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Itapema FM  | 28/05/2013 15h42min

Profissionais da cultura dão dicas para inscrever projetos em prêmios e editais

Ler outras propostas e desenvolver contrapartidas sociais estão entre práticas recomendadas

Fernanda Oliveira  |  fernanda.oliveira@diario.com.br

Você tem a ideia, vê que os editais estão com as inscrições abertas, mas não tem a menor noção de como unir as duas coisas e levar o projeto adiante.

Quem lida diretamente com a cultura, e principalmente quem vive da produção cultural, conhece bem os meandros dos financiamentos por meio de editais, prêmios e incentivos fiscais, mas o artista ou produtor inexperiente costuma sair perdendo porque comete erros na hora de transformar as ideias em papel.

Nesta reportagem, vamos abordar os principais pontos que devem ser levados em consideração por quem pretende inscrever um filme, livro, peça de teatro, show musical ou qualquer outra obra cultural em um dos muitos editais disponíveis - só em Santa Catarina, dois dos maiores estão com inscrições abertas: o Elisabete Anderle, que contempla vários campos das artes, e o Prêmio Catarinense de Cinema, que irá financiar desde vídeos até um longa-metragem.

Para ajudar nesta missão, o Variedades apresenta dicas de três profissionais do setor:

– A produtora cultural Kátia Klock, de Florianópolis, que já teve documentários e publicações aprovados em editais públicos
– O escritor Carlos Henrique Schroeder, de Jaraguá do Sul, que há vários anos viabiliza a Feira do Livro de Jaraguá do Sul e teve um projeto literário selecionado pelo Programa Petrobras Cultural 2012, em um mar de mais de 4 mil propostas das quais apenas 134 foram escolhidas
– O coordenador geral do Festival Audiovisual Mercosul (FAM), Celso Antonio dos Santos, promotor do evento que há mais de 10 anos tem a Petrobras como patrocinadora.

1 – Esmiúce as ideias antes de escrever

Uma ideia genial só não faz projeto. Mesmo aquela sacada de mestre que você teve durante a insônia da noite passada deve ser trabalhada até que possa virar uma proposta consistente.

Além do objeto principal, você terá que pensar em justificativas, objetivos, estratégias de viabilização, cronogramas, planos de negócios e de execução. Por isso não fique refém da pressa e dos prazos apertados: se aquele sonhado edital termina as inscrições na próxima semana, talvez seja melhor esperar pelo próximo.

2 – Participe de oficinas e cursos

Mesmo que você seja um expert em elaborar projetos, não deixe de interagir com outros produtores e profissionais do meio cultural. É fundamental saber o que está sendo feito, mesmo que seja para conhecer quem serão seus concorrentes nos financiamentos públicos. Também é importante entender o cenário e os mecanismos disponíveis para financiar o projeto.

3 – Estude outros projetos e se atualize

Leia trabalhos que já foram aprovados e também aqueles que ficaram pelo caminho em seleções anteriores. Solicite materiais a outras pessoas, pergunte, tire dúvidas e saiba apreender as boas ideias. Além disso, o cenário da produção cultural costuma mudar bastante e rapidamente, por isso é importante se manter em dia com as novidades.

4 – Erre muito antes de acertar

Mesmo quem hoje aprova projetos em programas altamente concorridos já teve propostas reprovadas por editais até menores e menos rigorosos. Uma dica para praticar e pegar o jeito é inscrever projetos em leis federais, como a Rouanet, do Ministério da Cultura: as exigências costumam ser maiores e, por bem ou por mal, você irá aprender com seus próprios deslizes e insuficiências.

5 – Conheça os programas e a proposta

Não adianta se esmerar para fazer um projeto que, apesar de impecável, não se encaixa na linha de atuação do edital. Procure ler com cuidado o regulamento, anotando as especificidades para poder se adequar na hora da inscrição. É como em qualquer redação de vestibular ou concurso público: não adianta estar bem escrito e interessante se o conteúdo fugir do tema proposto.

6 – Não aposte todas as fichas

Depender de editais e prêmios de incentivo à cultura é arriscado. Apesar do empenho e dedicação, a chance do projeto ser reprovado é grande, por isso procure diversificar as atividades. Mantenha contatos com empresas e inscreva o projeto em leis de captação, como a Rouanet, ou fundos. Isso fará com que instituições privadas possam investir diretamente na sua proposta e você também ampliará a rede de contatos.

