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Itapema FM  | 02/05/2013 15h36min

"Não queria fazer um roqueiro doido, queria fazer um filme jovem", relata diretor de "Somos Tão Jovens"

Antonio Carlos da Fontoura diz que mal conhecia a obra de Renato Russo antes de filmar o longa

Roger Lerina  |  roger.lerina@zerohora.com.br

Antonio Carlos da Fontoura diz que mal conhecia a obra do líder da Legião Urbana:

— Este filme surgiu para mim, nunca pensei em fazê-lo — confessou ele na coletiva de apresentação de Somos Tão Jovens, no 4º Encontro do Cinema Nacional, promovido pela produtora e distribuidora Imagem Filmes em março, em Florianópolis.

Em VÍDEO, jornalistas de ZH contam suas histórias sobre a Legião Urbana



Depois de embarcar no projeto em 2006, porém, o diretor de filmes como Copacabana me Engana (1968), A Rainha Diaba (1974) e Gatão de Meia Idade (2006) virou fã do poeta do rock.

Pergunta – Qual imagem você faz de Renato Russo depois de ter se aprofundado na vida e na obra dele?
Antonio Carlos da Fontoura –
Primeiro, achei que era impossível esse moleque fazer músicas tipo Que País É Este aos 18 anos. A EMI (gravadora) diz que a Legião é um dos cinco maiores casos de sucesso pós-vida no mundo atualmente. O Renato conseguia transformar em lirismo as coisas mais simples da vida. O filme não é um docudrama, muitas coisas não aconteceram com o Renato exatamente como mostrado na tela. Ele teve, por exemplo, na transição para a idade adulta, duas ou três namoradas, que sintetizamos numa personagem. Não diria que o Renato era um homossexual, era uma pessoa em busca da verdade sexual dele. O Dado (Villa-Lobos) e o (Marcelo) Bonfá me disseram que ficaram surpresos quando o Renato declarou publicamente que era homossexual. Não sei se era homossexual, era um menino que gostava de meninos.

Pergunta – O que levou você a filmar Somos Tão Jovens?
Fontoura –
Uma vantagem que tive foi não conhecer o Renato Russo. Este filme surgiu para mim, nunca pensei em fazê-lo. Estava filmando Gatão de Meia Idade, fugi um dia do set e encontrei na rua o produtor Luis Fernando Borges, um amigo antigo. Ele me disse que era o melhor amigo do Renato no Rio e que tinha conseguido autorização da família para fazer um filme sobre ele. Pensei: "Não quero fazer um filme triste, sobre um cara doente. Não queria fazer um roqueiro doido, não queria Cazuza". Queria fazer um filme jovem. Dona Carminha, mãe do Renato, me disse: "Meu filho, só não me faça um filme sobre roqueiro homossexual drogado que morre de Aids. Esse filme já existe, se chama Cazuza".

Assista ao trailer de Somos Tão Jovens




Pergunta – Nos cartazes do filme, os letreiros asseguram: "Thiago Mendonça é Renato Russo".
Fontoura –
Durante o filme, o Thiago era mesmo o Renato Russo. Nunca chamei ele na filmagem de Thiago, só de Renato. Não era um cultor da Legião, encontrei Renato apenas uma vez, durante um brunch na casa da Denise Bandeira (atriz). O meu Renato Russo então veio por meio do Thiago, aprendi a amá-lo por causa dele.

Pergunta – Como foi o trabalho de Carlos Trilha na música do filme?
Fontoura –
A primeira pessoa que procurei para fazer a música foi o Dado, mas ele me disse que quem tinha que fazer a música era o Trilha. Ele disse, então, que uma coisa que o incomodava nesses filmes musicais é que o guitarrista não sabe pegar uma guitarra, o baixista não sabe pegar um baixo. Daí o Trilha falou que a solução era os atores tocarem de verdade durante a filmagem. Perguntei: "Mas eles têm que tocar tão bem quanto os músicos?". E ele respondeu: "Não, tão mal quanto eles"(risos).

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Pergunta – Que público você imagina que irá ao cinema ver Somos Tão Jovens?
Fontoura –
O público do Renato hoje não é o que vocês pensam. O público dele tem de 14 a 25 anos, além, claro, daqueles que gostavam na época. E não é público da Legião, não, é do Renato. Não sei se vocês perceberam, mas o filme é feito de uma forma muito jovem. Queria me sentir jovem, como o Renato se sentia e como o público dele hoje se sente. 

SEGUNDO CADERNO
Imagem Filmes / Divulgação

Os atores tocaram ao vivo nas filmagens de Somos Tão Jovens
Foto:  Imagem Filmes  /  Divulgação


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