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Itapema FM  | 27/04/2013 09h02min

Designer catarinense Jader Almeida coleciona premiações e reconhecimento vindos dos quatro cantos do mundo

A trajetória profissional começa ainda na adolescência em Chapecó, Oeste do Estado

Cristiano Santos  |  reportagem@diario.com.br

A racionalidade é a principal referência das criações do arquiteto e designer Jader Almeida. Mesas, cadeiras, cabideiros, porta guarda- chuvas, bancos e tantos outros objetos surgem com uma única intenção: atender às pessoas. Aos 32 anos, o catarinense figura como um dos nomes mais fortes desse setor no Brasil. É a nossa maior exportação nesse sentido. Com uma década de carreira, o rapaz loiro de voz firme coleciona premiações e reconhecimento vindos de diferentes cantos do mundo.

Sua trajetória profissional começa ainda na adolescência em Chapecó, no Oeste do Estado, onde nasceu e viveu até recentemente. Quando criança, além da escola, fazia aulas de judô, música e desenho. E os escoteiros aos sábados. Ficar parado nunca esteve e não está nos planos de Jader. 

- Aos 14 anos, comecei a fazer a escola técnica do Senai. O primeiro curso que fiz foi de elétrica predial, depois desenho mecânico. Sempre fui atraído por questões técnicas, do funcionamento das coisas. Quando eu recebia um cartão musical, por exemplo, desmontava inteiro - revela.

Tanta curiosidade e empenho em buscar respostas, reconhecidos mais tarde como a grande base de sua formação intelectual, o levaram a trabalhar com um primo em uma fábrica de móveis. Com conceitos avançados para uma empresa na época, viu um novo mundo se abrir. O currículo surpreendente para a idade - eletricista predial, lembram? - garantiu circulação por vários setores. Descortinou etapas desde a compra da matéria- prima, do fornecimento até o desenvolvimento e o transporte. 

- Eu comecei primeiro na parte técnica, dentro do trabalho, deste desenvolvimento todo e depois veio a lapidação estética, a faculdade de Arquitetura, os cursos, as viagens, as exposições.

Traço nórdico
Ainda na fábrica, algumas das primeiras criações, originadas a partir de uma extensa pesquisa sobre o design escandinavo e o setor no Brasil dos anos 1950, chamaram a atenção da LinBrasil, empresa que edita a linha de mobiliário do designer Sergio Rodrigues, referência mundial. Foi contratado para a parte técnica. Mais uma vez, viu de perto todos os processos de produção.

Já conhecia o trabalho de Rodrigues, mas a fuga do óbvio, tão defendida pelo carioca, deu um start. Praticamente um curso inteiro em poucas palavras e atitudes. 

- Aí, começo a entender um desenho, as primeiras ideias talvez sejam óbvias, mas elas precisam ser depuradas, sofisticadas. É o trabalho do amadurecimento da ideia. Às vezes, é aquele detalhe quase imperceptível, sutil, que inconscientemente faz toda a diferença para a pessoa. Isso vai definir a compra ou não.

Depois dessa espécie de clique, Jader Almeida começou a formar sua visão estética do mundo. 

- Isso me proporcionou encontros com muitas pessoas bacanas. Foi uma formação paralela, talvez a mais rica de todas, dando aquele recorte que precisava. Eu tenho o meu filtro cultural, as minhas percepções, o que eu gosto ou não gosto. Tudo isso, agregado a outras experiências, veio formando uma amálgama muito significativa. A essência do meu trabalho - confirma.

Parceria no Oeste catarinense
Sem precisar deixar o Oeste catarinense rumo aos grandes centros, Jader firmou parceria com a Sollos, empresa especializada há mais de 20 anos na manufatura da madeira, com unidades em Chapecó e Princesa. Desse encontro, nasceram produtos premiados no Brasil e no exterior. Nos últimos cinco anos foram 21 conquistas, entre menções honrosas e internacionais. Começou em 2008, quando a cadeira Bossa levou o prêmio máximo do Museu da Casa Brasileira, sendo incluída no acervo da exposição. Um ano depois, a peça ganhou o Salão Design Casa Brasil na linha das madeiras alternativas. Desde então, seu nome não sai das listas de premiações. 

- Se eu agrado tanto às pessoas do Brasil, Estados Unidos, Europa e Ásia, o meu produto está alinhado para servir às pessoas. Meu produto, que é o desenho industrial, é para servir às pessoas. Não é a obra de arte que é só para a apreciação. É para o uso do dia a dia.

Jader, quase sempre vestido com roupas pretas, sabe também que em algum momento jornalistas fazem perguntas parecidas, quase que repetitivas. 

- Quando perguntam sobre a minha fonte de inspiração, digo que estou desenhando o tempo todo, todo o tempo. Esta conversa está fazendo parte de uma construção futura. Este pequeno exercício, em algum momento, vai construir uma mínima parte do que vou fazer. Esse cotidiano diário de busca que nos leva aos resultados - esclarece.

Então vamos falar das preferências. O minimalismo do papa da discrição, o arquiteto britânico John Pawson, está entre suas citações. Quando fala de música, define- se um filho do rock, do heavy metal. Mas tem escutado um pouco de bossa nova, de Gotan Project e Saint Germain de Prés. Mas nada estático. Quando fala das artes plásticas, considera- se um iniciante, um descobrir dos sete mares da história e dos nomes da arte contemporânea brasileira. Adriana Varejão e Helio Oiticica estão no foco. Curte Hans Ruedi Giger, criador do aterrorizante Alien. Acabou de comprar todas as temporadas da série de tevê Mad Men. Já tinha visto um ou outro episódio, mas agora quer ir direto nos detalhes.

No próximo mês, inaugura em Florianópolis o showroom da marca Jader Almeida. Reformou uma casa na Trindade para instalar a equipe, receber os clientes e expor as mais de 80 criações. Poderia ter ido para São Paulo ou Rio de Janeiro, lugares que receberam muito bem o seu design. Por enquanto, quer ficar na Ilha. Daqui, parte para as feiras em Milão, Londres ou Nova York. No mês passado, reuniu jornalistas e profissionais da área em uma casa nos Jardins, na capital paulista, para apresentar a coleção 2013. Mais uma vez, a racionalidade de seus móveis foi vista, elogiada e reverberada nas principais publicações de design e arquitetura. 

- A racionalidade resume e traduz muito do meu trabalho, da minha percepção estética do mundo. Quando falo racionalidade é não ter o supérfluo. Racional do ponto de vista que é muito mais fácil - encerra.

DIÁRIO CATARINENSE
Ricardo Wolffenbüttel / Agencia RBS

Objetos surgem com uma única intenção: atender às pessoas
Foto:  Ricardo Wolffenbüttel  /  Agencia RBS


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