais, regionais ou nacionais nas áreas de antropologia, política, arte, literatura. A intenção é que eles sejam dirigidos a um público letrado mas não necessariamente universitário. Faz parte da intenção de inserir a EdUFSC na cena cultural do país. Queremos lançá-lo em aproximadamente um mês.

Outra estratégia é a ocupação sistemática das redes sociais, tenho um projeto de produção de materiais para postagem no Facebook e YouTube. Pensamos também em um programa de entrevistas que aborde o nosso catálogo, isso está em negociação com a TV UFSC.

Pretendemos também publicar o primeiro livro em libras, um vídeo-livro todo em gestos, em linguagem de sinais. A UFSC tem um trabalho muito potente nesse setor de inclusão dos surdos e nós queremos levar isso para a editora. Isso é uma iniciativa inédita no país.

Queremos dialogar também com as editoras locais, a Letras Contemporâneas, a Insular, cadernos como o DC Cultura e com o nosso secretário de cultura, agora que Florianópolis tem um. A intenção é estabelecer diálogo, fazer projetos juntos para construir uma cena cultural mais densa na cidade. Acho que esse é um trabalho que tem que ser feito pela editora.

Quais escritores do terceiro mundo interessam à editora?

Estamos analisando a possibilidade de publicar Sinfree Makoni. Ele nasceu no Zimbábue e agora trabalha com africanidade e políticas linguísticas na África, é professor da Penn State e nos interessa bastante. Já pedi para traduzirem também um livro de Veena Das, uma antropologa indiana que trata sobre a violência na Índia e é professora da Johns Hopkins University. Meu orientador no mestrado e doutorado é um indiano e ele vai ser meu agente literário lá. O instituto de estudos latino-americanos da UFSC também tem raízes muito profundas na região.

Temos um projeto com a Editora da USP para publicação de cartas inéditas trocadas entre o escritor Mário de Andrade e um intelectual chamado Nilton Freitas. É um projeto com coordenação do Raul Antelo muito cuidadoso porque depende do manuseio de originais. Claro que tudo isso passa pelo conselho editorial, as decisões são tomadas em conjunto. Espero sensibilizar o conselho e que recebamos também propostas das unidades da UFSC de publicação.

As universidades têm a dificuldade de estarem cada vez mais especializadas. Especialistas abordam objetos muito específicos com uma linguagem cada vez mais distante do público, mesmo do letrado. Isso dificulta o diálogo com o entorno da universidade. A editora da UFSC, nos meus sonhos, vai executar um pouco essa mediação.

Como foi a cerimônia de posse?

Com a presença de colegas, amigos, da reitora da UFSC. Me emocionou sobretudo a presença de três ex-presidentes da editora: João Linhares, que foi o fundador da EdUFSC; o escritor Salim Miguel, que construiu o prédio da editora e está velhinho, mas fez questão de ir, e o professor Alcides Buss, que ocupou o cargo de diretor por muito tempo, talvez tenha sido o mais longo mandato de todos.

Apresentei meu projeto de gestão, estou sentando numa cadeira que foi ocupada por gente competente. A editora tem uma posição consolidada tanto na cena regional quanto nacional, com um catálogo respeitável e uma qualidade gráfica muito grande.

DIÁRIO CATARINENSE
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