A Hora Mais Escura é um filme que já começa com o final anunciado. Sendo uma história baseada em fatos reais sobre a captura de Osama Bin Laden, todos nós sabemos como ela termina. Não é esse desfecho que interessa, portanto, mas a maneira como isso acontece.

Mostrando a atividade dos agentes da CIA em países como o Afeganistão, o filme mostra como essas pessoas estão restritas e isoladas, talvez tanto quanto os terroristas. Elas não podem sair para comer em um restaurante porque não sabem se vão ser sequestradas ou sofrer um atentado. A cor da pele as denuncia. São prisioneiras por vontade própria.

É através da interpretação de Jessica Chastain que percebemos boa parte dessas questões. Ela encarna o desamparo dos agentes diante dos ataques que se espalham pelo mundo e que para ela são falhas pessoais.

As pessoas comuns podem pensar que a CIA e sabe-se lá mais quem está lutando para conter o terrorismo, mas e a CIA? Quem os protege? Eles sabem quando estão falhando e sabem que não ha ninguém além deles tentando resolver a questão.

A interpretação de Chastain é boa, mas ela não tem chance de levar o Oscar de Melhor Atriz. Às vezes parece que falta um pouco de energia à personagem.

Spoiler - vou citar um trecho do final do filme daqui para a frente!

No final do filme ela passa a impressão de que é uma pessoa que não tem vida, apenas trabalho, e que depois de realizar a tarefa pela qual ele lutou durante tantos anos, não resta nada a ela. Mesmo o sucesso da operação parece esvaziar a existência dela. Será que todos os agentes da CIA são assim, workaholics? Será que seria possível serem agentes da CIA se não vivessem com exclusividade para isso?

As cenas de tortura, que geraram reações dos militares, negando as práticas retratadas no vídeo, são muito intensas, chocantes. Também fica claro no vídeo como Obama coibiu a tortura, que era usada abertamente no governo Bush.

A Hora Mais Escura é um bom filme, mas outros concorrentes a Melhor Filme são mais completos. Parece que existe uma tendência do Oscar de indicar e premiar filmes sobre a história e política dos Estados Unidos. Isso beneficiou também o outro filme da diretora Kathryn Bigelow, Guerra ao Terror, Melhor Filme de 2009.