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Itapema FM  | 29/04/2013 14h28min

Longas de sucesso alavancam a venda de obras e chamam a atenção do mercado editorial

O cinema passou a influenciar a literatura e não apenas ser influenciado por ela

Roberta Ávila  |  roberta.avila@diario.com.br

Desde seu surgimento, o cinema é pautado pela literatura. Muitos dos melhores filmes da história tiveram o roteiro baseado em um livro. Mas agora é a vez do cinema pautar a literatura. Longas de sucesso alavancam a venda de obras e fazem com que o mercado editorial fique atento às movimentações no setor e use as histórias em cartaz para fazer o espectador ler.

No meio editorial, o fenômeno Harry Potter pode ser considerado um marco. O sucesso dos livros e filmes abriu os olhos do mercado para o potencial da parceria e para o fato de as duas plataformas terem uma força de vendas parecida. Segundo dados da Warner, os oito longas da série arrecadaram mais de US$ 7 bilhões. Os sete livros já venderam mais de 450 milhões de cópias no mundo todo e foram traduzidos para 70 idiomas. O site Statistic Brain estima que isso tenha rendido pelo menos outros US$ 7 bilhões, que fizeram de J.K. Rowling a primeira escritora bilionária. Os números são extraordinários não só pelo volume, mas também pela semelhança.

Para a editora Rocco, algumas vezes o filme pode fazer livros que nem venderam tanto assim se tornarem best sellers. Um exemplo é o romance juvenil cult As Vantagens de Ser Invisível, que chegou aos cinemas em 2012 e catapultou as vendas do livro homônimo, lançado em 2007 sem maiores expectativas. O blockbuster Jogos Vorazes também elevou significativamente a visibilidade e as vendas da trilogia de Suzanne Collins, lançada no Brasil pela editora dois anos antes de estourar nas telas.

 

Esse potencial de vendas agregado pelo cinema interfere tanto na organização das livrarias quanto na estratégia de marketing das editoras.

Confira os pontos de vista de representantes de livrarias e editoras a respeito da relação entre as duas indústrias

Em geral, se coloca na livraria assuntos que podem interessar em função da idade ou do gosto. Por exemplo, ficam separados por categoria livros infantis, lançamentos, populares e acadêmicos. Os que inspiram filmes fazem muito sucesso. Às vezes, eles só vão para a vitrina depois da exibição nos cinemas. Mas tem livro que já fazia sucesso antes de virar filme e continua fazendo depois.

Leonardo Silas da Silva, vendedor da Livraria Livros e Livros

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Cinema e literatura sempre dialogaram. Após o fenômeno Harry Potter, essa relação se intensificou e se nota que muitos livros, especialmente no concorrido e milionário segmento jovem, já nascem com um pé na telona. É fato que um filme bem realizado é capaz de impulsionar a carreira de um livro, portanto, a possibilidade de uma adaptação para o cinema é um fator que vem sendo considerado pela maioria das editoras no momento de fazer suas escolhas. Em geral, disponibilizamos exemplares para o trabalho de divulgação e realizamos ações em conjunto como sorteios e concursos culturais, além de ações nas redes sociais. Em alguns casos, conseguimos fechar pré-estreias especiais para livreiros e blogueiros parceiros da editora.

Adriana Sardinha, assessoria de imprensa da Rocco

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É preciso ter variedade na vitrina. A Nobel se divide em duas, com a porta no meio. Procuramos expor lá novidades e coisas grandes, que chamem a atenção de quem passa. Colocamos livros de fotografia e artes, por exemplo, porque não dá para colocar só romance ou livros pequenos. Existe uma ligação forte entre a venda dos livros e o fato de eles inspirarem filmes. É uma prática das editoras mudar a capa depois que o longa sai e colocar uma imagem no livro. Isso alavanca as vendas porque a pessoa que viu o filme reconhece a imagem. Só o fato de ele estar em cartaz já aumenta a procura. É uma tendência grande também para os filmes infantis que lançam às vezes mais de um produto. Tem o livro com a história do filme e tem também som, 3D, produtos interativos e alternativos.

Luiz Magni, proprietário da Livraria Nobel do Floripa Shopping

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Organizamos a loja de acordo com instruções que vêm da matriz. Eventualmente juntamos em uma mesa produtos relacionados a filmes que estão em cartaz. Não é praxe, algo que tenhamos sempre na loja, mas é uma resposta a uma demanda do mercado. Eventualmente, o público se direciona para um certo tipo de livro e nós respondemos a isso. Quando acontece o Oscar, por exemplo, ou mesmo quando um filme vai entrar em cartaz, isso dá um impulso na venda de produtos relacionados e nossa intenção é facilitar a vida do cliente. A venda aumenta em função da exposição.

Marina Batista, gerente da Saraiva Mega Store do Shopping Iguatemi

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O filme provoca um incremento de vendas quando é intensamente divulgado, ou seja, os blockbusters arrastam o livro no seu sucesso. Em suma, com filme ou sem filme, o que alavanca é a mídia, seja livro, escândalo, matérias em jornais ou revistas de alta circulação. Algumas distribuidoras cinematográficas têm mais sensibilidade e entendem que o livro é, também, um suporte importante na divulgação do filme e vice-versa. Assim facilitam o acesso a imagens do longa para que possamos colocar nas capas dos livros. Outras não têm esta sensibilidade e dificultam o nosso trabalho. Aí, simplesmente ignoramos as imagens e vendemos o livro do mesmo jeito.

Ivan Pinheiro Machado, editor da L&PM

DIÁRIO CATARINENSE
Divulgação / Divulgação

Saga Harry Potter é o maior exemplo do potencial da parceria entre filmes e livros
Foto:  Divulgação  /  Divulgação


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