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Itapema FM  | 01/05/2013 19h27min

Vincent Cassel, astro de "Em Transe": "Nunca gostei do papel de bonzinho"

Ator francês interpreta um ladrão de quadros no filme que estreia nesta sexta em Porto Alegre

Roger Lerina  |  roger.lerina@zerohora.com.br

Zero Hora – Como você se prepara para um personagem?

Cassel – Não tenho um jeito particular. Varia de papel para papel. No caso desse filme em particular, não fiz pesquisa para ser um gângster porque eu já havia interpretado um tipo assim. Desta vez, quis fazer um cara mais normal, um homem de negócios. Ele não tem um jeito de falar malandro, ou algum estilo de roupa específico. É uma pessoa normal, mas que faz coisas que não são legais. O interessante do papel é que o personagem descobre as coisas no filme na mesma velocidade do que o público.

ZH – Você não teme ser rotulado como um tipo de ator que só faz papel de vilão?

Cassel – Eu comecei a trabalhar no mercado de cinema internacional com um filme chamado O Ódio (policial de 1995, dirigido por Mathieu Kassovitz), em que já fazia um papel assim. Nunca gostei do papel de bonzinho, para ser sincero (risos). Eu sou mais interessado naqueles personagens que têm um lado obscuro, sujo, que têm medo, que têm que mentir. Porque acho que é a coisa mais verdadeira. Quando estou olhando as pessoas na minha vida, elas são complexas. Não tem coisas simples. Eu acho que a gente chama de vilão num filme os papéis que são os mais interessantes. Quando eu era jovem, gostava de ver os filmes do Scorsese, de Coppola, de Fellini. Na verdade, ninguém escolheu esses personagens para mim, foi tudo culpa minha (risos).

ZH – O que é fundamental para se decidir por um projeto?

Cassel – Mais do que tudo, o diretor. Com um diretor bom e um roteiro ruim, dá para fazer um filme bom. Mas não dá para fazer um filme bom com um diretor ruim e um roteiro bom. Já experimentei os dois, por isso posso te dar certeza (risos).

ZH – O que tanto atrai você no Brasil?

Cassel – Olha, posso te dar um monte de razões diferentes. Mas, quando você ama alguém ou alguma coisa, não há razão nenhuma. É uma coisa de coração. Sempre gostei daqui. Desde a primeira vez que vim aqui, eu queria morar por aqui. Não sei se tem algo a ver com minha vida passada. Minha primeira vez foi em 1989, antes da eleição do Collor. Cheguei e já era melhor do que esperava. Eu gosto muito da qualidade de vida, das pessoas, da alegria. Gosto desse choque cultural que cria uma poesia incrível neste país.

ZH – Quais são seus próximos projetos de cinema aqui?

Cassel – Bom, tenho três projetos. Tem um para o qual eu já disse sim, então posso falar. É o próximo filme do Cacá Diegues (O Grande Circo Místico). Tem ainda essas duas outras possibilidades que espero que aconteçam. Gosto de trabalhar fora, mas, agora que estou morando aqui, gosto muito dessa ideia de entrar mais na sociedade brasileira. Meu intuito com o cinema é fazer filmes que vão ficar. Não fazer filmes comerciais, de merda. Sigo o meu gosto, não o gosto dos outros. Por exemplo, nunca trabalhei em Hollywood, em estúdios. O cinema americano não é só isso. Fiz Cisne Negro, do Darren Aronofsky, um filme totalmente independente. O Cronenberg não é americano. Ele faz filmes que não fazem muito dinheiro. O Danny Boyle é inglês. Soderbergh faz filmes com George Clooney e Brad Pitt, mas é um caso particular. Ele dirige, faz o roteiro, tem o corte final.

SEGUNDO CADERNO
Fox Film / Divulgação

No filme "Em Transe", que estreia nesta sexta em Porto Alegre, o ator francês Vincent Cassel interpreta um ladrão de quadros
Foto:  Fox Film  /  Divulgação


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