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Itapema FM  | 08/08/2013 15h37min

"Círculo de Fogo" homenageia seriados japoneses dos anos 1980

Filme de Guillermo del Toro estreia neste final de semana colocando robôs e monstros gigantes a troca sopapos pelo mundo

Gustavo Brigatti  |  gustavo.brigatti@zerohora.com.br

Se você era daqueles que, no final dos anos 1980, assistia aos seriados de heróis japoneses que passavam na TV e se perguntava como aqueles programas seriam se não fossem tão toscos, a resposta é Círculo de Fogo, que entra em cartaz hoje em Porto Alegre. Mas se você é daqueles que nunca se fez essa pergunta... Bom, então talvez o filme não tenha a mesma graça.
 
Porque Círculo de Fogo não é nada mais do que uma (bela) homenagem do diretor Guillermo del Toro (Hellboy e O Labirinto do Fauno) ao tokusatsus - nome técnico japonês para as produções nipônicas que desde priscas eras botam humanos para lutar contra monstros gigantes. Até a história fragmentada, os diálogos que mais parecem discursos e o sentimentalismo piegas foram mantidos.
 
Fica claro que o que interessa mesmo é a pancadaria em escala entre kaijus, as criaturas vindas das profundezas do oceano pacífico que ameaçam a existência humana, e jaegers, robôs colossais criados e pilotados pelos homens para tentar conter a ameaça.
 
Na impossibilidade de usar malhas coloridas para distinguir seus heróis, Del Toro dividiu-os por nacionalidades e seus respectivos estereótipos: o robô chinês luta de maneira rápida e metódica e o russo é bruto e desenhado com a estética dos cartazes de propaganda soviéticos, enquanto os norte-americanos são como cowboys, valentes, prontos para o autossacrifício e algo irresponsáveis - e, justamente por isso, imprescindíveis para a vitória final.
 
Em um ambiente que transpira testosterona (há uma única mulher em todo o elenco), o filme se divide entre a tensão homoafetiva dos protagonistas - imagine Top Gun - e umas piadas esparsas protagonizadas por uma dupla de cientistas e um impagável Ron Perlman (que deve ter aceito o papel só pela sua cena pós-crédito).
 
A única contribuição real de Del Toro a esse universo, infelizmente, é pouco explorada: de maneira engenhosa e divertida, ele imagina a cultura que nasce pela presença dos monstros, como igrejas que cultuam os bichos como se fossem deuses, linhas de brinquedos e programas de TV sobre eles e até um mercado negro que vende o pó de seus ossos tidos como afrodisíacos. Quem sabe nas continuações.

SEGUNDO CADERNO
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