Assim que a poeira levantada pelo rock do início do século baixou, foram poucas as bandas que conseguiram se manter vivas - e especialmente relevantes. O Yeah Yeah Yeahs é daquelas que vêm conseguindo seguir em pé.

São 10 anos desde a estreia com Fever to Tell, grito punk ruidoso que retratou a juventude nova-iorquina pós-11 de setembro e encontrou guarida numa cena indie internacional que precisava de mais guitarras sujas e berros agudos arranhados. Depois de apostar mais no acústico (em Show Your Bones) e de se debruçar no eletrônico oitentista (em It's Blitz!), a banda retoma certa sonoridade inicial em seu quarto disco, Mosquito.

O símbolo dessa volta é Subway, ode a Nova York sussurrada sobre uma base que remete a trilhos de trem. Há também a faixa-título, adolescente como as grandes músicas da banda. Menos feroz do que Fever to Tell, Mosquito apresenta músicas mais bem estruturadas e arranjadas. Isso fica claro na bela Sacrilege, que tem a voz de Karen O em primeiro plano (tão à vontade quanto não se via desde sua estreia) e um coral ao fundo.

Em vídeo divulgado antes do lançamento de Mosquito, a vocalista disse que "não se sentia tão entusiasmada desde Fever to Tell", e é verdade. Sua voz transparece excitação, e o leque de estilos que o Yeah Yeah Yeahs tenta abraçar no novo disco mostra frescor. Em Buried Alive, produzida por James Murphy (do LCD Soundsystem), há a participação do rapper-personagem Dr. Octagon. Já Under the Earth, um dos pontos altos do disco, é um reggae, com ecos e percussões. Depois de 10 anos, o Yeah Yeah Yeahs dá sinais de que quer se manter vivo.

Mosquito
Yeah Yeah Yeahs
> Indie rock, Universal Music, 11 faixas, R$ 27,90 (em média)
> Cotação: 3 de 5