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Itapema FM  | 11/04/2013 18h26min

Marina Lima: "A depressão foi um divisor de águas para mim"

Aos 57 anos, cantora e compositora faz show em Florianópolis neste sábado

Fernanda Oliveira  |  fernanda.oliveira@diario.com.br

A cantora Marina Lima volta a Florianópolis depois de quatro anos para um show que ela chama de raçudo, quase maldito, na Célula Showcase. Mas, fora as letras que marcaram o público e sua carreira - as de Fullgás, O Chamado, Pra Começar e À Francesa estão entre as principais -, tudo mudou.

A menina do Rio hoje mora em São Paulo, a música deixou de ser seu único foco e até a voz está diferente — o motivo seria um procedimento médico malsucedido na garganta, ainda na década de 1990.

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Em entrevista ao Diário Catarinense, por telefone, a cantora e compositora de 57 anos diz que até hoje não se acostumou a subir no palco e elogiou a cantora Daniela Mercury por anunciar publicamente sua relação com uma mulher.

No show do próximo sábado, você canta sucessos da carreira ou o foco é seu último álbum, Clímax?
Marina Lima — Este show vai ser em um clube, né? Clube eu quero dizer casa noturna, não um teatro. Como é um local onde se dança, com outro tipo de energia, o show tem que ser um pouco diferente. Serão três músicas mais agitadas do CD mais recente e, no restante, vou pinçar canções dos meus outros discos. São 20 CDs, é um repertório enorme. Vou escolher algumas que acho bacana tocar em um lugar assim e é claro que não podem faltar alguns sucessos, senão as pessoas acham que é má vontade (risos). Tem que tocar.

Por que show em teatro é diferente de show em casa noturna?
Marina — Shows em casas noturnas são mais... eu não diria malditos, porque essa palavra é forte, mas são mais raçudos no sentido de que importa muito a conexão com o público. Sou capaz de trocar uma música na hora, se sentir que não vale a pena.

Você está morando em São Paulo há três anos. Essa mudança do Rio fez você descobrir novas coisas na música?
Marina — Logo que mudei pra cá, compus o disco Clímax. São Paulo me possibilita estar em contato com um monte de coisas diferentes. Mas, depois desse disco, comecei a escrever e inclusive lancei o livro (Maneira de Ser, ed. Língua Geral, 232p.). Me afastei um pouco da música, estou há um ano e meio escrevendo sem melodia. A cidade me trouxe várias janelas, não só musicalmente. Comecei a fazer outras coisas, como escrever no site (asmeninasonline.com), então, diversifiquei a minha atenção e o meu olhar. Isso, sem dúvida, São Paulo me trouxe.

Aproveitando que você falou do livro, a impressão que dá nos textos é de que você tem muita convicção das pessoas e das coisas importantes da sua vida. Você sempre teve essa noção ou o fato de escrever a fez tomar uma consciência maior?
Marina — Escrever é um outro exercício. É traduzir para todo mundo o que está se passando com você. Essas coisas se passaram dentro de mim. Mas organizar e contar me trouxe um barato de ser bem clara, bem específica em relação a isso, pra não haver engano com o que está sendo dito. Essas coisas eu não descobri ao escrever. Eu escrevi porque tinha que falar sobre elas, é o contrário. Foram elas que me impulsionaram a achar que eu tinha realmente o que falar.

E você ficou contente com o resultado final do livro?
Marina — Fiquei, é o primeiro livro que faço. Não queria que fosse uma autobiografia, mas pretendia dizer para as pessoas que me conhecem, ou não, um pouco quais são as bases das coisas que me tornaram o que eu sou até agora. Queria falar daquilo que é importante pra mim, das coisas com as quais convivo pra tentar levar meu projeto de vida adiante. O livro era muito para revelar isso e acho que ele cumpriu bem. Olho para ele e me reconheço.

Em uma passagem, o Alvim L. diz que acha que você é como ele: que não gosta de estar no palco, prefere só fazer o disco. É verdade?
Marina — Tenho um talento muito mais auditivo do que visual e reconheço claramente isso. Então, a música é quase inerente. Subir no palco e contar isso já é um outro movimento. Tem o público, a expectativa, a relação entre palco e plateia, é diferente. Não é que eu não goste, mas isso requer um outro tipo de comportamento e até de esforço. Não é o mais fácil pra mim. O mais fácil sou eu, aqui, com o violão, o computador e meus teclados, fazendo arranjos ou escrevendo letra. O palco não é isso, é outro tipo de demanda. De qualquer maneira, o palco já o coloca num outro andar. É uma relação entre alguém que tem o que dizer e o público como ouvinte. É muito importante, pra mim, fazer o show fluir. Mas tem o público, que é ao vivo, que interfere. E é importante. Não é que eu precise facilitar nada, mas tenho que dar meu melhor ao vivo. É diferente de compor. Compor é um processo longo, posso demorar dois anos pra fazer um disco. Diferente de aqui e agora.

O fato de você ter declarado com todas as letras que teve uma depressão - e de ter interrompido durante algum tempo o seu trabalho - criou uma espécie de divisor de águas para o público. A impressão é de que as pessoas se sentem livres para comparar um antes e um depois na Marina.
Marina — Pra mim também foi um divisor de águas. Foi uma experiência muito rica e o que eu sou agora também se deve muito àquilo. Só que eu acho que as pessoas têm que parar de procurar os grilos, os problemas e tentar realmente ver o que as toca ou não. O que pode servir a elas, o que elas podem gostar ou não. De grilo e problema o mundo tá cheio. Quando você tem um trabalho artístico feito com competência, com amor, com desejo de compartilhar, acho que o importante seria olhar para outras coisas.

Há um comentário seu, no livro, sobre a Daniela Mercury ter aberto caminho para o axé fora do Nordeste. E, agora, na última semana, ela virou notícia e ajudou a abrir um outro caminho, ao assumir seu relacionamento com uma mulher.
Marina — Acho que a Daniela teve um timing excelente. Foi num momento muito oportuno para o Brasil, diante de tantas afirmações retrógradas que a gente vinha ouvindo no último mês e pouco. O timing dela foi perfeito, ela foi ótima, acho que o Brasil de forma geral e a imprensa reagiram muito bem. Foi muito legal.

Agende-se
O quê: show com Marina Lima e banda
Quando: sábado, 13 de abril, às 21h
Onde: Célula Show Case (Rod. SC 401, 75, bairro João Paulo, Florianópolis)
Quanto: R$ 100 (inteira) e R$ 60 (clube do assinante)
Ingressos à venda no site Blueticket.

DIÁRIO CATARINENSE
Beti Niemeyer / Divulgação

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Foto:  Beti Niemeyer  /  Divulgação


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