Itapema FM | 07/08/2013 20h19min
Os estúdios Disney, donos da Pixar desde 2006, exploram pela primeira vez em nome próprio o lucrativo universo da filial ao lançar Aviões, um filme derivado da saga de sucesso Carros, mas agora, claro, com aviões como personagens principais.
Aviões, que estreia na sexta-feira nos Estados Unidos, é uma produção da Disney Toon Studios, divisão especializada em filmes lançados diretamente no mercado de DVD e na produção de sequências de grandes clássicos como Cinderela 2 e 3, e Bambi 2.
Confiante no potencial comercial de Aviões, que se beneficia do universo já famoso de Carros, o estúdio decidiu fazer uma exceção e dar ao novo filme uma chance no cinema.
John Lasseter, figura histórica da Pixar e que dirigiu filmes como Toy Story, Vida de Inseto e Carros, além de ser responsável desde 2006 por todas as produções animadas dos estúdios Disney, explicou detalhadamente o que esperava do novo lançamento para Klay Hall, diretor de Aviões.
– John me disse: Carros é uma realidade, já tem um mundo próprio, já deu. Aprenda com esse mundo, aprenda com nossas experiências e com os personagens e, em seguida, esqueça tudo. Não vamos reutilizar os personagens nem os cenários. Quero que você crie um mundo novo – explicou Klay Hall à AFP.
– A estética é a mesma: os aviões têm dois olhos, os personagens falam e são veículos charmosos, mas os pontos em comum acabam por aí – afirmou o cineasta.
Aviões conta as aventuras de Dusty, um pequeno avião que passa longos e entediantes dias pulverizando inseticida nas plantações de milho. Mas com força de vontade e muito treino, ele consegue uma vaga numa prestigiosa corrida aérea, na qual terá que enfrentar os melhores aviões do mundo.
Lembranças de piloto
– Sempre gostei de histórias de azarões, o pequeno herói subestimado que é capaz de dar a volta por cima – disse Hall – Também gosto da ideia dele ter sido construído para uma função específica mas, no fundo, sente que pode ser outra coisa.
O filme teve algumas dificuldades técnicas como deixar realistas no computador o voo de um avião, a aceleração de uma decolagem ou a freagem de uma aterrissagem.
– Foram necessários pelo menos seis meses para encontrar uma solução, com a ajuda de um exército de pilotos e de especialistas – afirmou o diretor.
Klay Hall também pôde contar com a sua experiência pessoal de piloto e das lembranças de seu pai, um piloto da marinha americana.
A "humanização" dos aviões, algo muito bem trabalhado pela Pixar em Carros, também gerou problemas.
– Os carros possuem grandes para-brisas para os olhos, uma grande grade para a boca. Nós temos asas desengonçadas, para-brisas pequenos, uma boca criada na parte inferior do avião. Ainda temos as hélices, a todo momento na frente da câmera – explicou Hall.
A última vez que a Disney deu vida a um avião foi em 1942, no curta Pedro, da animação Olá, Amigos.
– O avião podia se curvar, usava as asas como braços, era bem cartunesco, charmoso da sua maneira, mas não queríamos fazer isso – disse, preferindo optar por mais realismo.
Como seu personagem Dusty, Klay Hall precisou de paciência e perseverança para encontrar o olhar de seus aviões animados. Sorte que ele teve bons professores.
Hall começou a trabalhar na Disney quando os lendários "nove senhores" do estúdio, os fundadores da Disney, ainda estavam à frente da empresa, e ele decorou as lições.
– Às vezes eu os procurava com um desenho para pedir uma opinião. Eles perguntavam: quantas vezes você desenhou?. Eu respondia: três ou quatro. A resposta era sempre a mesma: desenha mais umas 20 vezes e volta aqui.
Executivos da Disney e da Pixar na première do longa-metragem "Aviões", realizada em 5 de agosto no Teatro El Capitan, em Hollywood
Foto:
Mark Davis
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Getty Images/AFP
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