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Itapema FM  | 05/05/2013 21h33min

Comédia familiar 'Aconteceu em Saint-Tropez" é estrelada por Monica Bellucci

Filme exibido no Festival Varilux de Cinema Francês: leia entrevista com a atriz e a diretora do longa

Roger Lerina  |  Enviado especial/Rio de Janeiro

Um dos melhores filmes da seleção do Festival Varilux de Cinema Francês 2013 é uma comédia dramática dirigida por uma especialista em casar riso com emoção. 
Aconteceu em Saint-Tropez (Des Gens que s’Embrassent) leva a assinatura de Danièle Thompson, roteirista de títulos sobre a ambiguidade dos laços afetivos e familiares como Primo, Prima (1975), de Jean-Charles Tacchella, e Os que me Amam Tomarão o Trem (1998), de Patrice Chéreau. Ao lado do pai, o diretor Gérard Oury, escreveu as histórias de duas das comédias de maior sucesso em toda a história do cinema francês: A Grande Escapada (1966) e As Loucas Aventuras do Rabbi Jacob (1973).

Em Aconteceu em Saint-Tropez, a diretora volta às raízes judaicas para contar a história de uma família reunida em torno de um casamento e um funeral simultâneos. A inusitada situação acaba por acirrar as diferenças entre os irmãos Roni (Kad Merad, de A Riviera Não É Aqui) e Zef (Éric Elmosnino, protagonista da cinebiografia Gainsbourg). No filme, a sensual atriz Monica Bellucci interpreta a mulher de Roni, a italiana Giovanna, uma perua sem noção que se dedica em tempo integral a cuidar da aparência e a gastar a fortuna do rico casal.

La Bellucci já foi Cleópatra em Asterix & Obelix: Missão Cleópatra (2002), Maria Madalena em A Paixão de Cristo (2004) e atuou ao lado do marido, o ator francês Vincent Cassel, em Irreversível (2002) – “Meu melhor filme”, segundo a própria bela.
Morando há quatro meses no Rio, a atriz italiana acompanhou a diretora e roteirista francesa no encontro com a imprensa promovido pelo festival.

ENTREVISTA: Monica Belluci

Pergunta – O que levou você a aceitar o papel em  Aconteceu em Saint-Tropez?
Monica Bellucci –
A Danièle me enviou o roteiro e eu adorei, achei muito charmoso. É uma comédia sobre a família, e, como vocês sabem, as famílias têm essa coisa de amor e ódio. Meu papel é o de uma mulher italiana de ascendência católica, mas casada com um judeu. O que eu gostei nesse papel é que nunca fiz esse tipo de personagem antes. Ela é superficial, ingênua, às vezes abre a boca quando deveria ter calado. Mas tudo isso sempre de uma maneira cômica. Mesmo com esse jeito desajeitado, o espectador sempre fica do lado dela, porque sente que ela tem um bom coração. Apesar de ser uma “morena burra”, ela ama de verdade o marido e a filha. Ela representa também a filosofia do filme: a qualidade da Danièle Thompson é passar coisas profundas sobre a vida por meio de situações cotidianas. É uma comédia que tem momentos bem engraçados, claro, mas também tristes. Como a vida, né?

Pergunta – Como você escolhe os filmes em que vai trabalhar?
Monica –
Tudo começa com a leitura do roteiro. Sigo meu instinto. Já escolhi papéis de protagonista e de coadjuvante, tanto faz. Também conta a curiosidade em relação ao diretor. Das duas, uma: escolho um filme ou porque vai fazer minha carreira progredir, ou porque é bom para mim de maneira pessoal.

Pergunta – Você tem vontade de trabalhar com diretores brasileiros, já que está morando agora no país?
Monica –
Eu adoraria! Mas meu português é um problema, ele ainda não está no nível suficiente para poder interpretar uma mulher brasileira. Se algum diretor pensasse em mim para um papel, com certeza seria de uma mulher italiana, estrangeira.  Vincent fala perfeito, as meninas (Deva e Leonie, filhas do casal) falam como cariocas! Adoro o idioma, é muy suave, muy poético, muy sensual (em portunhol). Agora vou aprender. Entendo muito, mas falo pouco.

ENTREVISTA: Danièle Thompson

Pergunta – Você é uma especialista em comédias. No Brasil como na França, os maiores sucessos de bilheteria são comédias. No entanto, aqui como lá, nem sempre a crítica está de acordo com esse gosto do público. O que você pensa disso?
Danièle Thompson –
A verdade é que a gente sempre fica mais chateado com as más críticas do que contente com as boas, o que é injusto. Acho que esse fenômeno vem também dos próprios críticos, que estão mais interessados em fazer resenhas sobre filmes sérios. Mas mesmo as críticas que nos trazem sofrimento podem nos ser úteis. A verdade tem que ser dita: entre as resenhas, há sempre algumas ótimas, outras nem tanto.

Pergunta – Qual é a importância de mostrar filmes franceses no Brasil?
Danièle –
O intercâmbio é muito importante, porque fica cada vez mais difícil exportar nossos filmes. Apesar de filmarmos bastante e lançarmos muitos filmes na França, não é fácil mostrá-los fora do país. Esse festival está crescendo a cada ano e está chegando também a cidades brasileiras menores.

Pergunta – Está mais fácil produzir cinema na França?
Danièle –
Era difícil antes e continua sendo. Cada filme é uma incógnita, mesmo você já tendo uma carreira com tantos filmes. Cada filme você começa do zero. Você pode fingir que sabe para onde vai, mas na verdade não sabe.

Pergunta – Na Europa, as coproduções de filmes falados em diversas línguas são muito frequentes. Como você lida com isso nos seus filmes?
Danièle –
Quando você está escrevendo o roteiro, não pensa nisso. Vai escrevendo os personagens e escolhendo os idiomas que caibam na história. O fato de Monica ser italiana me deu mais liberdade, porque se fosse francesa poderia ter caído na caricatura. Monica me disse que conhece muitas italianas como Giovanna.

Pergunta – Como você equilibrou o registro geral do filme, já que trabalhou com atores tão diferentes como Kad Merad, um comediante nato, e Monica Bellucci, que não vem do humor?
Danièle –
Sempre procuro fazer essa mistura nos filmes, com personagens “à beira de um ataque de nervos”, como diria Almodóvar. Gosto de juntar pessoas bizarras, que não se espera ver reunidas na tela. A cada cena do meu filme, aquela família pode explodir por causa dos conflitos. Por meio dessa família, quero falar de tolerância e intolerância. A possibilidade de melhorar ou piorar tudo na vida começa dentro da família, com a qual você pode aprender a arte de não transformar problemas em dramas.

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