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Itapema FM  | 22/07/2013 08h02min

Balé Guaíra volta a se apresentar no Festival de Joinville nesta segunda

Companhia do Paraná dança "A Sagração da Primavera" dez anos depois da última participação

Se hoje as noites especiais do Festival de Dança são pensadas para serem grandiosas, grande parte da responsabilidade veio do Balé do Teatro Guaíra. A companhia, a principal de Curitiba, se apresentou em Joinville na segunda edição, em 1984. Impressionou o público e deu início à tradição dos grandes espetáculos, como este que o Balé Guaíra traz nesta segunda, em sua terceira participação no Festival.

:: Confira página especial do Festival de Dança ::

"A Sagração da Primavera" é, provavelmente, a mais remontada por companhias nacionais e internacionais em 2013: há cem anos, a peça estreava sob vaias de choque no Théâtre des Champs Elysées, em Paris. Era vanguarda demais para uma sociedade acostumada há tradição do romantismo.

No caso do Balé do Teatro Guaíra, o balé estava no repertório da companhia há três décadas, remontada por Carlos Trincheiras. Mas, no ano passado, a diretora Cintia Napoli decidiu convidar a coreógrafa portuguesa Olga Roriz para que trouxesse sua versão — há outras atuais como a de Luis Arrieta e a mais famosa, de Pina Bausch — para o grupo paranaense.

Os cem anos que separam a obra de Vaslaj Nijinski da remontagem de Olga Roriz transparecem nos movimentos dos bailarinos. Olga confronta a música de Stravinsky — também ela considerada muito contemporânea para a época de sua criação — e ainda transforma dois aspectos do original. No balé que o coreógrafo russo criou, uma virgem é eleita para o sacrifício que trará a primavera, após a morte do inverno. Sofrendo, a jovem dança até morrer.

Mas, na versão da portuguesa, o ritual será feito sem que pareça um castigo para a escolhida: ela expõe, feliz, toda a sua força e energia. Além disso, o personagem do Sábio que ordena o sacrifício torna-se o protagonista, e é o responsável por abrir o primeiro ato. 

Ter "Les Sylphides" abrindo para "A Sagração da Primavera" é icônico: nesta obra, pela primeira vez, os dançarinos contrariavam as técnicas do clássico e ignoravam a ponta — tão importante em Les Syplhides — para, descalços, golpearem o palco com os pés. Foi assim que ela entrou para a história da dança. E é da mesma forma que retorna, nesta noite, para ser apresentada no palco do Festival.

Confira uma entrevista com a diretora do Balé do Teatro Guaíra, Cintia Napoli:

Por que trazer a versão de Olga Roriz de "A Sagração da Primavera" para o Guaíra? O que o trabalho dela traz de novo e como isso se identifica com o projeto atual do Balé do Teatro Guaíra?

Já conhecíamos o trabalho de Olga Roriz com “13 Gestos de um Corpo”, obra remontada para o BTG em 1990. Em 2011 trouxemos novamente o “13 Gestos” para o palco e foi nesse reencontro com Olga que soubemos da sua Sagração. O BTG tem muita afinidade com a linguagem desta coreógrafa, seus trabalhos são fortes, viscerais e acredito que seja uma boa parceria. A versão do Trincheiras de 1982 também deixou marcas importantes. Não tem como comparar, cada uma no seu momento e com sua preciosidade estética.

A versão de Olga tem mudanças, como colocar o Sábio como protagonista e transformar a "Eleita" de vítima em privilegiada. Por que fazer estas transformações na remontagem?

É uma leitura da própria coreógrafa, não chega a ser uma mudança no roteiro. Acredito muito que um artista, principalmente um coreógrafo, tenha espaço para sua assinatura, ou seja, uma obra não é engessada, ela tem vida, leituras e releituras. Com todo o respeito que lhe cabe.

Em entrevista no ano passado, Olga disse que a distância entre esta remontagem e a original eram o cem anos que as separavam. A evolução da pesquisa em dança pode ser sentida nesta nova coreografia para quem conhece a peça?

Sim, não só a transformação dos códigos da linguagem da dança como também toda a estética que compõe o espetáculo.
 
Qual é, na sua opinião, a importância de apresentar "A Sagração da Primavera" a uma plateia formada, em grande parte, por estudantes da dança?

A importância em revisitar A Sagração da Primavera encontra-se no seu valor histórico e artístico. Apresentar este espetáculo é uma forma de trazer uma obra centenária para os dias de hoje e uma obra que tem muito para contar, que marcou uma época. É importante conhecer a história, são os pilares de uma boa formação.
 
"Les Sylphides" será apresentada antes de "A Sagração da Primavera", por alunos da Escola Bolshoi. Ela foi apenas uma das três obras apresentadas antes da peça de Nijinsky na estreia, em 1913. Achas que é interessante apresentar "Les Sylphides" antes de "A Sagração" no Festival de Dança?

Sim, sem dúvida, Les Sylphides também faz parte desta mesma história. É emocionante poder “reviver” aquele momento de tamanha força e expressão.

O Balé do Teatro Guaíra esteve em Joinville pela última vez em 2003, com "O Grande Circo Místico", que já havia sido apresentada também nos anos 1980 e marcou época no Festival. O que mudou no projeto do Guaíra nestes dez anos?

O BTG atualmente busca uma arte mais acessível, as particularidades dos corpos de cada bailarino, estão mais evidentes e agora são desejadas e permitidas. Acredito que seja a maior mudança. Este é o caminho da dança na atualidade, são pessoas que dançam e não seres inatingíveis.

A NOTÍCIA
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Balé do Teatro Guaíra dança a versão de Olga Roriz de A Sagração da Primavera
Foto:  Divulgação  /  Divulgação


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