Quem esteve presente nesta segunda no Sesc Cacupé, em Florianópolis, viu mais do que a aula-espetáculo de Ariano Suassuna. O escritor, dramaturgo e poeta apresentou sua vida, seus pensamentos e até um país que poucos brasileiros conhecem.

Aos 86 anos, com fala mansa, começou a apresentação dizendo que simpatizava com os florianopolitanos. Assim como os manezinhos, ele nasceu em uma cidade que teve seu nome trocado. Na época, a capital João Pessoa era conhecida como Paraíba do Norte.

— O nosso querido e grande João da Cruz e Sousa tinha tremendo bom gosto, ele nasceu em Desterro, não em Florianópolis — afirmou após contar a origem da mudança de nome da Capital e revelar sua admiração pelo escritor, que figura entre os três maiores poetas que influenciaram sua vida.

Homenagem especial para a esposa

Apaixonado por pedras, católico, amante da cultura brasileira e de livros, discursou por duas horas para uma plateia de cerca de 400 pessoas. Com bom humor, narrou momentos de sua vida e compartilhou experiências pessoais, sempre acompanhado por risadas – suas e da plateia.

De Gregório de Matos a Lady Gaga, a cultura nacional foi debatida e comparada à produção artística internacional. Citando Cervantes, Shakespeare, Padre Vieira, Garcia Lorca e Augusto dos Anjos, apresentou seus pontos de vista sobre a riqueza da cultura brasileira e da língua portuguesa em diferentes momentos.

Ele falou ainda sobre o desconforto dos aviões, dos aeroportos, dos hotéis e restaurantes para exaltar sua casa, sua família e sua mulher, Zélia – que acompanhava tudo da plateia e a quem prestou uma homenagem especial, contando como os dois se conheceram e sobre como ela conquistou seu amor.