O recém-inaugurado Centreventos Cau Hansen vertia água na Noite de Gala do Festival de Dança de 2000. Era "O Segundo Sopro", coreografado pela inesquecível Roseli Rodrigues, movimentando os corpos de bailarinos do Balé do Teatro Guaíra, de Curitiba, debaixo de chuva. O retorno do grupo ao mesmo palco, 13 anos depois, garante mais um rompimento com padrões, só que este feito pelo russo Vaslav Nijiski há cem anos, no Théâtre des Champs-Élysées, em Paris.

A versão de "A Sagração da Primavera" que chega dia 22 de julho a 31ª edição estreou no repertório do grupo paranaense no ano passado. Olga Roriz, de Portugal, é quem assina a remontagem da obra em torno de um ritual pagão em que uma virgem é eleita para ser sacrificada em nome de uma boa colheita. A "escolhida" dança até os últimos suspiros.

A diretora do Balé Guaíra, Cintia Napoli, afirma que o balé, considerado emblemático pela ousadia que acompanhava as mudanças do início do século 20, é fiel ao original, com exceção da postura da personagem principal.

— O lugar da eleita é que a diferencia das outras montagens. Olga não a apresenta como sofredora, mas como privilegiada. Seus movimentos têm tom de força e cansaço, e não de sofrimento — explica.

Cintia conta que Olga veio especialmente de Portugal e trabalhou durante um mês com o elenco de Curitiba, que já tinha "A Sagração da Primavera" no repertório, só que com montagem de outro coreógrafo. O grupo seguiu com a nova montagem em turnê pelo interior do Paraná, passou pelo Festival Internacional de Dança do Recife e pela Bienal Internacional de Dança do Ceará.

— Estamos comemorando muito esta apresentação em Joinville. Sabemos que o Festinal é mais que importante — diz Cintia.

Para abrir a presença do Balé Guaíra na Noite de Gala, "Les Sylphides" entrará em cena, assim como feito há cem anos na estreia, na capital francesa. A missão do clássico ficou com a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil. Vinte e quatro bailarinas e um bailarinos vão executar o ato completo do balé romântico, que tem 30 minutos.