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Itapema FM  | 17/05/2013 11h29min

Longa sobre a China contemporânea está na disputa pela Palma de Ouro

Contra as expectativas, "A Touch of Sin", do diretor Jia Zhangke, passou pela censura chinesa

Um corrosivo painel sobre a China contemporânea, A Touch of Sin (Um Toque de Pecado), do diretor Jia Zhangke, disputa a Palma de Ouro em Cannes sem ter sido censurado pelas autoridades chinesas, que vigiam com rigor as obras do país.

O longa-metragem chinês, muito ambicioso, foi exibido para a imprensa na quinta-feira e relata quatro histórias, entre elas uma sobre uma trabalhadora sexual em um bordel de luxo, que refletem uma sociedade em plena mutação, na qual o capitalismo desenfreado gera uma grande desigualdade e uma colossal falta de humanidade.

O protagonista de uma das histórias, ambientadas em quatro províncias do gigante asiático, é Dahai, operário de Shanxi, que se rebela contra a corrupção dos dirigentes locais e recebe um castigo digno dos filmes de Quentin Tarantino.

A personagem de outro relato é uma recepcionista em uma sauna de Hubei, no centro da China, que vira uma lutadora quando um cliente tenta abusar dela.

O episódio, como o título do filme, faz referência a A Touch of Zen do taiwanês King Hu, um clássico das artes marciais de 1969.

O protagonista do último segmento, talvez o mais triste, é um jovem de Dongguan (sudeste), que, pressionado pelo trabalho, pela família e pela falta de esperanças, se joga pela janela de um prédio.

Em entrevista à AFP, o diretor explicou que todas as histórias são baseadas em eventos reais, conhecidos por quase todos na China.

— Muitas pessoas na China enfrentam crises pessoais pela grande desigualdade entre ricos e pobres — disse o diretor de 43 anos.

— Antes, em meus filmes eu tentava relatar a vida cotidiana. Neste eu tinha vontade de ir mais longe. Com o desenvolvimento fulgurante da sociedade chinesa, há muitas coisas que se tornam extremas. E quando digo extremo, digo violência —, disse Jia Zhangke.

Quando as primeiras cenas do filme foram divulgadas há alguns dias no Youku – o Youtube chinês –, os internautas previram que o longa-metragem nunca será visto no país em consequência da censura do regime comunista.

Mas Jia afirma que A Touch of Sin poderá ser assistido nos cinemas chineses.

— Recebi a autorização antes de viajar a Cannes. É uma boa notícia —, afirmou o cineasta.

— Estamos entrando em uma era na qual você é seu próprio meio de divulgação. Há muitas decisões que são tomadas por meio do twitter —, afirmou.

O filme, parcialmente produzido por recursos chineses, foi aplaudido na sessão para a imprensa.

Esta é a terceira participação do diretor em Cannes, onde nunca foi premiado.

— O que mais me interessa é que o filme seja assistido por muitas pessoas, que provoque discussões, que provoque reações. Esta seria a maior recompensa —, concluiu.

Na mostra paralela Semana da Crítica o destaque desta sexta-feira foi o filme italiano Salvo, de Fabio Grassadonia e Antonio Piazza.

O longa-metragem conta a história de um assassino da máfia, Salvo (interpretado pelo palestino Saleh Bakri), que deve matar Rita (Sara Serraioco), cega de nascimento, e que acompanha impotente o assassinato do irmão.

No momento em que Salvo deve matar Rita, algo acontece, Rita recupera a visão e o mafioso desiste do crime, o que une o destino de ambos para sempre.

AFP
ALBERTO PIZZOLI / AFP

A atriz chinesa Meng Li integra o elenco de "A Touch of Sin"
Foto:  ALBERTO PIZZOLI  /  AFP


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