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Itapema FM  | 13/05/2013 07h02min

Europeu que vale a pena

Longa Adeus, Minha Rainha faz parte da programação do Festival Varilux de Cinema Francês

Fabiano Moraes  |  fabiano.moraes@diario.com.br

Conheço muita gente boa que torce o nariz para o cinema europeu. Não se trata de papo-cabeça ou definição do que é arte - seja ela boa ou não. Mas é fato que assistir a um filme produzido por cineastas do Velho Mundo requer um mínimo de preparo e boa vontade. Esqueça as fórmulas e a égide norte-americana que ainda se apoia em roteiros no padrão "começo-meio-fim". Embora o trabalho de realizadores como o nova-iorquino Woody Allen seja uma ilha em meio à zona de conforto, não é o cinema feito em Hollywood que acostumará o público a aceitar outras opções.

Esse outro caminho é onde se posiciona Adeus, Minha Rainha (Les Adieux à la Reine). Desconfortável para uns, deleite para outros, o drama dirigido por Benoît Jacquot faz um recorte do período histórico de julho de 1789, começo da Revolução Francesa, e mostra a vida no Palácio de Versalhes, ainda alheio à efervescência que traria desdobramentos definitivos a partir de Paris.

Com Diane Kruger e Léa Seydoux nos papéis principais, a trama é centrada na relação entre a jovem e bela serviçal Sidonie Laborde (Seydoux) e a Rainha Maria Antonieta (Kruger). A tensão sexual entre elas - que ganha veracidade sempre que Léa Seydoux e sua boca em formato de coração aparecem em close pronunciando "ma reine" ("minha rainha") - mais a hesitação das duas em acreditar na tomada da Bastilha dão eletricidade ao roteiro. Conhecida do grande público por aparições nos filmes Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino, e Robin Hood, de Ridley Scott, Léa, 28 anos, tem uma interpretação segura e sem afetações. Já a Rainha de Diane Kruger aparece em uma atuação comedida, mas que ganha novos matizes a partir da segunda metade do filme.

Adeus, Minha Rainha é dirigido por um dos mais prolíficos autores da atual fase do cinema francês - Benoît Jacquot filmou A Escola da Carne, com Isabelle Huppert (1998), Adolphe, com Isabelle Adjani (2002), e o filme para TV Princesse Marie, com Catherine Deneuve (2004).

Por meio das poucas concessões em relação à linearidade narrativa em seus trabalhos, fica clara a influência da Nouvelle Vague, movimento cultural do final dos anos 1950 que estabeleceu o conceito de cinema de autor, marcado pela ênfase nas cenas que focam o psicológico dos personagens.

Adeus, Minha Rainha teve 10 indicações ao Cesar, o Oscar do cinema francês, e levou três estatuetas.

Adeus,Minha Rainha / Divulgação

As atrizes Léa Seydoux e Diane Kruger: tensão sexual e hesitação em aceitar o inexorável
Foto:  Adeus,Minha Rainha  /  Divulgação


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