7 – Encare como uma atividade profissional

Não trate o projeto como algo simples que você poderá fazer em duas horas de trabalho árduo no final do domingo. Dê certa prioridade, estude com afinco os meandros da produção cultural e se dedique à elaboração por pelo menos um mês. Apesar das variáveis, uma coisa parece consenso entre os produtores: a concorrência está cada vez maior e, portanto, mais qualificada.

8 – Invista na contrapartida social

É importante que o produto cultural tenha impacto no desenvolvimento do município, estado ou do país, dependendo do tipo de incentivo, para que seja do interesse do patrocinador. Se o projeto é um filme, preveja um determinado número de cópias para escolas. Se for um livro, pense em distribuir a primeira tiragem gratuitamente. Se for uma peça teatral, programe apresentações públicas ou gratuitas. Além de ganhar relevância como proposta, sua ideia estará contribuindo mais efetivamente para a cultura.

9 – Mantenha os pés no chão

Você está inscrevendo o projeto de um curta-metragem em um prêmio de no máximo R$ 40 mil, mas a descrição das filmagens envolve aluguel de helicóptero, diárias internacionais e efeitos visuais complexos? Espera aí, tem algo errado nessa conta. Adequar o projeto às possibilidades do orçamento e do prazo de execução é essencial para que o conjunto da obra faça sentido. Mesmo que o tema seja abstrato, como um livro sobre a felicidade ou uma dança sobre o luto, tente ser o mais razoável possível na descrição.

10 – Não misture objetivo e justificativa

Um dos erros cruciais dos projetos enviados para as comissões de seleção é a mistura confusa entre a justificativa e o objetivo. A primeira é mais ampla e trata do sentido final que se busca com a proposta, via objetivo, que é portanto mais técnico e pontual. No objetivo, deve ser especificada a forma com que a justificativa será alcançada, sendo esta última uma espécie de missão ou benefício que se pretende obter com o projeto. Ficou confuso? É assim mesmo. Por isso é importante voltar à dica 3.

11 – Projeto aprovado, pronto e lançado? Ainda não acabou

Depois de tanto trabalho para elaborar o projeto, executar as ações previstas, criar o produto e lançá-lo, você já está criando aversão ao assunto, mas nem pense em descansar. Com tudo pronto, chega um dos momentos mais desafiadores do projeto: distribuí-lo. É comum que editais não prevejam recursos para distribuição de cópias dos filmes, por exemplo, ou que os projetos cheguem a essa etapa com o orçamento apertado. Por isso é preciso pensar com cuidado em estratégias de difusão do produto, para que ele não seja apenas um compromisso formal e possa ser visto, lido e ouvido por muitas pessoas.

12 – Saiba jogar o jogo conforme as regras

Seleções de editais, leis e programas de incentivo são eventos técnicos, apesar de envolverem parâmetros subjetivos, onde via de regra prevalece o mérito dos trabalhos inscritos. Ninguém pretende colocar a mão no fogo por algo que não lhe pareça viável ou interessante. Por isso, trabalhe duro para construir projetos consistentes, em vez de apelar para a sua rede de contatos até encontrar um conhecido entre os avaliadores e achar que assim sua aprovação estará mais próxima.

Inscrições abertas
- Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça - 6ª Edição - até 26 de junho (nacional)
- Rede Nacional Funarte Artes Visuais - 10ª Edição - até 26 de junho (nacional)
- Prêmio Myriam Muniz de Teatro - até 3 de julho (nacional)
- Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura - até 9 de julho (diversas áreas / estadual)
- Prêmio Catarinense de Cinema - até 26 de agosto (estadual)
- Iberescena - Fundo de Ajuda para as Artes Cênicas Ibero-americanas - até 12 de setembro (circo, dança e teatro / nacional)

Em breve:
- Simdec 2013 (diversas áreas / Joinville)

Sites para conferir editais em aberto:
- www.cultura.gov.br/editais
- www.funarte.gov.br/editais
- www.fcc.sc.gov.br
- www.editaisdecultura.blogspot.com.br

DIÁRIO CATARINENSE
Contraponto/Divulgação / Contraponto/Divulgação

Documentário "A Costura do Tempo", da produtora Contraponto, foi viabilizado pela Lei Rouanet
Foto:  Contraponto/Divulgação  /  Contraponto/Divulgação


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