Enquanto Thamiris Agostinho, 24 anos, e Amanda Villar, 17 anos, tentam lembrar de uma apresentação de duo feminino de danças urbanas no Festival de Dança de Joinville, os sorrisos surgem discretos e elas se entreolham:

— É verdade, acho que nunca assisti uma formação assim — diz Thamiris para a amiga.

A Mostra Competitiva sempre trouxe ótimas candidatas do gênero, mas, talvez, outros duos femininos tenham passado despercebidos. Por isso, para as duas joinvilenses, a conquista de serem aprovadas para o palco principal do maior festival é, certamente, único.

Elas mesmas são minoria no grupo em que participam, a Cia. Onda Dura. Quando se inscreveram para o evento, as expectativas estavam concentradas no conjunto misto que o grupo havia preparado para a disputar a categoria sênior deste ano.

— Montamos a coreografia de uma hora para outra, próximo do prazo de mandar o vídeo para a seleção. Com o duo também foi assim. Foi tudo feito às pressas — conta Thamiris, que também é coordenadora do grupo.

O trabalho de conjunto, "Walkers", acabou sendo selecionado para os Palcos Abertos, enquanto o duo feminino colocou pela primeira vez o nome da Onda Dura na Mostra Competitiva do evento.

"Sombra D'alma", assinado pelas próprias intérpretes, tem como base os estilos hip-hop e house. A música foi responsável por determinar os movimentos das bailarinas. A montagem revela a história sobre um encontro entre sombra e alma.

— Uma interpreta a sombra e outra a alma. Elas se encontram, se estranham, interagem e passam a se perceber — conta Amanda.

Com apenas dois anos de formação, esta é a primeira vez que a companhia se inscreve no Festival. Thamiris, entretanto, já participou de quatro edições do evento com outros grupos joinvilenses de danças urbanas. Amanda dança há quatro anos e chegou a dividir outro grupo com Thamiris, o Join Dance, mas este será o seu primeiro no Festival.

A veterana conta que muitos dos bailarinos da companhia, ligada a uma instituição cristã, são velhos conhecidos do Festival e vêm de escolas diversificadas das danças urbanas. O grupo tem sede no bairro Anita Garibaldi e conta com estrutura de palco, som e luz, que é dividida com outras iniciativas da Onda Dura.