Passada a pressão de realizar, no ano passado, a simbólica 40ª edição em meio a turbulências administrativas e financeiras que arranharam o prestígio do Festival de Gramado, os novos gestores do evento anunciaram nesta terça-feira as atrações de 2013 num clima bem menos apreensivo.

O festival, asseguram, corrigiu a rota para retomar seu prestígio no calendário cinematográfico nacional, de 9 a 17 de agosto.

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Responsáveis pela curadoria do festival desde 2012, o jornalista Marcos Santuário e o crítico Rubens Ewald Filho divulgaram na terça-feira, na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre, os longas nacionais e estrangeiros que disputam as mostras competitivas — José Wilker, que fecha a trinca de responsáveis pela seleção de filmes, não estava presente.

Foram 140 longas inscritos, 13 deles produzidos no Rio Grande do Sul. O representante gaúcho na lista das oito produções nacionais escolhidas é o desenho animado Até que a Sbórnia nos Separe, de Otto Guerra e Ennio Torresan Jr., adaptação das aventuras consagradas nos palcos pelos personagens Kraunus e Pletskaya e seus criadores, os músicos Hique Gomez e Nico Nicolaiewsky.

Veja o trailer:

Outro longa gaúcho inscrito, A Oeste do Fim do Mundo, de Paulo Nascimento, foi escalado para disputar a mostra estrangeira. Realizado em coprodução com a Argentina, o filme apresenta o ator uruguaio César Troncoso como um homem solitário e introspectivo que vive ao pé da Cordilheira dos Andes.

— Inscrevi o filme nas duas mostras, mas acho que, pelo tema e pela geografia, tem mais a ver estar entre as produções latinas — disse Nascimento, que disputou Gramado com os longas Diário de um Novo Mundo, Valsa para Bruno Stein e Em Teu Nome.

Rubens Ewald Filho destaca que a seleção em 2013 deu trabalho:

— Este ano foi especial. Fiquei muito impressionado com a qualidade e com a diversidade dos filmes. Tanto que sugeri à organização do festival que se pense em realizar uma mostra paralela como a Um Certo Olhar, do Festival de Cannes, com filmes que não entraram na competição, mas merecem ser vistos. Seria um evento itinerante, divulgando Gramado e novos diretores.

A lista de concorrentes nacionais traz ainda, entre outros títulos, Éden, mais recente longa de Bruno Safadi (de Meu Nome É Dindi), Amigos, de Lina Chamie (de A Via Láctea), Primeiro Dia de um Ano Qualquer, de Domingos Oliveira (recorrente premiado em Gramado, com filmes como Amores, Separações, Carreiras e Juventude) e o primeiro longa de ficção Hilton Lacerda (roteirista de Amarelo Manga, Baixio das Bestas e A Festa da Menina Morta).

A mostra de longas estrangeiros apresenta entre os destaques o documentário uruguaio El Padre de Gardel, de Ricardo Casas — que tem coprodução da Casa de Cinema de Porto Alegre e montagem de Giba Assis Brasil — e Repare Bem, documentário em que a diretora e atriz portuguesa Maria de Medeiros tem como personagens a mulher e a filha de um guerrilheiro brasileiro assassinado pela ditadura.

Três curtas gaúchos conseguiram vaga na seleção nacional da categoria: O Matador de Bagé, de Felipe Iesbick, Os Filmes Estão Vivos, de Fabiano de Souza e Milton do Prado, e Tomou Café e Esperou, de Emiliano Cunha.

O filme de abertura do festival será Flores Raras, no qual Bruno Barreto encena a relação amorosa entre a poeta americana Elizabeth Bishop (Miranda Otto) e a arquiteta carioca Lota Macedo de Soares (Glória Pires). Os homenageados desta 41ª edição serão anunciados nas próximas semanas.

Do orçamento de R$ 4,5 milhões previsto, R$ 2,5 milhões já foram captados via leis de incentivo.

— Confirmamos em 2012 a viabilidade e a importância do festival — disse Rosa Helena Volk, secretária de Turismo de Gramado e coordenadora do evento. — O festival parte agora para se consolidar como janela do cinema nacional e latino-americano.