A travessia começou com um rapaz magro, de cabelo com corte militar, terno, gravata borboleta e uma voz adocicada que já foi definida como a natureza cantando e Deus falando. Nesta sexta-feira, ela chega a Joinville, quando o público poderá se sentir um pouquinho mais perto do céu ao ouvir Milton Nascimento que, aos 25 anos, cantava seu primeiro sucesso no 2º Festival da Canção e agora, aos 71 anos, vem "soltar a voz" no Teatro da Liga.

O show "Uma Travessia"é uma visita àquele garoto que nem queria participar do festival por que estava frustrado em competir e nunca ganhar, e a toda a trajetória que ele criou em cinco décadas de carreira como um dos músicos brasileiros mais reverenciados no mundo.

No repertório, Milton segue um roteiro com 23 músicas que fazem seus fãs cantarem junto com ele, como "Cais", "Nuvem Cigana", "Clube da Esquina nº 2", "Raça" "Maria Maria" e, claro, "Travessia", aquela que levou o segundo lugar no Festival de 67 e virou a mais lembrada da carreira do mineiro — nascido no Rio, mas criado desde os dois anos em Três Pontas.

Foi lá, na região Sul de Minas Gerais, que ele começou a tocar em bailes, e foi lá que conheceu Wagner Tiso, companheiro musical da vida e de alguns shows da turnê "Uma Travessia". Mais tarde, em Belo Horizonte, conheceriam Lô Borges e, juntos, formariam o Clube da Esquina, movimento que fundia inovações da Bossa Nova, do jazz e do rock com música folclórica dos negros mineiros e recursos de música erudita e hispânica.

Talvez seja essa mistura de ritmos o jeito mais fácil de explicar o gênero de que Milton Nascimento faz parte, ainda que esta rotulação não se faça necessária para compor sua "travessia". Quando chegar em Joinville, hoje à noite, vem completar um ano especial em que tem rodado o País relembrando sua conquistas.

— Com certeza, está sendo um ano maravilhoso. Os shows que tenho feito estão trazendo um retorno muito bom pra todos que estão envolvidos — afirma ele, que estará acompanhado de Lô Borges no palco do Teatro da Liga, além da Banda 5, da qual fazem parte músicos que o acompanham há mais de vinte anos. 

Estar entre amigos é, para ele, um dos diferencias desta apresentação.

— Estamos juntos há muitos anos na estrada, e tê-los agora comigo nessa turnê está sendo uma emoção incrível. A coisa entre Wagner, Lô e eu funcionou tão bem que decidimos rodar o Brasil inteiro com esse concerto em 2013. E isso é o mais importante, ter amigos sempre perto. O que seria da vida sem amizade? — questiona.

Com uma trajetória cheia de boas recordações, Milton festeja o passado, mas não vive parado nele. Para 2013, ele ainda deseja um lançar um disco de inéditas, além do DVD do show "Uma Travessia", que estará nas lojas até o fim de maio. O musical "Nada Será Como Antes", que estreou em São Paulo em março, baseado nas canções de Milton, é outro fruto que o faz sorrir. Sem cansar, ele enumera cada projeto de futuro recente.

— Chico Amaral está preparando um livro baseado em conversas que estamos tendo desde o começo do ano. Vai ser um livro de  histórias, com lançamento previsto para o mês que vem. Tem a caixa com vinte discos da minha carreira que foram lançados pela Editora Abril e que também está me deixando extremamente feliz com a repercussão, assim como a digitalização de todo meu acervo pelo Instituto Antônio Carlos Jobim. E muitas outras coisas muito importantes devem acontecer ainda em 2013 — garante.

AGENDE-SE

O QUÊ:  "Uma Travessia" - Show de Milton Nascimento com a participação especial de Lô Borges.
QUANDO: sexta-feira, às 21h30. A casa abre às 20 horas.
ONDE: Teatro da Liga (Liga da Sociedade Joinvilense, na rua Jaguaruna, 100.
QUANTO: ingressos de R$ 100 a R$ 200, de acordo com o setor. 50% de desconto para estudantes e idosos e 20% de desconto para assinantes do Clube RBS. Ingressos antecipados em ticketcenter.com.br e blueticket.com.br e na Loja Jurerê Beach & Fitness (Rua Lages, 480).
O show é realizado pela Studio e Orth Produções e tem a promoção da rádio Itapema FM.