Juarez Machado não busca gargalhadas de quem observa suas obras, ainda que trabalhe com humor em tudo o que faz. Busca sorrisos, mesmo que este venha de um só observador. Quando  a mostra Soixante Dix — La Fete, que abre nesta segunda-feira em Joinville, estava em Florianópolis, no entanto, um dos trabalhos que estreavam fez com que muitas crianças chorassem: era uma Branca de Neve que, jogada no lixo, recebia o luto dos sete anões.

A ironia — ora ácida, ora polêmica — do artista joinvilense que conquistou o mundo é o ponto forte de sua carreira e, por isso, estará em todos os lados de quem passar pela exposição, nos dois anexos do Museu de Arte de Joinville, até setembro.

Soixante Dix - La Fete significa Setenta Anos - A Festa. Juarez está comemorando a data há três anos — está com 73 — quando começou a produzir os quadros da série que leva este nome para expor na La Galerie Valmay, em Paris. Os 30 quadros retratavam o próprio artista, mesmo que muitas vezes não tivesse seu rosto, em diferentes situações na celebração do aniversário. Em cores, estava apenas o aniversariante, que trocava de papel para ser nadador, peixe, garçom, menino, palhaço e mulher.

— Me sinto muito diretor de cinema quando crio. Procuro roteiro, penso nas personagens, faço cenário e figurinos. E nunca faço um quadro só: preciso contar histórias com eles — afirma o artista.

Para seguir com a exposição, Juarez decidiu que queria mais. Afinal, ele não para de criar nem por um dia: até a operação pela qual passou em junho serviu de inspiração para obras que estão em Joinville. O anexo 1 do Maj abriga estas telas, além de trabalhos novos e mesas com objetos menores, entre eles, guardanapos trocados com artistas como Ziraldo, Millôr Fernandes e Carlos Drummond de Andrade — registros que, ele garante, jamais teve coragem de se desfazer. No mesmo espaço, há uma mini sala de cinema projetando vídeos de sua carreira ininterruptamente, de entrevistas aos famosos clips de mímico do Fantástico, nos anos 1970.

Já o anexo 2 se transformou em uma simulação de seus ateliês, com obras inacabadas da série Soixante Dix e telas de outras exposições; figurinos criados para vernissages e quadros com as histórias de seus ateliês pelo mundo. Atualmente, ele mantém três: um em Paris, outro no Rio e o último em Joinville. 

—  Acho que a exposição vai fazer muitos jovens me conhecerem. E podem não gostar. Nunca quis discutir a origem da vida ou o significado do mundo nas minhas obras: eu queria me divertir e fazer os outros se divertirem — define.

AGENDE-SE

O QUÊ: Exposição Soixante Dix - La Fete, de Juarez Machado.
QUANDO: hoje, com abertura às 20 horas. A partir de amanhã, a visitação é aberta de terça a sexta, das 9 às 17 horas. Aos sábados, domingos e feriados, das 12 às 18 horas. 
ONDE: Anexo 1 e 2 do Museu de Arte de Joinville, na Cidadela Cultural Antarctica (rua Quinze de Novembro, 1400, América).
QUANTO: gratuito.