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Itapema FM  | 05/08/2013 16h02min

Cresce o consumo do streaming, serviço de músicas por assinatura na internet

O formato, no entanto, ainda gera obstáculos para artistas, ouvintes e mercado

Gustavo Brigatti  |  gustavo.brigatti@zerohora.com.br

Até pouco considerados apenas uma entre tantas alternativas para se consumir música, os serviços de streaming fecharam o primeiro semestre do ano na condição de salvadores da indústria fonográfica. O entusiasmo veio amparado por números: nos primeiros seis meses de 2013, foram executados 50 bilhões de streams de áudio e vídeo no mundo todo – 24% a mais do que em 2012. E, segundo relatório da empresa Siemer Associates, enquanto a indústria da música digital crescerá no máximo 12% ao ano até 2016, os serviços de streaming aumentarão em 40%. O movimento é tão forte que a Billboard adicionou os números de streaming de serviços em suas listas de sucessos.

No entanto, há quem relute em engrossar o coro dos contentes – entre eles, a própria classe artística, que torce o nariz para o modelo de contrato proposto pelos serviços. Sem contar que, segundo pesquisa do Ibope Media, das 52 milhões de pessoas que têm acesso à internet no celular, apenas 20 milhões conectam de fato – e ouvir música está em quarto lugar na lista de prioridades: acessar redes sociais, conferir o e-mail e ler notícias vêm antes.

Mas há outros pontos a serem levados em consideração, especialmente no momento em que um dos maiores deles, o sueco Spotify, deve chegar ao Brasil entre setembro e o fim do ano.

Que trem é esse?

Streaming é um formato de distribuição de conteúdo multimídia que dispensa o download de arquivos. Em vez de baixar uma música e guardá-la no aparelho, o usuário ouve a música em tempo real como se fosse uma transmissão de rádio - porém, por meio de uma conexão com internet. No caso das empresas que oferecem serviços de streaming, como o Deezer e Spotify, o catálogo musical é amplo e disponível para audição de acordo com o tipo de assinatura do usuário.

É o fim do download?

O aumento dos serviços de streaming coincide com a diminuição do número das vendas de discos. Nos últimos seis meses, o comércio de música digital em formato MP3 caiu 2,3%, enquanto o de CDs decresceu 14,2%. Nos EUA, a vendagem de álbuns (em todos os formatos) teve o pior desempenho desde 1991. Na última semana de julho, foram pouco mais de 4,5 milhões de unidades, segundo a Nielsen SoundScan. O iPod, um dos símbolos da revolução digital, registrou queda de 32% nas vendas no último trimestre.

Mas a desobrigação do download para ouvir música, oferecida pelo streaming, não é completa – pelo menos no Brasil. Com a internet ainda instável, alguns serviços, como o Sonora e o Deezer, oferecem ao cliente a possibilidade de baixar canções para ouvi-las sem a necessidade de conexão – os arquivos ficam armazenados no próprio aparelho.

Os serviços disponíveis no Brasil

Dois dos maiores serviços de streaming do mundo, Spotify e Pandora, ainda não estão disponíveis no Brasil. Porém, o ouvinte brasileiro encontra opções semelhantes, quase todas com o mesmo catálogo de músicas, tabela de preços e tipos de assinatura. No Deezer (deezer.com), os planos mensais para adesão custam R$ 8,90 (acesso via desktop) e R$ 14,90 (acesso via desktop e mobile), enquanto o Rdio (rdio.com) varia entre R$ 8,99 e R$ 14,99. Um dos mais antigos, o Sonora (sonora.terra.com.br), cobra R$ 9,90 ou R$ 19,90 no primeiro mês – depois, sobe para R$ 14,90 e R$ 24,90, respectivamente. O Rara (rara.com) acabou de chegar ao Brasil e é o mais barato: custa R$ 7,99 e vale para todas as plataformas. Todos eles também permitem o download de músicas para ouvir no caso do usuário ficar sem internet.

Os grandes reclamam...

A maioria dos serviços de streaming remunera o artista com uma determinada porcentagem sempre que uma faixa é executada. O Spotify paga uma fração de centavo – bem menos do que os donos das faixas ganhariam pelas vendas físicas ou no iTunes, por exemplo. Por isso, gigantes como Led Zeppelin, AC/DC, Pink Floyd e Beatles não disponibilizam suas músicas para esses serviços. Artistas de médio porte, como o Black Keys e Aimeen Mann, também retiraram seus discos por considerarem o pagamento pequeno. A compositora Ellen Shipley, indicada ao Grammy pela coautoria da canção Heaven Is a Place on Earth, de Belinda Carlisle, alega que a canção foi executada mais de 3 milhões de vezes nos últimos três meses, e ela recebeu apenas US$ 39,61 do Pandora.

... E os pequenos também reclamam

Para músicos em início de carreira, o acordo com sites de streaming tem sido apontado como ainda menos vantajoso, uma vez que suas faixas não têm tanta execução, e eles ainda precisam pagar para manter a conta no ar. Basicamente, estão desembolsando para ter sua música no ar. Em protesto, Thom Yorke, do Radiohead, e seu produtor e parceiro Nigel Godrich se solidarizaram, retirando as canções do projeto solo de York e de sua banda paralela, o Atoms for Peace.

Muita gente usando, pouca gente pagando

Segundo levantamento da Nielsen SoundScan, os primeiros seis meses deste ano contabilizaram 50 bilhões de streams de áudio e vídeo no mundo, 24% a mais do que no mesmo período do ano passado. Só o Spotify tem uma base de usuários ativos que ultrapassa os 24 milhões.

No entanto, apenas 1/4 das pessoas que utilizam o serviço pagam por ele – uma assinatura que varia entre US$ 5 e US$ 10 que exime o usuário do conteúdo publicitário. O resultado é que o Spotify, mesmo tendo aumentado sua receita para US$ 500 milhões em 2012, alega ter tido um prejuízo de US$ 78 milhões no ano passado, US$ 18 milhões a mais do que em 2011. Parte da culpa, segundo a empresa, seria o alto custo dos royalties: 70% de sua receita seria destinada ao pagamento de direitos autorais. Outro serviço, o Pandora, atualmente faz lobby junto ao Congresso norte-americano para alterar a lei de direitos autorais e, assim, pagar menos aos artistas.

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